Especial: Análise das Mudanças na Reforma do Setor Elétrico de 2025 e seus Impactos para Microgeradores Industriais e Residenciais
- EnergyChannel Brasil
- 9 de mai.
- 3 min de leitura
O cenário energético brasileiro passa por uma transformação significativa com a proposta de reforma do setor elétrico para 2025, que já provoca debates intensos entre especialistas, associações e consumidores. Em destaque, uma análise detalhada feita pelo presidente da Coalizão das Frentes Estaduais de Microgeração Distribuída (MGD), Hewerton Martins, aponta riscos e preocupações que podem afetar de forma direta os consumidores de microgeração, especialmente os residenciais do Grupo B, que atendem as unidades em baixa tensão (até 75 kW).

Pontos críticos na proposta de reforma
Fim dos descontos na TUSD para consumidores de baixa tensão
Um dos principais alertas refere-se à determinação de que os consumidores atendidos em tensões abaixo de 2,3 kV não terão mais direito a descontos na Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). Segundo o documento, essa mudança eliminará um incentivo financeiro fundamental para quem investiu em microgeração. Na prática, aumentará o custo de energia injetada na rede, reduzindo a atratividade do modelo de geração distribuída — mesmo para aqueles que possuem direitos adquiridos, com previsão de vigência até 2045, previstos na Lei 14.300/2022.
Tal alteração, se aprovada sem medidas compensatórias ou regulamentações específicas, pode conflitar com os direitos já estabelecidos por lei, levando a uma potencial judicialização para garantir o respeito ao direito adquirido.
Abertura do Mercado Livre para baixa tensão
Outra mudança relevante diz respeito à abertura do mercado de energia livre para consumidores com tensão inferior a 2,3 kV, prevista inicialmente para 2027 para setores industriais e comerciais, e em 2028 para os demais consumidores. Embora apresente possibilidades de aumento de opções, há preocupação de que essa mudança enfraqueça o incentivo à microgeração, já que consumidores poderão optar por tarifar a energia no mercado regulado ou na contratação direta de comercializadoras, descartando o investimento na própria geração. Assim, a iniciativa pode, na prática, diminuir a competitividade e o valor econômico dos sistemas de microgeração no curto prazo.
Encargo de sobrecontratação socializado
O texto propõe que os custos de sobrecontratação ou de exposição involuntária das distribuidoras sejam rateados entre todos os consumidores por meio de encargo tarifário. Apesar de parecer uma solução justa em teoria, há dúvidas sobre o impacto real dessa medida, que pode resultar em aumento de custos indiretos, afetando também os microgeradores, sem a garantia de isenção ou benefício justificável para esse segmento.
Tarifas multipartes e uso da rede
A implementação de tarifas baseado em múltiplas parcelas — cobrando, além do consumo, uma tarifa de capacidade ou disponibilidade — também foi destacada como uma preocupação. Essa medida reduz o potencial de economia para os consumidores que geram sua própria energia, pois continuariam pagando pelos custos de infraestrutura mesmo sem retirar energia da rede, o que contradiz, ao menos em tese, os princípios de proporcionalidade previstos na legislação vigente para a microgeração.
Impactos gerais: o que esperar?

Recomendações e próximos passos
Diante desse cenário, Hewerton Martins recomenda atenção redobrada aos desdobramentos regulatórios, que serão definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME). É fundamental atuar por meio das associações de microgeradores para pressionar por salvaguardas que preservem os direitos e incentivos do segmento, além de analisar detalhes contratuais e pareceres jurídicos já emitidos para garantir a manutenção dos direitos adquiridos até 2045, conforme previsto na Lei 14.300/2022.

Comentário final
O presidente da Coalizão reforça a necessidade de uma leitura atenta e de uma atuação coordenada para evitar que as mudanças propostas possam prejudicar o crescimento sustentável da microgeração no Brasil, garantindo o fortalecimento de um setor que é estratégico para a descentralização e democratização da energia.
Quer saber mais sobre as possibilidades de atuação nesse cenário ou sobre atualizações regulação, fique ligado ao EnergyChannel.
Especial: Análise das Mudanças na Reforma do Setor Elétrico de 2025 e seus Impactos para Microgeradores Industriais e Residenciais
Bom parabéns pelo artigo
Infelizmente esse é o Brasil do atraso, tudo que funciona bem o governo faz questão de destruir, continuemos atentos.
👏👏👏👏👏
O mercado tem que ser sempre favorável para os pequenos gerarem nos seus telhados, e não o contrário os grandes monopolizarem o mercado.
Muito bom, boa tarde a todos e ótima sexta, vamos acompanhar os desdobramentos.