Panorama do Desenvolvimento de Energias Renováveis na América do Sul: Motores Políticos, Avanços Tecnológicos e Colaboração China-América Latina (2025)
- Jack zhang
- há 4 dias
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I. Panorama de Mercado: A América do Sul como “Laboratório Global da Transição Energética”

A América do Sul está remodelando o cenário energético global em um ritmo surpreendente. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a participação das energias renováveis na geração elétrica da região já alcançou 60% — muito acima da média global (~30%) — sendo 45% provenientes da hidreletricidade, enquanto a energia solar e eólica crescem rapidamente.Principais destaques por país:
Brasil: As fontes renováveis representam 93,1% de sua matriz elétrica (2023), lideradas pela hidreletricidade (60%), com crescimento de 39,51% na capacidade solar e 47,65% na eólica.
Chile: As energias limpas respondem por 63% de sua matriz (2023), enquanto a dependência do carvão caiu para 17%. Mais de 20 projetos solares de grande escala estão em análise ambiental, totalizando mais de US$ 2 bilhões em investimentos.
Colômbia: A hidreletricidade domina (70%), mas a capacidade solar cresceu 70% em 2023, com meta de instalar 1,24 GW adicionais em 2024.
Tendências Estruturais:Os combustíveis fósseis representam cerca de 2/3 da matriz energética sul-americana (abaixo da média global de 80%), e os biocombustíveis têm o dobro da participação média global no transporte — evidenciando um caminho “multilimpas”.
Até 2034, estima-se que a região adicionará 160 GW em capacidade solar, com Brasil e Chile à frente, e a geração distribuída combinada com armazenamento se tornando prática comum.
II. Forças Motrizes: Políticas, Recursos e Sinergia Econômica
Estruturas de Política
Metas de Neutralidade de Carbono:
Chile: meta de emissão líquida zero até 2050
Brasil: Plano Nacional de Hidrogênio (2023–2025)
Colômbia: plano de “Transição Energética Justa”
Mecanismos de Mercado:
Argentina: PPAs vinculados ao dólar
Brasil: leilões de armazenamento de energia (meta de 4,6 GW até 2025)
Chile: cotas obrigatórias de armazenamento
Incentivos Financeiros:
O Fundo Climático do Brasil reduz taxas de financiamento eólico de 8% para 6,5%
O Chile oferece créditos fiscais para iniciativas de hidrogênio verde
Vantagens de Recursos
Solar:O Deserto do Atacama, no Chile (radiação anual de 2.600 kWh/m²), abriga projetos como o Atacama 1, que integra 1.530 MW de armazenamento.
Hidrelétrica:O potencial da Bacia Amazônica supera 200 GW, apoiando a expansão da Usina de Itaipu, no Brasil, com aumento de 10% de capacidade por meio de bombeamento reverso.
Segurança Econômica
Independência Energética:O Chile pretende substituir 30% das importações de combustíveis fósseis por hidrogênio verde, enquanto o projeto HVDC do Nordeste do Brasil leva energia a 12 milhões de pessoas.
Retorno sobre o Investimento (ROI):Cada US$ 1 investido em renováveis gera de US$ 3 a 8 em crescimento do PIB. Projetos solares no Peru têm alcançado IRR de 12% a 15%.
III. Inovações Tecnológicas: Da Energia Solar em Altas Altitudes aos Avanços no Hidrogênio
Integração Solar-Eólica-Armazenamento
Projeto HVDC KILO (Chile): linha de transmissão de 1.350 km conecta fazendas solares do Atacama a Santiago, com perdas inferiores a 5%.
El Escobal Solar (Colômbia): usina de 200 MW combina agricultura e fotovoltaica, aumentando a eficiência do uso da terra em 40%.
Energia Eólica em Condições Extremas
Complexo Eólico Villonaco (Equador): utiliza turbinas customizadas para minimizar a perda de eficiência (<5%) em altitudes elevadas.
Cluster Eólico Helios (Argentina): 680 MW com turbinas Goldwind de 4,5 MW, capacitando comunidades locais e gerando empregos.
Hidrogênio Verde e Sinergia com o Lítio
Projeto-piloto de Hidrogênio Verde do Chile (4,5 toneladas/ano, lançamento em 2025): alimentado por 360 MW de energia solar dedicada para exportação de amônia.
Bolívia: a industrialização do lítio, apoiada por tecnologia chinesa de separação por membranas, aumenta a eficiência de extração em 40%.
IV. O Papel da China: Exportação de Tecnologia e Colaboração Localizada
Projetos Emblemáticos
Parque Solar Caucharí (Argentina, 315 MW): construído pela PowerChina, define novos padrões técnicos com painéis bifaciais e rastreamento inteligente.
Corredor HVDC do Nordeste (Brasil): sistema de transmissão de ±800 kV da State Grid integra clusters de energia eólica, solar e hidrelétrica.
Modelos de Parceria
Customização Tecnológica: turbinas de alta altitude da Goldwind (Equador) e sistemas de baterias adaptados ao clima tropical da CATL (Brasil).
Finanças Verdes: o Banco de Desenvolvimento da China criou um empréstimo especial de US$ 5 bilhões, com juros 1,5–2% abaixo da média de mercado, para projetos como o HVDC KILO.
V. Desafios e Perspectivas Futuras
Principais Gargalos
Limitações de Rede: o norte do Chile enfrenta >20% de desperdício solar (curtailment); o Brasil precisa de US$ 11 bilhões em modernização de rede.
Riscos Financeiros: a volatilidade do peso argentino afeta o IRR dos projetos em até ±3%, e mudanças regulatórias no Peru reduzem a confiança de investidores estrangeiros.
Oportunidades Estratégicas
Hidrogênio Verde: o Brasil pretende liderar as exportações de hidrogênio de baixo carbono até 2030, com investimento de US$ 18,7 bilhões da espanhola Solatio em um hub solar de 11,4 GW.
Interconexão Energética Regional: o projeto de interligação Chile–Argentina busca unificar o mercado elétrico da América Latina.
VI. Conclusão: Um Paradigma de Cooperação Sul-Sul
Até 2050, a América do Sul precisará de US$ 45 bilhões por ano em investimentos em energia renovável. Empresas chinesas já detêm 30% do mercado EPC solar e 25% do eólico.Dos planaltos solares da Argentina aos corredores eólicos do Brasil, a cooperação China–América Latina exemplifica o modelo de “tecnologia, riscos e benefícios compartilhados”, posicionando a região como um ator essencial na descarbonização global.
Referências
Estudos de Cooperação em Energia Verde China–América Latina (2024)
Modelo de Energia Renovável do Uruguai (99,25%) (2024)
Relatórios da IRENA e da IEA sobre a América Latina (2023–2024)
Projetos Hidrelétricos e Eólicos Brasil–China (2021–2024)
Resultados do Fórum de Nova Energia China–LAC (2021)
Iniciativas Conjuntas de Finanças e Tecnologia Verde (2021)
Compromissos Corporativos do Fórum de Energia China–LAC (2021)
Panorama do Desenvolvimento de Energias Renováveis na América do Sul: Motores Políticos, Avanços Tecnológicos e Colaboração China-América Latina (2025)





























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