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A Transição Energética Não Fecha Só na Conta: o Desafio Político por Trás da Liderança Brasileira

A essa altura, já estamos ambientados com a chamada Transição Energética e seus desafios técnico-econômicos. Sabemos falar de eficiência, custos nivelados e emissões evitadas. Sabemos fechar, ao menos no papel, o fluxo de carga e o balanço termodinâmico da transição. O problema é que isso, por si só, já não basta.


A Transição Energética Não Fecha Só na Conta: o Desafio Político por Trás da Liderança Brasileira
A Transição Energética Não Fecha Só na Conta: o Desafio Político por Trás da Liderança Brasileira

A transição energética deixou de ser apenas um exercício de engenharia. Ela se tornou um problema de organização da sociedade, de priorização política e de coerência institucional. É nesse plano mais profundo que o documento “Brazil, World Leader in Energy Transition – The Ministry of Mines and Energy’s public policies to foster the green economy and promote social inclusion (2023–2025), COP30 Edition” deve ser lido.


O relatório projeta um Brasil protagonista, capaz de liderar a transição energética global a partir de uma combinação rara: matriz elétrica majoritariamente renovável, experiência histórica com biocombustíveis, abundância de recursos naturais e posição estratégica na geopolítica dos minerais críticos.


A narrativa é sedutora e não é desprovida de fundamento. Poucos países reúnem, de fato, um conjunto tão amplo de vantagens comparativas no campo energético.


Mas o texto vai além da tecnologia. Ao insistir que a transição não é apenas uma troca de fontes, e sim um novo modelo de desenvolvimento, o documento toca em um ponto crucial. A criação da Política Nacional de Transição Energética (PNTE) e a centralidade dada ao combate à pobreza energética revelam uma tentativa de alinhar descarbonização, crescimento econômico e inclusão social. O plano brasileiro traz algo frequentemente ausente em estratégias mais tecnocráticas observadas no Norte Global.


O portfólio apresentado é amplo: energias renováveis, bioenergia, hidrogênio de baixo carbono, captura de carbono e combustíveis sustentáveis para transporte e aviação.

Leis como a  “Lei do Combustível do Futuro buscam dar previsibilidade ao investimento privado e sinalizar compromisso de longo prazo. No papel, o arranjo parece robusto. O risco, como sempre, não está na ambição, mas na execução.


Talvez o ponto mais revelador do documento esteja na ênfase dada aos minerais críticos. Ao mesmo tempo em que o Brasil se apresenta como potência climática, também se projeta como fornecedor estratégico de insumos fundamentais para a transição global.


Isso abre oportunidades, mas também expõe contradições: como conciliar liderança climática, soberania mineral, proteção ambiental e justiça territorial em um país historicamente marcado por conflitos socioambientais associados à exploração de recursos?


No campo social, o relatório acerta ao recolocar a energia no lugar que ela nunca deveria ter deixado: o de direito básico. Programas voltados ao acesso à eletricidade, ao gás e à redução da pobreza energética reconhecem que não existe transição justa em sistemas que continuam produzindo exclusão. Ainda assim, permanece a pergunta incômoda: 


A expansão acelerada de novas infraestruturas energéticas caminhará no mesmo ritmo da inclusão ou repetirá assimetrias já conhecidas?


O documento do Ministério de Minas e Energia funciona, portanto, menos como um balanço técnico e mais como uma declaração política de intenções. Ele diz ao mundo que o Brasil quer liderar a Transição Energética para o Baixo Carbono.


O desafio real começa agora: transformar potencial em coerência, discurso em governança e planejamento em resultados concretos. Porque, no fim das contas, a transição energética não fracassa quando faltam megawatts, mas quando sobram promessas e faltam estruturas capazes de sustentar, social e politicamente, as mudanças que ela exige.


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