Apenas os mais fortes resistirão: relatório prevê enxurrada de cancelamentos em projetos solares e eólicos nos EUA
- EnergyChannel Brasil

- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Análise aponta que mais da metade dos projetos eólicos onshore e a maioria dos solares podem não sobreviver sem incentivos fiscais

Washington, 30 de julho de 2025
Um novo alerta foi aceso no setor de energias renováveis dos Estados Unidos. Segundo estudo da Enverus Intelligence Research (EIR), grande parte dos projetos solares e eólicos atualmente na fila de desenvolvimento corre sério risco de não sair do papel. O motivo? A retirada dos créditos fiscais federais, que por anos sustentaram a viabilidade econômica de boa parte das iniciativas.
O relatório faz uma avaliação detalhada do impacto do One Big Beautiful Bill Act (OBBBA), legislação que alterou profundamente o arcabouço de incentivos para renováveis no país. A pesquisa indica que apenas 30% da capacidade solar e 57% da capacidade eólica onshore em desenvolvimento seriam viáveis financeiramente mesmo sem os subsídios. O restante está na berlinda.
O que define um projeto “resiliente”?
Para os analistas da EIR, a resiliência de um projeto está ligada ao seu Custo Nivelado de Energia (LCOE, na sigla em inglês) antes dos impostos ser inferior ao preço médio da energia e ao valor dos Créditos de Energia Renovável (REC) em cada mercado regional. Em outras palavras, são projetos que se sustentam mesmo sem apoio estatal.
A realidade, porém, é dura: os três maiores portfólios de energia renovável dos EUA têm menos de 30% de capacidade resiliente em suas filas de projetos, segundo o estudo.
Estados enfrentam realidades contrastantes
A disparidade entre os estados é evidente. Enquanto Califórnia e Arizona têm quase todos os seus projetos solares considerados resilientes, Texas, Illinois e Indiana apresentam índices alarmantemente baixos: apenas 6%, 40% e 41%, respectivamente.
No caso da energia eólica onshore, Montana e Oklahoma lideram em viabilidade, com praticamente todos os projetos dentro do padrão de resiliência estabelecido pelo estudo. Já Iowa, Illinois e Texas mostram uma realidade mais frágil, com boa parte das iniciativas dependendo de incentivos que podem desaparecer.
Nova geografia da energia limpa?
Diante desse cenário, os especialistas preveem uma mudança geográfica no desenvolvimento de projetos renováveis. Estados com metas definidas de energia limpa e apoio político local ativo, como Arizona e Ohio, devem atrair maior volume de investimentos, graças a PPAs mais estáveis e preços mais robustos de REC.
“Estamos assistindo a um realinhamento do mercado. Os projetos que realmente têm base sólida estão em minoria. O foco agora será a seletividade e a viabilidade econômica real, não apenas incentivos”, explicou Corianna Mah, analista da EIR.
Cenário desafia otimismo da transição energética
As conclusões da EIR soam como um balde de água fria no entusiasmo que cercava a transição energética nos Estados Unidos. Apesar do avanço tecnológico e do crescimento do setor, a dependência de subsídios ainda é uma realidade para muitos empreendimentos.
Para desenvolvedores e investidores, o recado é claro: resiliência econômica passou a ser a nova métrica de sucesso no mercado de renováveis.
O EnergyChannel continuará monitorando os impactos da nova política energética dos EUA, trazendo análises e tendências que influenciam o rumo da energia limpa em escala global.
Apenas os mais fortes resistirão: relatório prevê enxurrada de cancelamentos em projetos solares e eólicos nos EUA











Comentários