Armazenamento de energia pode reduzir custos do sistema elétrico brasileiro em até 16% até 2029
- EnergyChannel Brasil
- há 1 dia
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O armazenamento de energia surge como peça-chave para a transição energética do Brasil, apontam especialistas. Um estudo da consultoria PSR indica que tecnologias como baterias de íon-lítio e usinas hidrelétricas reversíveis podem cortar até 16% dos custos médios do sistema elétrico nacional até 2029, enquanto aumentam a confiabilidade da rede e viabilizam uma participação maior de fontes renováveis.

O relatório “Accelerating the Brazilian Energy Transition: Comprehensive Energy Storage Meta-Analysis for Brazil” analisa o papel estratégico dos sistemas de armazenamento (ESS – Energy Storage Systems) na evolução do setor elétrico, destacando barreiras regulatórias e tributárias que ainda limitam investimentos e a necessidade de novas fontes de receita para viabilizar projetos.
Baterias e hidrelétricas reversíveis: soluções complementares
Segundo o estudo, baterias de íon-lítio são ideais para armazenamento de curta duração, até quatro horas, oferecendo soluções modulares e rápidas para equilibrar picos de demanda e curtailment de energia solar e eólica. Por outro lado, usinas hidrelétricas reversíveis permitem armazenamento de longo prazo, aproveitando a geografia brasileira e a experiência consolidada do país em geração hidrelétrica.
Essas tecnologias podem fornecer serviços ancilares essenciais e permitir que o sistema elétrico integre mais energia renovável sem aumentar a dependência de termelétricas a combustíveis fósseis.
“O armazenamento de energia é central para a transição energética no Brasil. Ele reduz custos e amplia a participação de renováveis, mas precisa de regras claras e condições econômicas que incentivem seu desenvolvimento”, afirma Luiz Barroso, CEO da PSR.
Demanda por flexibilidade pode chegar a 58 GW em 2029
O crescimento da geração solar e eólica está transformando a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). A participação das hidrelétricas caiu de 65% em 2014 para menos de 48% em 2025, enquanto a eólica saltou de 2% para 16% e a solar, praticamente ausente há alguns anos, já representa 8% da capacidade centralizada – chegando a 24% quando se incluem micro e minigeradores distribuídos.
Com isso, a rede precisará de maior flexibilidade para responder a variações rápidas na geração renovável. Segundo a PSR, em cenários críticos de 2029, rampas de sete horas poderão demandar até 58 GW de flexibilidade. Sem recursos de resposta rápida, a confiabilidade do sistema pode ficar comprometida.
O estudo mostra que a instalação de 32 GW em baterias de quatro horas poderia reduzir os custos do atendimento à demanda em 13%, enquanto 32 GW de hidrelétricas reversíveis de 100 horas resultariam em uma redução de até 16%. Em comparação, 32 GW de termelétricas flexíveis a gás reduziriam apenas 4,1%.
Barreiras regulatórias e tributárias ainda limitam investimentos
Apesar do potencial técnico, a viabilidade econômica dos ESS enfrenta desafios. A arbitragem de preços, estratégia que permite armazenar energia quando ela está barata e despachá-la quando os preços sobem, ainda não gera receita suficiente. Para ser financeiramente viável, seria necessário um spread diário de US$ 72 a 152/MWh para baterias de quatro horas e US$ 65 a 161/MWh para hidrelétricas reversíveis, enquanto o mercado brasileiro apresenta uma variação média diária de apenas US$ 29/MWh.
Além disso, a tributação elevada sobre baterias em média 76% de aumento de custo frente à geração tradicional e a ausência de um marco regulatório consolidado dificultam a expansão. A Aneel tem desenvolvido um roadmap regulatório com conclusão prevista para 2027, mas lacunas persistem, incluindo regras sobre leilões de capacidade, licenciamento ambiental e integração ampla de tecnologias de armazenamento.
Segundo o estudo, avançar no marco regulatório será crucial, mas medidas complementares serão necessárias para garantir que os ESS possam participar plenamente do mercado elétrico e desbloquear seu potencial técnico e econômico.
Armazenamento de energia pode reduzir custos do sistema elétrico brasileiro em até 16% até 2029
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