Bandeira tarifária Vermelha mais barata em outubro: entenda impactos, cálculos e estratégias de economia
- EnergyChannel Brasil

- 1 de out.
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Por Glauber Cavalcante

Diretor de gestão e inteligência energética na EMANA Energy, com ampla atuação em projetos de eficiência energética, com Benchmark de 12%, voltados à redução de consumo de energia com investimento inicial zero. É doutorando e mestre em Eficiência Energética (Lean Energy) pela Universidade Federal do Ceará (UFC), engenheiro eletricista (UFC) e possui certificação Green Belt Lean Six Sigma.
A conta de luz deve ficar um pouco mais leve a partir de outubro de 2025. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 (VP2) para a vermelha patamar 1 (VP1), o que representa uma redução de cerca de R$ 4,00 a cada 100 kWh consumidos. A medida reflete um cenário de maior equilíbrio no setor elétrico, impulsionado por recordes de geração renovável e pelas afluências favoráveis registradas ao longo de setembro/25.
Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), as precipitações acima da média na região Sul contribuíram para melhorar as condições hidrológicas, ainda que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas permaneçam em patamar desfavorável. Por isso, a estratégia segue orientada para o controle dos reservatórios e não descarta a necessidade de despacho térmico adicional. O alívio na bandeira tarifária, portanto, deve ser interpretado com cautela, já que os custos de energia continuam sendo um desafio para famílias, empresas e governo.
Nesse contexto, mesmo com a redução, a conta de energia pode pesar no orçamento sem hábitos conscientes de consumo. No ambiente residencial, o uso racional de equipamentos como chuveiro elétrico, condicionador de ar e geladeira pode gerar impacto significativo. Pequenas atitudes, como apagar as luzes ao sair de um ambiente, evitar o modo stand-by ou programar o uso de eletrodomésticos por meio de automação, ajudam a reduzir despesas e, ao mesmo tempo, contribuem para a sustentabilidade ambiental.
Compreender como a energia é contabilizada também favorece escolhas mais conscientes. A unidade de medida utilizada pelas distribuidoras é o quilowatt-hora (kWh). Nesse cálculo, o “k”, que é apenas uma constante, é o prefixo quilo, que equivale a mil; o “W” corresponde ao Watt, unidade de potência elétrica dos equipamentos; e o “h” indica o tempo, em horas, que o equipamento permanece ligado. Assim, o consumo resulta da multiplicação da potência pelo tempo de uso. Por exemplo: um aparelho de 1.000 W (ou 1 kW) ligado por três horas consome 3 kWh, valor que será multiplicado pela tarifa de energia elétrica vigente, com os devidos impostos, resultando no custo final na fatura.
Além disso, o consumidor pode adotar uma forma simples de gestão energética: o Consumo Médio Diário (CMD). Esse indicador pode ser obtido a partir da própria fatura, dividindo-se o consumo mensal (em kWh) pelo número de dias do período de leitura. Ao acompanhar esse valor mês a mês, é possível identificar variações, avaliar o impacto de novos hábitos — como ajustar o condicionador de ar para 23°C — e comparar o perfil de consumo entre diferentes épocas do ano. Trata-se de um recurso prático que aumenta a consciência energética e ajuda a planejar melhor os gastos.
No caso das empresas, a gestão deve ir além. Consultorias especializadas em eficiência energética podem ser decisivas para transformar custos em oportunidades, oferecendo análises detalhadas para identificar desperdícios, propor soluções técnicas e aplicar a chamada inteligência tarifária.
Essa prática consiste em estudar profundamente as tarifas aplicáveis ao perfil de consumo da empresa, avaliando a demanda contratada, os horários de ponta e fora de ponta, os encargos setoriais, a viabilidade de migração para o mercado livre de energia e até eventuais erros de faturamento. Nesse último caso, a Resolução Normativa nº 1.000/21 da ANEEL garante, no artigo 323, o direito à devolução em dobro do valor pago em excesso.
Com esse tipo de abordagem, torna-se possível estruturar um plano de gestão que não apenas reduz o consumo desnecessário, mas também otimiza a fatura ao alinhar o perfil de uso à modalidade tarifária mais vantajosa. Em setores industriais, hospitalares, comerciais e de serviços, os resultados podem ser expressivos: economias relevantes, maior previsibilidade orçamentária e ganhos de competitividade.
Em um cenário de incertezas no setor elétrico, uma lição se impõe: quem enxerga energia como estratégia e não apenas como custo está um passo à frente. A combinação de hábitos conscientes, uso inteligente das informações da fatura e apoio técnico especializado é o caminho para transformar a energia em fator de sustentabilidade econômica e vantagem estratégica.
Bandeira tarifária Vermelha mais barata em outubro: entenda impactos, cálculos e estratégias de economia





























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