top of page

Brasil enfrenta “apagão às avessas”: Aneel aprova cortes temporários em usinas renováveis para evitar instabilidade elétrica

O Brasil vive um paradoxo energético raro: depois de anos lidando com risco de escassez hídrica, térmicas emergenciais e perspectiva de racionamento, o Sistema Interligado Nacional (SIN) passa agora por momentos de superoferta de energia renovável.


Brasil enfrenta “apagão às avessas”: Aneel aprova cortes temporários em usinas renováveis para evitar instabilidade elétrica
Brasil enfrenta “apagão às avessas”: Aneel aprova cortes temporários em usinas renováveis para evitar instabilidade elétrica

O volume crescente de eólicas, solares e geração distribuída tem criado situações de excesso de energia limpa, produzida justamente nas horas em que o sistema menos consegue absorver.


Diante desse cenário, a Aneel aprovou um plano emergencial que autoriza o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a realizar cortes temporários e obrigatórios de geração em determinadas usinas renováveis especialmente as chamadas usinas Tipo III, conectadas à rede de distribuição.


A decisão acende o alerta sobre um novo desafio do setor: como lidar com um sistema que está gerando mais energia limpa do que consegue operar com segurança.


Quando energia demais vira risco


Em um sistema elétrico, equilíbrio é tudo. A oferta precisa acompanhar a demanda quase em tempo real para que frequência e tensão se mantenham estáveis. Só assim se evita a perda de carga ou até apagões.


Nos últimos anos, porém, a rápida expansão da energia eólica e solar, combinada ao forte avanço da micro e minigeração distribuída (MMGD), principalmente no Nordeste, tem provocado uma queda significativa da carga líquida que é o consumo total menos a geração já conectada na ponta.


Isso cria uma situação inédita:em alguns momentos do dia, há vento demais, sol demais e consumo de menos.


Sem margem para controlar a operação, o ONS perde capacidade de ajustar o sistema e manter os parâmetros de segurança. Foi exatamente isso que ocorreu em 4 de maio e 10 de agosto, quando o SIN operou perigosamente próximo do limite técnico.


O plano aprovado pela Aneel


Para evitar episódios mais graves, a Aneel autorizou o ONS a executar cortes coordenados de geração nas usinas Tipo III sempre que houver risco de desequilíbrio no sistema.


A operação seguirá um fluxo padronizado:

  • Aviso prévio de 7 a 2 dias às distribuidoras sobre a possibilidade de acionamento;

  • As distribuidoras notificam as usinas Tipo III conectadas às suas redes;

  • Caso o risco se confirme, a geração será reduzida temporariamente;

  • Após cada acionamento, o ONS deve entregar um relatório técnico em até 30 dias, detalhando as condições operativas e o impacto da medida;

  • As distribuidoras têm 20 dias para elaborar suas próprias instruções internas de operação.


O motivo estrutural é claro:diferentemente das hidrelétricas e térmicas, as usinas Tipo III não são despachadas diretamente pelo ONS, o que dificulta o controle em momentos de emergência operativa.


Quem entra na primeira fase


A fase inicial do plano inclui 12 distribuidoras, responsáveis por aproximadamente 80% da potência instalada de usinas Tipo III no Brasil. Elas serão as primeiras a receber e executar eventuais ordens de redução.


A lista completa deve ser detalhada nos próximos comunicados oficiais, mas abrange distribuidoras com grande volume de PCHs, biomassa, solares distribuídas e outros projetos conectados diretamente às redes locais.



Por que isso está acontecendo agora?

O momento atual é resultado de três tendências simultâneas:

1. Crescimento acelerado da energia eólica e solar

O Brasil adicionou milhares de megawatts nos últimos anos, sobretudo no Nordeste, onde a geração variável é intensa.

2. Avanço explosivo da geração distribuída

Consumidores que geram sua própria energia — principalmente com painéis solares — reduzem artificialmente a carga vista pelo sistema.

3. Baixa demanda em horários de pico renovável

O consumo não cresce no mesmo ritmo da oferta, criando "vales" operativos que comprimem a carga líquida.

Na prática, é energia sobrando justamente na hora em que o sistema tem menos elasticidade para operar.


O que muda para o setor?

A decisão da Aneel abre um capítulo importante no planejamento da transição energética no Brasil. Entre os principais impactos:

  • Sinal regulatório de que o sistema precisa de mais flexibilidade — tecnologias como armazenamento, resposta da demanda e redes inteligentes ganham ainda mais relevância.

  • Usinas de menor porte podem enfrentar perdas temporárias de receita, dependendo da frequência de acionamentos.

  • O debate sobre modernização do SIN e modelos de mercado deve ganhar força, especialmente em um país que tende a se tornar uma potência renovável global.


O desafio adiante: integrar mais energia limpa sem comprometer a operação

O caso reforça uma lição central para o futuro energético brasileiro: não basta gerar energia limpa é preciso garantir que o sistema consiga operá-la com estabilidade.

Com a expansão contínua das renováveis, o Brasil terá de acelerar investimentos em:

  • sistemas de armazenamento,

  • redes inteligentes,

  • digitalização da distribuição,

  • mecanismos mais avançados de despacho e previsibilidade.


O país está em um momento estratégico. Transformar esse “excesso virtuoso” de energia renovável em segurança e competitividade será decisivo para o futuro da matriz elétrica nacional.


Brasil enfrenta “apagão às avessas”: Aneel aprova cortes temporários em usinas renováveis para evitar instabilidade elétrica

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Foxess-300x300-1.gif
Solis-300x300-1.gif
1.png
120x600.gif
120 × 600.gif
642x3218.gif
SOLUÇÕES PARA FIXAÇÃO (715 x 115 px) (120 x 600 px).gif
Brazil_Web-Banner_120 × 600.gif
EnergyChannel
EnergyChannel Brasil

Canal Internacional
Correspondentes dedicados em cada nação.

Nossos Serviços:
  • Presença digital abrangente em 10 países, com site e aplicativo
  • Transmissão de TV e WEBTV Internacional
  • Anuário de Inovações Energéticas Internacional
  • EnergyChannel Academy

Nossos canais:
Global
China
Itália
México
Brasil
Índia
França
Alemanha
Estados Unidos
Coreia do Sul  

Acompanhe-nos para se manter informado sobre as últimas inovações e tendências no setor energético!
Central de Relacionamento

Telefone e WhatsApp
+55 (11) 95064-9016
 
E-mail
info@energychannel.co
 
Onde estamos
Av. Francisco Matarazzo, 229 - conjunto 12 Primeiro Andar - Bairro - Água Branca | Edifício Condomínio Perdizes Business Center - São Paulo - SP, 05001-000
QuiloWattdoBem
Certificações
Empresa associada ao QuiloWattdoBem
www.quilowattdobem.com.br
Saiba Mais

Quem Somos

Guia do Consumidor

Assinatura


Fale Conosco

Ajuda


Mapa do Site
Links Relacionados

Notícias

Sustentabilidade

Energia Renovável


Mobilidade Elétrica

Hidrogênio

Armazenamento de Energia

​​

EnergyChannel Group - Especializada em notícias sobre fontes renováveis

Todos os direitos reservados. |  Av. Francisco Matarazzo, 229 - conjunto 12 Primeiro Andar - Bairro - Água Branca | Edifício Condomínio Perdizes Business Center - São Paulo - SP, 05001-000

bottom of page