Brasil retoma leilões no pré-sal e mira reposição de reservas estratégicas
- EnergyChannel Brasil
- há 1 dia
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Após quase dois anos sem lançar novas áreas no polígono do pré-sal, o Brasil retorna ao mercado com sete blocos disponíveis no 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção. O leilão, organizado pela ANP nesta quarta-feira (22/10), é visto como uma oportunidade para recompor reservas de óleo e gás em regiões estratégicas.

Entre os blocos ofertados, dois estão na Bacia de Santos (Ametista e Esmeralda) e cinco na Bacia de Campos (Jaspe, Citrino, Larimar, Ônix e Itaimbezinho). Todas as áreas já haviam despertado interesse prévio do mercado, segundo a agência. A Petrobras exerce direito de preferência pelo bloco Jaspe, o que garante à estatal a possibilidade de atuar como operadora no consórcio vencedor, mesmo que não seja a maior ofertante.
Para Marina Abelha, superintendente de Promoções de Licitações da ANP, a diversidade geológica das áreas é um ponto positivo: “Os blocos apresentam características muito distintas, o que deve atrair diferentes perfis de investidores”, afirmou durante a Offshore Week 2025.
Tabita Loureiro, diretora da PPSA, responsável por representar a União nos contratos de partilha, reforçou o otimismo: “Este deve ser o segundo de três leilões bem-sucedidos do ano no setor de petróleo e gás. Há sinais claros de interesse do mercado”, disse.
No total, 15 empresas estão inscritas, incluindo três ‘junior oils’ estreantes no modelo de partilha Brava, Karoon e Prio. A Brava, no entanto, anunciou que não participará do certame, priorizando a desalavancagem após a fusão entre 3R Petroleum e Enauta.
O modelo de partilha ainda gera debates sobre sua atratividade. Diferente do sistema de concessão, na partilha o bônus de assinatura é fixo, e a disputa entre empresas ocorre pelo percentual da produção futura que cabe à União. O último leilão nesse formato, em dezembro de 2023, foi marcado por baixa adesão, com apenas um bloco arrematado pela bp, sem participação da Petrobras. Desde então, o tema voltou ao centro de discussões políticas, mas propostas de alteração do modelo não avançaram no Senado.
A retomada dos leilões é parte da estratégia do Brasil para evitar o declínio das reservas e manter a autossuficiência energética. A ANP planeja ainda publicar este ano o edital da próxima rodada de oferta permanente no modelo de concessão, ampliando as oportunidades para o setor.
Especialistas do mercado ressaltam que continuar explorando áreas maduras do pré-sal, ao mesmo tempo em que se avança na abertura de novas fronteiras, como a Margem Equatorial, é essencial para que o país não se torne importador líquido de petróleo já na próxima década. A recente aprovação da licença ambiental pelo Ibama para perfuração na Bacia da Foz do Amazonas reforça essa estratégia, mas a indústria alerta que não se pode depender apenas dessas regiões para recompor reservas.
Flavio Fernandes, diretor técnico da S&P Global, observa que “há apetite dos investidores para recompor áreas e investir em exploração”. Já Thais Vachala, vice-presidente de Supply Chain da Rystad Energy, destaca que a combinação entre exploração de campos maduros e novas fronteiras é crucial para a sustentabilidade do setor no Brasil.
Brasil retoma leilões no pré-sal e mira reposição de reservas estratégicas
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