Crise de Talentos no Setor de Energia: Por que 6 em cada 10 empresas já enfrentam falta de profissionais qualificados, segundo relatório da IEA
- EnergyChannel Brasil
- há 17 minutos
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Um novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) acende um alerta global: mesmo com a expansão acelerada da infraestrutura energética, o setor não está conseguindo formar profissionais qualificados no ritmo necessário. A falta de mão de obra especializada já afeta prazos, custos e até a segurança energética de diversos países.

Empregos em energia crescem mais que a economia mundial
O estudo da IEA mostra que o setor de energia registrou um crescimento de 2,2% no número de empregos em 2024 quase o dobro da média da economia global. Desde 2015, mais de 1,6 milhão de novas vagas qualificadas foram criadas, impulsionadas por investimentos em eletrificação, energias renováveis e tecnologias industriais emergentes.
Eletrificação muda o mapa global do emprego
Segundo o relatório, o segmento elétrico geração, transmissão, distribuição e armazenamento tornou-se, pela primeira vez, o maior empregador da cadeia energética. Desde 2020, foram 3,9 milhões de novos postos de trabalho, equivalendo a quase três quartos das vagas criadas no setor.
A indústria automotiva elétrica também merece destaque: em 2024, cerca de 800 mil vagas adicionais surgiram na fabricação de veículos elétricos e baterias. Em grandes polos industriais, como a China, aproximadamente 40% de todas as funções na produção de veículos já estão ligadas diretamente à mobilidade elétrica.
Por que 60% das empresas dizem não conseguir contratar?
De acordo com a IEA, cerca de 60% das empresas do setor energético relatam dificuldades para encontrar profissionais qualificados. E o problema não é apenas numérico: faltam competências específicas essenciais para manter o ritmo da transição energética.
As funções mais afetadas incluem:
Eletricistas especializados
Técnicos de linhas de transmissão
Instaladores de tubulações
Engenheiros de sistemas e infraestrutura
Profissionais para instalação de baterias e equipamentos elétricos
As áreas técnicas representam mais da metade da força de trabalho da energia — justamente onde a demanda cresce mais rápido.
O estudo também identifica barreiras como:
Alto custo da formação técnica
Falta de conhecimento sobre programas de capacitação
Perda salarial durante treinamentos
Disputa acirrada por talentos entre segmentos
Requalificação é um caminho mas ainda avança lentamente
A IEA destaca que dois terços dos trabalhadores de petróleo e gás têm habilidades que poderiam ser adaptadas para funções em renováveis, armazenamento ou hidrogênio. Apesar disso, a migração ainda ocorre em ritmo inferior ao necessário, em parte devido aos salários mais altos no setor de combustíveis fósseis e nuclear.
Como governos e empresas estão reagindo
As iniciativas mais comuns identificadas pelo relatório incluem:
Incentivos financeiros para cursos técnicos e profissionalizantes
Estágios e bolsas para novos talentos
Campanhas públicas incentivando carreiras em energia
Parcerias entre empresas e instituições de ensino
Programas de especialização conduzidos pela própria indústria
Políticas de retenção com salários mais competitivos
Mesmo assim, o relatório alerta: essas ações ainda não acompanham a velocidade da transição energética global.
Análise do EnergyChannel
O relatório da IEA reforça uma tendência clara: a transição energética não depende apenas de tecnologia, investimentos ou políticas depende de pessoas. Sem uma força de trabalho qualificada e numerosa o suficiente, projetos atrasam, custos sobem e objetivos climáticos ficam mais distantes.
A corrida por talentos já começou, e quem souber se posicionar agora terá vantagem estratégica nos próximos anos.
Crise de Talentos no Setor de Energia: Por que 6 em cada 10 empresas já enfrentam falta de profissionais qualificados, segundo relatório da IEA








