CURITIBA SAI NA FRENTE E TESTA O BONDE URBANO DIGITAL
- Renato Zimmermann
- há 30 minutos
- 3 min de leitura
Curitiba deu mais um passo rumo ao futuro da mobilidade urbana sustentável: na madrugada desta sexta-feira, as ruas ainda vazias da Região Metropolitana serviram de palco para os primeiros testes do Bonde Urbano Digital (BUD), um trem metropolitano inovador, 100% elétrico e guiado por trilhos magnéticos.
A tecnologia inédita na América do Sul
O Bonde Urbano Digital (BUD) é fruto de uma parceria entre o Governo do Paraná, por meio da Agência de Assuntos Metropolitanos (AMEP), e a fabricante chinesa CRRC Nanjing Puzhen.
Diferente dos tradicionais Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), o BUD dispensa trilhos físicos e utiliza guiagem magnética, o que reduz em até 70% os custos de implantação.
• Capacidade: até 280 passageiros por composição (com versões maiores chegando a 600).
• Velocidade máxima: 70 km/h.
• Energia: 100% elétrica, com baterias de íons de lítio de 600 kWh.
• Conforto: ar-condicionado, operação bidirecional e rastreamento autônomo.
• Trecho inicial: 13 km entre os terminais de Pinhais e Piraquara, região que movimenta cerca de 10 mil pessoas por dia.
O contrato firmado para o projeto piloto tem valor de R$ 6,07 milhões, com prazo de 15 meses.
Mobilidade e transição energética
Curitiba já é reconhecida mundialmente por seu pioneirismo em transporte coletivo foi a primeira cidade a implantar o sistema de BRT (Bus Rapid Transit) nos anos 1970. Agora, com o BUD, reforça sua vocação para a mobilidade limpa e resiliente.
• Substituição de combustíveis fósseis: o BUD elimina o uso de diesel, reduzindo emissões de CO₂ e poluentes locais.
• Energia limpa no Brasil: cerca de 90% da matriz elétrica brasileira é renovável, com destaque para hidrelétricas, eólica e solar. Isso torna o país ideal para eletrificação do transporte.
• Otimização urbana: o modal combina a capacidade de um VLT com a flexibilidade de um ônibus, sem a necessidade de obras pesadas de infraestrutura.
Análise financeira e econômica
O custo inicial de R$ 6 milhões para o projeto piloto é relativamente baixo quando comparado a sistemas de metrô ou VLT, que podem ultrapassar R$ 20 milhões por quilômetro implantado.
Ferramentas de avaliação de projetos, como Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), indicam que investimentos em transporte elétrico tendem a gerar retorno positivo em médio prazo, principalmente pela redução de custos operacionais (combustível, manutenção).
• Economia operacional: veículos elétricos têm custo por km rodado até 40% menor que os movidos a diesel.
• Retorno social: melhora da qualidade do ar, redução de ruído e valorização imobiliária em áreas atendidas.
• Payback estimado: em sistemas similares, o retorno do investimento ocorre entre 8 e 12 anos, dependendo da escala e da tarifa aplicada.
Potencial de expansão
O sucesso do BUD em Curitiba pode abrir caminho para replicação em outras regiões metropolitanas brasileiras:
• São Paulo e Rio de Janeiro: enfrentam congestionamentos crônicos e poderiam se beneficiar de corredores elétricos de alta capacidade.
• Cidades médias: como Florianópolis, Goiânia e Belém, onde a implantação de metrôs é inviável financeiramente, o BUD surge como alternativa intermediária.
• Integração regional: em áreas metropolitanas, o modal pode conectar municípios vizinhos com baixo custo de infraestrutura.
Além disso, o Brasil possui capacidade de ampliar sua geração elétrica sem recorrer a carvão ou gás, o que garante sustentabilidade energética para expansão nacional.
Curitiba como laboratório de sustentabilidade
A capital paranaense reafirma sua posição como cidade-laboratório de soluções urbanas. O BUD se soma a iniciativas como:
• Expansão de ciclovias e incentivo a bicicletas e scooters elétricas.
• Projetos de ônibus elétricos e híbridos.
• Políticas de planejamento urbano voltadas para reduzir deslocamentos e emissões.
O Bonde Urbano Digital não é apenas um novo modal de transporte: é um símbolo da transição energética e da inovação urbana.
Curitiba, mais uma vez, mostra ao Brasil e ao mundo que é possível conciliar mobilidade, sustentabilidade e eficiência econômica. Se os testes confirmarem sua viabilidade, o BUD poderá se tornar referência para cidades que buscam ser mais resilientes e limpas, aproveitando a matriz elétrica renovável que o país já possui.
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