Dado vivo: a nova lógica das utilities
- EnergyChannel Brasil
- há 57 minutos
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Por: Paulo Quaresma, Account Manager MultiSector Hybrid Cloud & Data Analytics & AI da Logicalis

Nas redes sociais e nos debates corporativos, os dados já não são mais vistos como algo estático, guardado em relatórios que chegam com atraso, mas sim como um ativo vivo, que nasce, circula e perde valor em questão de minutos. Essa é a lógica que o setor de utilities precisa adotar se quiser acompanhar o ritmo de uma rede elétrica, de água ou de gás que já não se comporta como antigamente.
O cliente de hoje não quer saber o que aconteceu no mês passado, ele espera transparência quase em tempo real quando ocorre uma interrupção e, o regulador também. A rede, antes previsível, ficou mais complexa e marcada por geração distribuída, picos de consumo inesperados e eventos climáticos extremos. O custo de esperar é alto, caminhões enviados sem prioridade, visitas improdutivas, faturamento impreciso e clientes frustrados.
A boa notícia é que a tecnologia já permite mudar esse jogo. Em um cenário cada vez mais dinâmico e competitivo, decisões precisam ser tomadas com agilidade e precisão. Não basta mais olhar pelo retrovisor, é essencial enxergar o que está acontecendo agora. A transformação digital deixou de ser promessa e passou a ser ferramenta concreta para antecipar problemas, otimizar recursos e garantir vantagem estratégica. E dois pilares estão no centro dessa virada: o monitoramento contínuo dos dados e a inteligência artificial aplicada diretamente aos processos.
Aqui entra o Data Analytics em fluxo, que é, na prática, menos “planilha do mês passado”, e mais painel do agora. O desafio é monitorar interrupções, oscilações e alertas como um ‘marcapasso’ da operação, para que o dado chegue a tempo de orientar a tomada de decisão. Para isso, é essencial incluir IA dentro do processo, com modelos de inteligência alimentados com dados frescos, afinal, IA sem dados vivos vira um palpite caro. Por fim, para ganhar tempo e velocidade, aplicamos Hybrid Cloud com processamento na borda, com o trabalho próximo a origem, na nuvem e com capacidade para escalar, governar e compartilhar.
Essa convergência não é discurso futurista, é agenda prática para os próximos 12 meses. Para o decisores do setor, cinco decisões podem acelerar essa virada:
Escolha três fluxos críticos para operar “ao vivo”: interrupções, perdas e geração distribuída são ótimos pontos de partida.
Trate a medição como um produto de dados: quem é o dono, que qualidade esperamos, por quanto tempo guardamos e quando descartamos.
Comprove valor rápido: com dois casos de IA com payback curto (priorização de equipes e perdas não técnicas).
Transparência com o cliente: comunicação proativa durante eventos, com status e previsão de restabelecimento em tempo real. Reduz chamadas e aumenta confiança.
Governança simples e prática (LGPD): Coletar o necessário, registrar quem usou, por que e descartar o que não gera valor.
E como mostrar resultados? As métricas precisam falar a língua do CFO. Menor tempo de restabelecimento, previsibilidade confiável, menos chamadas no call center, redução de perdas não técnicas, OPEX mais baixo e clientes mais satisfeitos nos canais digitais.
No fim das contas, “dados vivos” não são um projeto de TI. São infraestrutura de decisão. Quando Analytics em fluxo, IA no processo e Hybrid Cloud trabalham juntos, o resultado é a diferença entre reagir 30 dias depois e agir no tempo real do negócio. É o que garante menos perdas, redes mais estáveis e clientes mais bem atendidos.
E para amanhã, a pergunta que fica aos líderes de utilities é direta: Qual é o primeiro fluxo da sua operação que você vai transformar em dado vivo?
Dado vivo: a nova lógica das utilities