Dependência Perigosa: Concentração de Minerais Críticos Ameaça Segurança Energética Global, Aponta AIE
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Por Redação EnergyChannel | 23 de maio de 2025
O futuro da segurança energética pode estar em risco — não por falta de tecnologias ou vontade política, mas pela crescente concentração no fornecimento dos minerais que sustentam a transição energética global. Essa é a principal conclusão da edição 2025 do Global Critical Minerals Outlook, relatório recém-lançado pela Agência Internacional de Energia (AIE), que lança um alerta: estamos avançando em direção a uma nova dependência geoeconômica.

Embora o cenário atual aparente estabilidade — com preços abaixo dos picos históricos de 2021 e 2022 — a análise da AIE revela que a cadeia de suprimentos de minerais essenciais, como cobre, lítio, níquel e terras raras, está cada vez mais vulnerável a choques externos. O motivo? A oferta global está se concentrando em poucos países, e as barreiras comerciais estão crescendo.
Minérios estratégicos nas mãos de poucos
Segundo o relatório, os três principais produtores globais de minerais críticos concentram hoje 86% da oferta global, um aumento em relação aos 82% registrados em 2020. O refino — etapa crucial para transformar matéria-prima em componentes prontos para uso — é ainda mais concentrado, com a China dominando quase todas as cadeias.
Para o níquel, por exemplo, a Indonésia é praticamente a única responsável pela expansão recente da produção. Já para minerais como grafite, cobalto e elementos de terras raras, a China mantém o controle absoluto das rotas de processamento.
“Em plena corrida por descarbonização, o mundo está trocando a dependência dos combustíveis fósseis por uma nova concentração: a dos minerais essenciais”, resume Fatih Birol, diretor executivo da AIE.
Riscos geopolíticos e desaceleração de investimentos
A análise detalha que 55% dos minerais estratégicos já estão sujeitos a algum tipo de restrição de exportação. E as barreiras não se limitam mais às matérias-primas: agora incluem também tecnologias de processamento, o que pode comprometer a produção de baterias e equipamentos de energia limpa.
A demanda por lítio, por exemplo, cresceu 30% só em 2024 — três vezes mais que a média da década passada. No entanto, o ritmo de novos investimentos não acompanha: os gastos em 2024 subiram apenas 5%, desacelerando em relação aos 14% do ano anterior. A atividade de exploração também estagnou.
O caso mais preocupante é o do cobre. Com papel central na expansão das redes elétricas, ele enfrenta um déficit de 30% na oferta projetada até 2035, se os projetos atuais forem mantidos.
Alta volatilidade e novas tecnologias em risco
Além da escassez, a volatilidade dos preços é uma preocupação crescente. Entre os 20 minerais estratégicos analisados, 15 apresentaram flutuações de preços maiores do que o petróleo. E a China aparece como principal refinadora de 19 desses materiais — com participação média de 70% no mercado.
As tecnologias emergentes, como baterias de íons de sódio e LFP (lítio-ferro-fosfato), também não estão imunes. Apesar de serem alternativas promissoras às baterias convencionais, essas tecnologias dependem fortemente de materiais como o sulfato de manganês e o ácido fosfórico — ambos com cadeias de suprimento centralizadas na China.
O que está em jogo?
A AIE alerta que, mesmo em um mercado aparentemente bem abastecido, um único evento — seja climático, técnico ou geopolítico — pode desencadear efeitos em cadeia, elevando preços e desestabilizando setores inteiros da economia verde.
Desde 2021, a agência vem ampliando sua atuação no tema, com análises anuais, mapeamento de riscos e até simulações de resposta emergencial, em linha com seu novo Programa de Segurança de Minerais Críticos.
Conclusão: Diversificação não é mais uma escolha, é uma urgência
A mensagem do relatório é clara: garantir uma transição energética segura e sustentável exige mais do que investimentos em renováveis — exige ações concretas para descentralizar a produção e o processamento de minerais críticos.
Com a demanda global em ascensão e os riscos geopolíticos em alta, o tempo para agir é agora.
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