DINÂMICA DO PREÇO DE LIQUIDAÇÃO DAS DIFERENÇAS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
- Arthur Oliveira
- há 4 horas
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O setor elétrico brasileiro em 2025 evidencia uma estrutura de mercado complexa, cuja dinâmica reflete a interação entre variáveis operacionais, hidrológicas e econômicas.

A análise do preço de liquidação das diferenças (PLD) em 22 de agosto de 2025, com base em dados disponíveis no site da CCEE, revela uma leve redução de 0,35% em relação ao dia anterior, situando-se entre R$ 323,49/MWh e R$ 329,21/MWh nos submercados Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte. Tal comportamento decorre de condições hidrológicas favoráveis, corroboradas pelas projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no Programa Mensal de Operação (PMO), que indicam estabilidade nos níveis de armazenamento dos reservatórios. Este cenário demanda uma avaliação técnica aprofundada, considerando o consumo energético e as tendências de mercado, para compreender os desafios e oportunidades que se delineiam para o restante do ano.
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO PLD EM 22 DE AGOSTO DE 2025
Os dados registrados às 15h26 de 22 de agosto de 2025 apontam para uma média ponderada de R$ 326,35/MWh, em comparação com R$ 327,50/MWh no dia anterior, conforme extraído do site da CCEE.
A redução marginal reflete uma oferta hídrica equilibrada, com afluências que sustentam a geração hidrelétrica, responsável por cerca de 60% da matriz energética nacional. A variação horária, oscilando entre R$ 323,49/MWh (hora 00) e R$ 329,21/MWh (hora 06), evidencia a sensibilidade do sistema às demandas pico e à disponibilidade de recursos renováveis. Os limites estabelecidos pela ANEEL para 2025 – PLD mínimo de R$ 58,60/MWh, máximo estrutural de R$ 751,73/MWh e máximo horário de R$ 1.542,23/MWh – reforçam a necessidade de monitoramento contínuo para evitar pressões inflacionárias no curto prazo.
PROJEÇÕES HIDROLÓGICAS E SEUS IMPACTOS
As estimativas do ONS para agosto de 2025 indicam Energia Natural Afluente (ENA) em patamares que sustentam a estabilidade observada no PLD. Registra-se ENA de 76% da Média de Longo Termo (MLT) no Sul, com armazenamento em 73,7%; 49% no Nordeste, com 60,4%; 65% no Norte, com 89,3%; e 71% no Sudeste/Centro-Oeste, com 58,7%. Esses indicadores sugerem uma dependência crítica das condições hídricas, especialmente no Nordeste, onde a baixa afluência exige maior acionamento de termelétricas, potencialmente elevando custos marginais.
A integração desses dados com as atualizações diárias do InformaCCEE e semanais do InfoPLD da CCEE proporciona uma base robusta para antecipar variações sazonais e otimizar a gestão dos recursos energéticos.
CONSUMO ENERGÉTICO E DINÂMICA SETORIAL
O consumo no Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu 71.457 MWm em agosto de 2025, com variação anual de 0,1%, conforme dados da CCEE até 15 de agosto. A distribuição por ambiente destaca o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) com 58,7% (41.623 MWm) e o Ambiente Livre (ACL) com 41,3% (29.285 MWm).
No ACL, o setor de metalurgia e produtos de metal lidera com 21,5% (6.288 MWm), seguido por alimentos (10,9%, 3.185 MWm) e serviços (10,6%, 3.093 MWm). Regionalmente, o Sudeste/Centro-Oeste concentra 56,1% do consumo, com São Paulo respondendo por 32,3%, enquanto o Sul contribui com 30,1%. A variação estadual varia de -12% em Amapá a 26% em Sergipe, refletindo disparidades industriais e climáticas. A migração de 2.443 novos consumidores para o ACL em fevereiro de 2025 sinaliza uma tendência de consolidação desse mercado, impulsionada pela busca por previsibilidade de custos.
PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O SETOR ELÉTRICO
A matriz elétrica brasileira, com 84,7% de fontes renováveis em janeiro de 2025, consolida-se como um modelo de sustentabilidade, com expansão de eólica e solar complementando a base hidrelétrica.
Contudo, a vulnerabilidade hídrica no Nordeste e a crescente demanda industrial requerem investimentos em infraestrutura e diversificação energética. A estabilidade do PLD em agosto de 2025, com redução de 0,35%, indica um equilíbrio temporário, mas a sazonalidade climática e a integração do preço do lastro de capacidade, prevista para 2026, impõem desafios regulatórios dentro de uma provável alta no preço da energia.
CONCLUSÃO
A redução de 0,3% no PLD entre 15 e 22 de agosto de 2025, situando-se entre R$ 323,49/MWh e R$ 329,21/MWh, reflete um cenário de oferta hídrica estável, sustentado por ENAs regionais favoráveis. O consumo de 71.457 MWm no SIN, liderado pelo Sudeste e pelo ACR, evidencia a relevância de setores como metalurgia e alimentos, enquanto a expansão do ACL reforça a modernização do mercado.
A análise contínua dos indicadores da CCEE e do ONS emerge como imperativa para navegar as complexidades do setor, garantindo resiliência e sustentabilidade em um contexto de transição energética.
REFERÊNCIAS
[1] CCEE. Dados de PLD e Consumo no SIN. Disponível no website:
[2] ONS. Programa Mensal de Operação.
DINÂMICA DO PREÇO DE LIQUIDAÇÃO DAS DIFERENÇAS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Boa análise! Vejo o PLD ainda pressionado e com maior tendência de alta nos próximos meses, especialmente diante do consumo crescente e dos riscos hidrológicos que podem se intensificar no fim do período úmido.
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Muito bom