Energia como novo lastro econômico? As projeções radicais que estão redefinindo o debate sobre IA e riqueza
- EnergyChannel Brasil
- há 39 minutos
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A transição energética global ganhou um novo elemento de debate: a possibilidade de a energia se tornar a “moeda” dominante em um mundo governado por sistemas de inteligência artificial altamente avançados. A tese, defendida pelo fundador da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, reacendeu discussões sobre produtividade, desigualdade e o papel do trabalho humano diante de máquinas cada vez mais autônomas.

Durante uma conversa com o investidor Nikhil Kamath, Musk sugeriu que o avanço acelerado da IA e da robótica poderá, em poucas décadas, eliminar a necessidade do trabalho tradicional, inaugurando um cenário de “abundância extrema”, onde bens e serviços seriam produzidos em escala praticamente ilimitada.
Fonte original: entrevista de Elon Musk com Nikhil Kamath.
Trabalho como hobby e riqueza sem papel: a projeção para 2045
Na visão do empresário, por volta de 2045, a economia global pode atingir um ponto em que empregos convencionais se tornem opcionais.A justificativa? Sistemas inteligentes capazes de imaginar, projetar e produzir praticamente tudo o que humanos poderiam desejar.
Musk argumenta que, num ambiente em que máquinas atendem todas as demandas materiais, o dinheiro perde relevância como mecanismo de alocação de recursos — e, portanto, como base de organização social.
Quando a IA transforma a produtividade global
O debate se apoia em pesquisas sobre IA Transformadora, conceito destacado por um estudo do National Bureau of Economic Research, que define esse tipo de tecnologia como capaz de multiplicar em até cinco vezes as médias históricas de produtividade.
Dario Amodei, CEO da Anthropic, descreve tal potência computacional como “um país inteiro de gênios operando dentro de um data center”.Para ele, o impacto mais certo da IA será a invenção acelerada de novas tecnologias fundamentais, ainda que não haja garantias de redução automática da desigualdade.
Robôs humanoides e a promessa de abundância
Musk, que há anos defende o uso de robôs humanoides em larga escala, acredita que eles serão catalisadores de uma revolução industrial inédita:produção ilimitada, 24 horas por dia, com custo marginal próximo de zero.
Essa automação plena, combinada com IA geral (AGI), poderia integrar campos científicos que hoje operam de forma isolada, turbinando a inovação e expandindo sistemas produtivos de forma exponencial.
Energia como moeda: o “ponto de virada” sugerido por Musk
O elemento central da teoria de Musk é claro:
se máquinas e IA passam a fabricar semicondutores, extrair recursos e construir sua própria infraestrutura, então energia se torna o principal ativo econômico.
Ele descreve um ciclo no qual:
IA e robôs produzem tecnologia energética e componentes avançados;
Essa tecnologia amplia a capacidade energética disponível;
A energia alimenta novos sistemas de IA, fechando um ciclo autossustentável.
Em um mundo onde a moeda tradicional perde sua função, Musk afirma que “a energia será a verdadeira moeda” uma métrica objetiva e universal de poder produtivo.
Mas um mundo de abundância é realmente possível?
Economistas e instituições internacionais alertam que a imagem proposta pelo empreendedor esbarra em desafios reais:
Limitações energéticas globais, sobretudo em países com baixa penetração de renováveis;
Desigualdade tecnológica, que pode favorecer nações desenvolvidas;
Concentração de benefícios da automação nos detentores de capital, e não nos trabalhadores.
Pesquisas do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que a adoção da IA tende a ocorrer de forma desigual, podendo ampliar diferenças econômicas entre países.
Dario Amodei também expressa cautela: apesar de acreditar no potencial inovador da IA, ele argumenta que dinâmicas econômicas, políticas e sociais podem limitar o impacto positivo sobre a desigualdade.
O dilema central: qual será o papel humano?
Se a IA superar amplamente nossa capacidade cognitiva e produtiva, surgirá uma questão que Musk considera existencial:
“Se a IA faz tudo melhor do que você, por que fazer qualquer coisa?”
O debate extrapola economia e energia, entrando nos campos da ética, propósito e identidade social.Para muitos especialistas, essa será a grande questão filosófica do século XXI.
Conclusão: a energia no centro do futuro da IA
Mesmo que a visão de Musk não se concretize da forma radical proposta, sua hipótese coloca luz sobre um ponto estratégico:nenhuma transição tecnológica incluindo IA em escala global é possível sem energia abundante, barata e sustentável.
Para setores como solar, eólico, armazenamento e redes inteligentes, o recado é claro: a próxima corrida econômica mundial será energética.
Energia como novo lastro econômico? As projeções radicais que estão redefinindo o debate sobre IA e riqueza








