EnergyChannel: O Declínio das Fazendas Verticais e as Lições para o Futuro da Agricultura
- EnergyChannel Brasil
- 17 de abr.
- 3 min de leitura
Nos últimos anos, as fazendas verticais se destacaram como uma revolução promissora no setor agrícola. Com a promessa de eficiência hídrica, produção urbana em larga escala e diminuição das emissões de carbono, essas iniciativas chamaram a atenção de investidores em busca de inovação alinhada a um propósito. Robôs, sensores, inteligência artificial e estruturas modulares eram vistos como a solução para os desafios da agricultura moderna. No entanto, o panorama mudou de maneira dramática.

O que São Fazendas Verticais?
A agricultura vertical envolve o cultivo de plantas em superfícies verticais, em contraste com a agricultura tradicional, que se utiliza de extensas áreas horizontais. Essa abordagem visa maximizar a produção de alimentos em espaços reduzidos, utilizando camadas empilhadas para otimizar o uso do solo.
O Que Deu Errado?
As empresas que inicialmente lideravam este setor agora enfrentam dificuldade extrema, com algumas delas se aventurando na falência. A AppHarvest, que viu suas ações derreterem quase 100% após um IPO inicialmente promissor, é um exemplo claro. A AeroFarms, também uma pioneira, solicitou recuperação judicial após grandes investimentos em sua infraestrutura. Outras empresas, como Kalera e Bowery, não conseguiram escapar da tempestade, encerrando operações ou enfrentando litígios com credores.
Esses insucessos parecem ser resultado do choque entre sonhos ambiciosos e a dura realidade operacional. As promessas de escalabilidade se esbarraram em margens operacionais estreitas e custos exorbitantes, como a iluminação artificial de alta intensidade e a escassez de mão de obra qualificada. Neste cenário, com as taxas de juros elevadas e um acesso mais restrito ao capital, os investidores começaram a questionar a viabilidade financeira: "Isso é realmente rentável?"
Além disso, alternativas menos intensivas em capital, como estufas de alta tecnologia que utilizam luz solar, ganharam destaque por oferecerem um equilíbrio mais eficaz entre inovação e custo.
Um Futuro Aguardando Novas Oportunidades
Embora o cenário atual possa parecer desalentador para as fazendas verticais, isso não significa que seu fim seja definitivo. Regiões carentes de água e com acesso a energia elétrica barata, como alguns países do Oriente Médio, ainda demonstram interesse em adaptar esse modelo. A necessidade crescente por resiliência alimentar e produção local sugere que uma versão mais enxuta e disciplinada das fazendas verticais pode sobreviver.
As empresas do setor estão mudando seu foco: em vez de buscar a dominação global, agora estão se concentrando em nichos específicos, como a produção de microgreens. Este novo modelo é mais viável e adaptável à realidade atual, mesmo que modesto.

Lição para o Futuro
A trajetória das fazendas verticais traz valiosas lições, não apenas para o setor agrícola, mas para o mundo dos negócios como um todo. A experiência evidencia que inovação, capital e o timing certo são cruciais para o sucesso. A tecnologia, por si só, não garante escalabilidade; um propósito forte não substitui a necessidade de lucro; e, claramente, nem toda novidade se sustenta diante de ciclos econômicos desafiadores.
Além disso, houve uma reflexão importante sobre os conceitos utilizados: o emprego de técnicas como agrivoltaico, onde superfícies solares integram a estrutura dos edifícios, pode tornar os negócios mais sustentáveis e funcionalmente integrados ao ambiente urbano. Aprender com os erros e reinvestir em modelos sustentáveis é a chave para um futuro mais promissor, onde o fracasso é uma lição valiosa para novas tentativas.
Por Ricardo Honório, EnergyChannel
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É uma pena, uma boa iniciativa mas precisa ser feito de forma diferente para ser sustentável o negócio.
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