Fertilizantes no Radar: Petrobras Prepara Retomada das Fábricas do Nordeste e Reaquece o Setor
- EnergyChannel Brasil
- há 23 horas
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Por EnergyChannel | Redação Nacional
Bahia e Sergipe, 16 de julho de 2025 – A cadeia de produção de fertilizantes no Brasil dá sinais claros de reativação. Depois de anos de paralisação e uma sequência de impasses contratuais, as unidades da Petrobras na Bahia e em Sergipe estão prestes a retomar suas operações. A previsão é que as fábricas voltem a produzir até novembro deste ano, colocando fim a um hiato de quase dois anos na produção nacional desses insumos estratégicos para o agronegócio.

A Petrobras já iniciou a análise das propostas para os serviços de manutenção necessários à reativação das plantas, após a etapa de recebimento das cotações ser encerrada no último dia 4 de julho.
Fertilizantes como Política de Estado
O retorno da Petrobras ao setor de fertilizantes foi um compromisso assumido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em resposta à elevada dependência do Brasil dos produtos importados. Atualmente, o país importa quase a totalidade dos fertilizantes nitrogenados que consome, cenário que gera risco estratégico para o agronegócio nacional – setor que sustenta boa parte do PIB brasileiro.
Com a reativação das unidades do Nordeste, a Petrobras estima que poderá atender até 50% da demanda interna de ureia, insumo essencial para a agricultura.
Entenda o Histórico do Caso
As fábricas de fertilizantes da Bahia e de Sergipe foram arrendadas em 2019 para a Unigel, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O contrato, com prazo inicial de dez anos, foi visto como alternativa para manter as plantas operando, mas o contexto mudou drasticamente após a guerra na Ucrânia.
A partir de 2022, a alta global nos preços do gás natural – principal matéria-prima do processo – tornou as operações economicamente inviáveis. Como consequência, a Unigel paralisou as atividades e entrou em recuperação extrajudicial, encerrada no início deste ano.
Em 2023, as partes chegaram a negociar um acordo de industrialização por encomenda (tolling), onde a Petrobras forneceria gás e a Unigel operaria as fábricas, ficando a estatal com a comercialização dos produtos. O modelo, porém, foi suspenso após o Tribunal de Contas da União (TCU) apontar falhas de governança e inconsistências contratuais.
Agora, com a retomada sob nova gestão direta da Petrobras, as plantas devem voltar a operar com controle mais rígido e foco em suprir o mercado interno.
Expansão Nacional: MS e PR Também na Mira
Além da reativação das fábricas nordestinas, a Petrobras também está conduzindo licitações para retomar as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. As obras da planta – que estavam paradas desde 2014 – devem ser retomadas ainda em 2025, com previsão de início das operações em 2026.
No Paraná, a Araucária Nitrogenados (Ansa) também está no pacote de reativação. A unidade foi desativada em 2020 e faz parte do plano da Petrobras para recompor a produção nacional de fertilizantes.
Por Que Isso Importa?
O cenário atual evidencia a urgência de uma política energética e industrial alinhada à segurança alimentar do país. O Brasil, enquanto potência agroexportadora, não pode depender exclusivamente do mercado externo para garantir o fornecimento de fertilizantes. Além disso, o mercado de gás e a gestão das fábricas de fertilizantes voltam a ganhar relevância estratégica.
Essa reestruturação da Petrobras no setor de fertilizantes também traz impactos importantes para:
Redução da dependência externa do agronegócio
Estabilidade de preços e menor exposição a crises internacionais
Movimentação econômica regional, com geração de empregos e reativação da indústria local
Fertilizantes no Radar: Petrobras Prepara Retomada das Fábricas do Nordeste e Reaquece o Setor
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