França desafia pressão dos EUA e mantém compromisso com o financiamento climático global
- EnergyChannel Brasil
- há 14 minutos
- 3 min de leitura
Mesmo sob divergências com Washington, Paris reafirma o apoio à meta do Banco Mundial de destinar 45% de seus recursos a projetos ligados ao clima e prepara terreno para uma agenda verde no G7 de 2026.

Por Redação EnergyChannel
A França reafirmou sua posição como uma das principais defensoras do financiamento climático global, em meio a uma crescente disputa diplomática com os Estados Unidos.
Durante as reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI em Washington, a nova ministra francesa do Desenvolvimento, Éléonore Caroit, declarou que Paris continuará apoiando integralmente a meta de que 45% dos financiamentos do Banco Mundial estejam ligados ao clima, mesmo diante da pressão norte-americana para reverter essa diretriz.
“O clima não é um tema acessório. É uma condição para qualquer política de desenvolvimento sustentável. Continuaremos firmes nesse compromisso”, afirmou Caroit.
A declaração vem em um momento de mudança de rumo em Washington, com o governo Trump defendendo que o Banco Mundial retome investimentos em carvão, petróleo e gás natural, argumentando que as metas climáticas atuais limitam o acesso à energia para países em desenvolvimento.
Divergência estratégica sobre o papel do Banco Mundial
Desde 2023, o Banco Mundial vem reformulando seu mandato sob a liderança de Ajay Banga, que consolidou a visão de “um mundo livre da pobreza em um planeta habitável”. Essa integração entre crescimento econômico e sustentabilidade ambiental tem sido amplamente apoiada pela União Europeia mas encontra forte resistência de Washington.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, classificou as metas climáticas como “excessivamente ideológicas” e defendeu a priorização de fontes de energia tradicionais. Em resposta, Caroit destacou que a França continuará dialogando com os EUA, mas sem abrir mão da coerência ambiental:
“Podemos ter divergências, mas compartilhamos alguns pontos de convergência, como o papel da energia nuclear na transição energética”, observou.
⚛️ Energia nuclear e adaptação: pontos de consenso
Com mais de 70% de sua eletricidade proveniente de reatores nucleares, a França vê a energia nuclear como um pilar estratégico de uma matriz energética de baixo carbono. Essa convergência pode abrir espaço para novas cooperações entre Paris e Washington, mesmo com o impasse sobre o financiamento climático.
Além disso, Caroit destacou que projetos de adaptação climática como infraestrutura contra enchentes e incêndios florestais são, na prática, investimentos verdes, ainda que os EUA prefiram classificá-los como medidas de resiliência ou prevenção de desastres.
“Podem chamá-los como quiserem”, disse a ministra, “mas o impacto é o mesmo: proteger vidas e economias em um planeta em transformação”.
💶 A França no centro da diplomacia verde
O posicionamento de Caroit não é apenas técnico, mas político. Ao se preparar para assumir a presidência do G7 em 2026, a França pretende colocar a ação climática no centro da agenda global de desenvolvimento, reforçando a integração entre bancos multilaterais e os objetivos do Acordo de Paris.
Essa linha diplomática se soma ao esforço interno do governo francês, que já anunciou 500 milhões de euros anuais em incentivos fiscais para impulsionar a indústria verde e acelerar a descarbonização de sua economia.
🔎 Impactos para o futuro do financiamento climático
A disputa entre França e EUA no Banco Mundial vai muito além de uma diferença de visão: ela define o rumo do financiamento global para o clima nos próximos anos. Se Washington conseguir enfraquecer a meta de 45%, o impacto poderá reverberar em toda a arquitetura financeira internacional, afetando projetos de energia limpa e infraestrutura sustentável em países emergentes.
Para a França e boa parte da Europa recuar não é uma opção. Como resumiu Caroit, “desenvolvimento e empregos só fazem sentido em um planeta habitável.”
Análise EnergyChannel:O embate entre França e EUA ilustra a crescente divisão entre visões de curto e longo prazo no financiamento global. Enquanto parte das potências prioriza o retorno econômico imediato, países europeus tentam consolidar uma nova diplomacia do clima onde crescimento e sustentabilidade caminham lado a lado.
França desafia pressão dos EUA e mantém compromisso com o financiamento climático global

























