Marrocos traça meta de eliminar carvão até 2040 e acelerar liderança em energia renovável
- EnergyChannel Brasil

- há 1 dia
- 2 min de leitura
Com planos ambiciosos de descarbonização e foco em financiamento climático internacional, o país africano quer se tornar referência regional em energia limpa e hidrogênio verde.

EnergyChannel News — São Paulo
O Marrocos deu mais um passo decisivo rumo à transição energética. O governo anunciou que pretende eliminar completamente a geração de energia a carvão até 2040 uma meta ousada para uma economia emergente que ainda depende fortemente desse combustível fóssil. A estratégia, no entanto, está condicionada à obtenção de financiamento climático internacional, essencial para sustentar a mudança sem comprometer o crescimento econômico e social do país.
A decisão foi formalizada no âmbito da Powering Past Coal Alliance (PPCA), coalizão internacional da qual o Marrocos faz parte desde 2023, e que reúne mais de 60 países comprometidos com a eliminação da energia a carvão. Segundo o Ministério da Energia, Rabat interrompeu o planejamento de novas usinas termelétricas movidas a carvão, redirecionando esforços para acelerar projetos de energia solar, eólica e gás natural — este último, como fonte de transição.
Uma transição em ritmo acelerado
Atualmente, o carvão ainda responde por quase 60% da eletricidade marroquina, mas essa participação já vem caindo: em 2022, representava cerca de 70%. O avanço rápido das fontes renováveis hoje responsáveis por aproximadamente 45% da capacidade instalada tem sido impulsionado por grandes empreendimentos como o Complexo Solar Noor Ouarzazate, um dos maiores do mundo, e os parques eólicos de Tarfaya e Midelt.
O governo quer que as energias renováveis alcancem 52% da matriz nacional até 2030, consolidando o país como uma das potências limpas da África.
“O Marrocos está comprometido com um futuro energético sustentável, equilibrando segurança, acessibilidade e responsabilidade climática”, afirmou o ministro da Energia em comunicado oficial.
Financiamento internacional e transição justa
A eliminação do carvão traz também desafios econômicos e sociais significativos. Regiões que dependem da mineração e das usinas termelétricas podem enfrentar perdas de emprego e impactos econômicos locais. Para evitar isso, o país aposta em uma “transição justa”, apoiada por financiamento internacional acessível.
De acordo com Rachid Ennassiri, diretor do think tank climático Imal, o plano marroquino “reflete a necessidade de combinar políticas de aposentadoria antecipada de usinas, reformas contratuais e investimentos sociais que garantam uma transição justa e sustentável”.
O país busca alinhar-se a mecanismos globais como os Fundos de Investimento Climático e as Parcerias para uma Transição Energética Justa (JETP) modelos já aplicados em países como África do Sul, Indonésia e Vietnã.
Um modelo para países emergentes
Com a COP30 se aproximando e o debate sobre o futuro da energia ganhando força, o movimento marroquino tem peso estratégico. A aposta em renováveis e hidrogênio verde com 1 milhão de hectares já destinados a projetos do setor coloca o Marrocos em posição de destaque entre os países em desenvolvimento que buscam equilibrar crescimento e descarbonização.
Se cumprir a meta de 2040, o país terá uma das matrizes elétricas mais limpas do Oriente Médio e Norte da África, reduzindo emissões e fortalecendo seu papel como hub energético regional, com capacidade para exportar energia limpa para a Europa e outras nações africanas.
Marrocos traça meta de eliminar carvão até 2040 e acelerar liderança em energia renovável






























Comentários