Prazo para eólicas offshore no Brasil frustra investidores e adia oportunidades
- EnergyChannel Brasil
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Investidores frustram-se com atrasos em leilƵes de eólicas offshore no Brasil. Regulamentação e prazos adiados podem custar oportunidades para o paĆs frente a mercados internacionais.
O mercado de eólicas offshore no BrasilĀ enfrenta novos obstĆ”culos, frustrando investidores que aguardavam o primeiro leilĆ£o de Ć”reas para projetos de energia eólica no mar ainda no terceiro governo Lula. O adiamento agrava a percepção de incerteza regulatória, enquanto paĆses vizinhos avanƧam rapidamente no setor.

Regulamentação e cronogramas ainda indefinidos
Segundo informaƧƵes do MinistĆ©rio de Minas e Energia (MME), a tramitação do leilĆ£o só ocorrerĆ” após a regulamentação do setor, que estĆ” prevista para o primeiro semestre de 2026. A decisĆ£o do Conselho Nacional de PolĆtica EnergĆ©tica (CNPE) de criar um grupo de trabalho com prazo de 270 dias intensifica a sensação de postergação entre empresas interessadas.
Com a data coincidente ao perĆodo eleitoral, hĆ” limitaƧƵes legais quanto Ć publicidade e atos administrativos, o que gera preocupação sobre a execução do leilĆ£o durante campanhas polĆticas.
Investidores internacionais migram para outros mercados
O cenÔrio incerto jÔ afastou investidores como a dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners (CIP) e a australiana Corio Generation, que adiaram aportes bilionÔrios por falta de cronogramas claros. Recursos estão sendo direcionados a mercados mais maduros, como ColÓmbia, Chile e Taiwan.
Para manter interesse, os investidores demandam clareza sobre regras e prazos. Sem isso, o Brasil corre o risco de perder competitividade no segmento global de energia eólica offshore.
Expectativas frustradas em meio Ć COP 30
A realização da COP 30 no Brasil, em Belém (PA), aumentou as expectativas da indústria para anúncios de leilões alinhados à agenda ambiental nacional. Contudo, o primeiro leilão de eólicas offshore não deve coincidir com o evento, adiando uma oportunidade de projeção internacional.
O debate sobre o setor é antigo e complexo, iniciado hÔ mais de sete anos, passando por diferentes governos e culminando na aprovação do marco legal em janeiro de 2025. Consultas públicas sobre a metodologia de cessão de Ôreas jÔ ocorreram, e o Ibama concedeu recentemente a primeira licença prévia para projeto piloto de 24,5 MW no Rio Grande do Norte, liderado pelo Senai.
Desafios do setor renovÔvel e sinergias com petróleo e gÔs
O paĆs enfrenta atualmente cortes de geração em eólicas e solares, fenĆ“meno conhecido como curtailment, mas aposta na geração offshoreĀ como alternativa para seguranƧa energĆ©tica e desenvolvimento de expertise local. A presenƧa consolidada da indĆŗstria de petróleo e gĆ”s offshore oferece oportunidades de sinergias importantes.
Contexto polĆtico e impactos na economia de energia
A corrida eleitoral de 2026 jÔ influencia decisões estratégicas do governo e afeta o setor energético. O recente revés da Medida Provisória do IOF (MP 1303/2025) reduziu a arrecadação prevista em R$ 35 bilhões e impacta diretamente investimentos em energia.
O leilĆ£o do prĆ©-sal tambĆ©m sofre ajustes: o governo revisarĆ” receitas de Ć”reas nĆ£o contratadas em campos como Atapu, Mero e Tupi, com expectativa de arrecadação de R$ 14,78 bilhƵes, necessitando Ć”gio de 45% sobre o valor mĆnimo definido pelo CNPE.
No mercado de petróleo, o preƧo do Brent fechou em alta a US$ 66,25 o barril, em meio a riscos geopolĆticos e aumento de estoques nos Estados Unidos. Enquanto isso, estados como Rio de Janeiro e Bahia avanƧam em projetos de infraestrutura e investimentos em óleo, gĆ”s e fertilizantes.
Energia limpa, biometano e hidrogĆŖnio verde
No plano de transição energética, eventos como o EVEX Lisboa discutem interconexão de redes, armazenamento e a chegada do hidrogênio verde. Empresas brasileiras, incluindo Itaipu Binacional e PotigÔs, avançam em certificação internacional de energia renovÔvel (I-RECs) e adaptação de redes para novas fontes.
O paĆs ainda enfrenta desafios em mapeamento de recursos estratĆ©gicos: 70% das riquezas naturais, como terras raras essenciais para a transição energĆ©tica, permanecem sem levantamento detalhado, segundo o presidente Lula.
ConclusĆ£o:Ā O setor de eólicas offshore no BrasilĀ avanƧa, mas de forma mais lenta do que investidores internacionais esperavam. A necessidade de regulamentação clara, alinhamento com agendas eleitorais e seguranƧa jurĆdica Ć© crucial para evitar que o paĆs perca oportunidades estratĆ©gicas em um mercado global cada vez mais competitivo.
Prazo para eólicas offshore no Brasil frustra investidores e adia oportunidades