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PREÇOS DA ENERGIA ELÉTRICA NO MERCADO LIVRE: ALTA SIGNIFICATIVA EM 2025

Como alguns que acompanham meus artigos já notaram, vez ou outra menciono a curva forward da BBCE. Considero essa ferramenta útil para entender o sentimento do mercado, embora nem sempre isenta de vieses — algo que quem lida com energia no dia a dia já aprendeu a observar com cautela.


PREÇOS DA ENERGIA ELÉTRICA NO MERCADO LIVRE: ALTA SIGNIFICATIVA EM 2025
PREÇOS DA ENERGIA ELÉTRICA NO MERCADO LIVRE: ALTA SIGNIFICATIVA EM 2025

Em 2025, essa curva tem refletido uma escalada expressiva nos preços do mercado livre de energia elétrica, impulsionada por fatores climáticos que impactam diretamente a geração hidrelétrica, responsável por cerca de 60% da capacidade instalada no país, segundo dados da EPE (2024). A redução na perspectiva de chuvas, aliada a taxas elevadas de evapotranspiração, tem pressionado fortemente os contratos negociados na plataforma EHUB.


Neste artigo, analiso essas tendências de preços, os efeitos do clima sobre o sistema e as estratégias de mercado — como os contratos Swap Físico — que têm ganhado espaço como forma de mitigar riscos em um cenário de incerteza crescente.



SITUAÇÃO ATUAL DOS PREÇOS


Os preços de energia no mercado livre registraram aumentos expressivos na última semana, conforme reportado pela BBCE em 16 de junho de 2025. Os contratos mais negociados, com vencimento em julho de 2025, subiram 20,81%, alcançando R$ 267,10 por MWh. Esses contratos movimentaram 881 GWh em 509 operações, totalizando R$ 207 milhões na plataforma EHUB, destacando a alta liquidez desse período.


Outros contratos também apresentaram elevações significativas:

  1. Agosto de 2025: Aumento de 22,09%, de R$ 270,08 para R$ 329,75 por MWh.

  2. Fim de 2025:

    1. Energia convencional: Alta de 12,44%, para R$ 328 por MWh.

    2. Energia incentivada: Alta de 11,16%, para R$ 358,80 por MWh.

  3. Produtos mensais e anuais: Todos os contratos mensais até setembro de 2025, o quarto trimestre de 2025, e os produtos anuais de 2026 e 2027 também registraram aumentos.


Além disso, nesta semana algumas comercializadoras estão negociando energia a preços ainda mais altos, entre R$ 290,00 e R$ 350,00 por MWh, enquanto a Eletrobrás, por exemplo, oferece a competitivos R$ 269,00 por MWh para grandes consumidores, refletindo a volatilidade do mercado.


FATORES CLIMÁTICOS


A principal causa dessa alta nos preços é a menor perspectiva de chuvas, que compromete a geração hidrelétrica. Segundo previsões climáticas da Organização Meteorológica Mundial (WMO), o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) deve permanecer em estado neutro até meados de 2026, com índices Niño variando em ±0,5°C da média histórica. No entanto, um gradiente leste-oeste nas temperaturas do Pacífico, com anomalias negativas de até -0,8°C na região Niño 4 e positivas de +0,6°C na região Niño 1+2, sugere condições semelhantes a uma La Niña fraca. No Atlântico, temperaturas 0,3°C acima da média aumentam a evapotranspiração em áreas tropicais.


No Brasil, as chuvas devem ser 30-40% abaixo da média no Atlântico equatorial e sudeste do Pacífico entre junho e agosto de 2025, com volumes entre 50-70 mm, contra 120 mm históricos. Isso pode reduzir as vazões em bacias como a do São Francisco em 10-15%, de 2.800 m³/s para 2.400 m³/s. No Sudeste, a evapotranspiração deve atingir 4,5 mm/dia, impulsionada por temperaturas 1,5°C acima da média (cerca de 28°C), impactando reservatórios como os da Cantareira, que operam entre 40-50% da capacidade em anos neutros.


Por outro lado, o noroeste da Amazônia pode registrar chuvas 20-25% acima da média, cerca de 200 mm contra 160 mm, aumentando as vazões na bacia do Madeira em 12%, de 18.000 m³/s para 20.200 m³/s. No entanto, temperaturas globais entre 1,2-1,8°C acima da média elevam a evapotranspiração em até 10%, reduzindo os ganhos hídricos. Esses fatores climáticos pressionam os reservatórios, aumentando a dependência de fontes mais caras e elevando os preços no mercado livre.


IMPACTO NOS AGENTES DO MERCADO


A alta nos preços afeta diretamente os agentes do mercado livre, incluindo comercializadoras, geradoras e consumidores. A volatilidade levou algumas comercializadoras a praticarem preços entre R$ 290,00 e R$ 335,00 por MWh, enquanto a Eletrobrás mantém preços competitivos a R$ 269,00 por MWh. Essa disparidade reflete estratégias distintas para lidar com a incerteza climática e a escassez hídrica. Empresas que dependem de contratos de curto prazo enfrentam custos mais altos, enquanto aquelas com contratos de longo prazo podem mitigar os impactos.


A volatilidade também foi observada em 2024, quando a negociação de contratos na BBCE triplicou, alcançando R$ 88,4 bilhões, devido a uma seca severa e aumento da carga, conforme reportado pela InfoMoney em 9 de janeiro de 2025. Esse cenário reforça a tendência de preços elevados em 2025, especialmente com a continuidade da seca.


CONTRATOS SWAP FÍSICO


Como sabemos, os preços da energia no mercado livre podem variar muito entre os submercados devido a fatores como o clima. Por exemplo, uma seca no Nordeste pode reduzir a água nos reservatórios hidrelétricos, diminuindo a geração de energia e aumentando os preços. Já no Sul, chuvas abundantes podem manter os preços mais baixos. Os contratos Swap Físico permitem que as empresas ajustem suas posições para evitar pagar preços altos em regiões afetadas.


Recentemente, a curva para contratos Swap Físico com vencimento em junho de 2025 encerrou a semana negativa em R$ 21,41, indicando que o mercado está se ajustando às condições climáticas (Preços de energia voltam a subir). Isso mostra que as empresas estão usando esses contratos para se protegerem contra a volatilidade de preços causada por chuvas abaixo da média.


PERSPECTIVAS PARA O FUTURO


As previsões para 2026 indicam a continuidade do ENOS em estado neutro, com chuvas 5-10% abaixo da média no Sudeste (de 150 mm para 135 mm por mês no verão) e aumento de 8% no Sul (de 180 mm para 195 mm). A evapotranspiração, com temperaturas médias de 27°C no Sudeste, pode reduzir os níveis dos reservatórios em mais 3-5%, especialmente na bacia do Paraná. Para 2027, modelos do IPCC (2023) apontam uma probabilidade 20% maior de secas severas, possivelmente devido a uma La Niña, com chuvas no Sudeste e Nordeste caindo 40-50% (de 120 mm para 60-72 mm por mês), reduzindo os reservatórios em 20-25%.


Para enfrentar esses desafios, o modelo GTEP sugere aumentar a capacidade eólica no Nordeste em 10-15%, de 20 GW para 23 GW, e investir em linhas de transmissão para escoar 5 GW adicionais do Sul. Tecnologias como baterias, com capacidade de 2 GW, podem gerenciar picos de demanda, enquanto barragens para regular vazões e sistemas de drenagem urbana podem minimizar perdas.


CONCLUSÃO


Os preços elevados da energia no mercado livre em 2025 — com contratos oscilando entre R$ 267,10 e R$ 358,80 por MWh — são consequência direta de um cenário climático desfavorável, marcado por chuvas abaixo da média histórica e evapotranspiração acentuada que compromete a geração hidrelétrica. A curva forward da BBCE Incentivada 50, observada no início de maio, já apontava esse movimento de alta, partindo de R$ 252,14/MWh em maio e saltando para patamares próximos a R$ 368/MWh entre julho e dezembro.


Embora algumas semanas recentes tenham dado sinais de acomodação ou recuo pontual, é fundamental que os consumidores não interpretem isso como tendência definitiva de queda. Pelo contrário: os valores da curva atual podem, sim, retornar ao patamar registrado em maio, ou até superá-lo, caso o cenário hidrológico continue se deteriorando ou as previsões climáticas não se confirmem.


Ou seja, não estamos apenas diante de uma alta passageira, mas de uma instabilidade que exige atenção redobrada.


Com a manutenção da seca até pelo menos 2026 e riscos crescentes de secas severas em 2027, o momento exige um olhar estratégico. Diversificar fontes de suprimento, utilizar instrumentos como contratos Swap Físico e antecipar a alocação de energia com inteligência são ações que se tornam cruciais.


O monitoramento contínuo das variáveis climáticas e os investimentos em infraestrutura de geração e transmissão serão determinantes para mitigar riscos e evitar surpresas desagradáveis em um mercado cada vez mais volátil.


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