QUEM PAGA A CONTA: MERCADO DE ENERGIA EM ALTA CONSTANTE E O IMPACTO PARA O CONSUMIDOR
- EnergyChannel Brasil

- 21 de out.
- 4 min de leitura
Por Arthur Oliveira

O Brasil vive um momento de inflexão no setor elétrico. A sanção da Medida Provisória nº 1.300/2025, agora convertida na Lei nº 15.235/2025, redesenha parte da estrutura de custos do sistema e reacende o debate sobre quem realmente paga a conta da energia. Enquanto consumidores livres e cativos devem arcar com aumentos estimados entre 5% e 12% nas tarifas, as grandes geradoras, como a Eletrobras, surfam uma onda de otimismo e valorização recorde no mercado financeiro.
O que para uns representa alívio social e expansão de programas como o Luz do Povo, para outros sinaliza o início de uma nova escalada tarifária e um mercado de energia mais caro, tanto no MWh negociado quanto na conta de luz residencial.
FATORES QUE IMPULSIONAM O AUMENTO NO CUSTO DA ENERGIA
1) Redistribuição de Encargos Setoriais
A Lei nº 15.235/2025 promoveu a redistribuição dos encargos setoriais, incluindo a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que financia políticas públicas no setor elétrico. Essa redistribuição resultou em um aumento significativo nos custos, com a CDE passando a representar uma parcela maior da tarifa final paga pelos consumidores. Estima-se que o custo adicional das medidas previstas na MP seja 101,4% superior aos R$ 6,7 bilhões inicialmente previstos, totalizando R$ 13,5 bilhões por ano.
2) Rateio dos Custos das Usinas de Angra 1 e 2
A geração de energia das usinas nucleares de Angra 1 e 2, anteriormente custeada pelo governo, passou a ser rateada entre todos os consumidores, incluindo os livres e regulados. Essa mudança aumentou os encargos para os consumidores, com impacto médio estimado entre R$ 4 e R$ 8 por MWh. Esse arranjo beneficia principalmente o Estado do Rio de Janeiro, que é o maior consumidor da energia produzida por Angra 1 e 2.
3) Expansão do Mercado Livre de Energia
A abertura gradual do mercado livre de energia, prevista na Lei nº 15.235/2025, permite que mais consumidores escolham seus fornecedores. Embora essa medida tenha o potencial de reduzir custos para alguns, ela também pode levar a um aumento nos preços médios da energia, especialmente se a demanda por energia no mercado livre crescer mais rapidamente do que a oferta.
4) Aumento nos Preços no Mercado de Curto Prazo
Os preços no mercado de energia elétrica também têm mostrado tendência de alta. Contratos para o quarto trimestre de 2025 atingiram R$ 310/MWh, representando um aumento de 14% em relação aos níveis observados anteriormente. Essa elevação nos preços de curto prazo reflete, entre outros fatores, a escassez de oferta e a alta demanda por energia .
ESCALADA DOS PREÇOS NO MERCADO DE ENERGIA
1) Tendência de alta no MWh
Enquanto a MP 1.300/2025 redistribui encargos e amplia subsídios, o mercado de energia elétrica já sente uma tendência de alta consistente no preço do MWh.
No ambiente de contratação livre, os preços de curto prazo subiram cerca de 14% no terceiro trimestre de 2025, e projeções indicam valores médios acima de R$ 300/MWh para o início de 2026. Essa alta reflete uma combinação de fatores:
pressões estruturais de demanda;
reajustes de encargos setoriais;
condições hidrológicas adversas;
e custos crescentes de reserva de capacidade.
A ELETROBRAS E O “PREMIO DA ESCASSEZ”
Em meio à escalada dos custos de energia, a Eletrobras desponta como uma das grandes vencedoras do cenário atual. Com um parque gerador majoritariamente hidrelétrico, a companhia dispõe de ampla flexibilidade para negociar contratos a preços mais elevados, aproveitando-se da volatilidade e da redução da oferta no mercado livre.
As ações ordinárias da estatal privatizada acumulam valorização superior a 70% em 2025, impulsionadas pela perspectiva de preços mais altos e pela revisão dos modelos de precificação da energia. O banco UBS BB elevou o preço-alvo dos papéis, destacando o chamado “prêmio de modulação” a capacidade da empresa de ajustar sua oferta e maximizar margens em períodos de escassez.
O encarecimento da energia negociada no mercado de curto e médio prazo acaba sendo repassado às distribuidoras e, inevitavelmente, às tarifas finais. Assim, o mesmo movimento que impulsiona os lucros da Eletrobras reforça a pressão inflacionária da conta de luz, que já responde por mais de 6% do IPCA em 2025, ampliando o peso da energia sobre famílias e o setor produtivo.
CONSUMIDOR PAGA
A MP 1.300/2025 foi apresentada com o discurso de “justiça tarifária” e “energia para todos”, mas o efeito prático aponta para um aumento generalizado dos custos — tanto pela redistribuição de encargos quanto pela alta natural do mercado de energia.
A matemática do setor elétrico é implacável: cada subsídio criado em nome da justiça tarifária significa um reajuste silencioso na conta de quem não é beneficiado.
CONCLUSÃO
O aumento nos custos de energia elétrica no Brasil, impulsionado por mudanças regulatórias e condições de mercado, representa um desafio para consumidores e empresas. É essencial que políticas públicas sejam implementadas para mitigar os impactos negativos, promovendo a eficiência energética e a transparência na formação dos preços. Além disso, é importante que os consumidores estejam cientes das mudanças e busquem alternativas para gerenciar seus custos de energia de forma eficaz.
QUEM PAGA A CONTA: MERCADO DE ENERGIA EM ALTA CONSTANTE E O IMPACTO PARA O CONSUMIDOR












Pois é. Está na hora do consumidor buscar novas alternativas ao mercado livre de energia, como a autoprodução por locação de ativos, aliadas a um gerenciamento mais preciso de sua carga, para reduzir custos, mitigar riscos e garantir maior previsibilidade no consumo energético.
Boa tarde a todos, legal Arthur.
Muito bom.
Parabéns Arthur, ótimo conteúdo.