Sob ataque — e crescendo: como o mercado solar resiste ao lobby global da energia
- EnergyChannel Brasil
- há 4 dias
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CFO @SUN-I Solar Energy USA / CEO Renew Energia BR
O setor solar, de baterias e recarga veicular vive um paradoxo. De um lado, enfrenta tarifas novas, medidas provisórias controversas, campanhas de desinformação e pressões das grandes corporações de energia. De outro, continua crescendo — e rápido. A pergunta que não quer calar é: como?

O jogo do poder:
O lobby que não dorme. Em todo o mundo, o lobby das fontes fósseis e das concessionárias tradicionais tenta frear o avanço das renováveis. O argumento muda conforme o país: ora dizem que a energia solar é 'subsidiada', ora que 'prejudica a rede'. No Brasil, isso se traduziu em tentativas legislativas e regulatórias para restringir a geração distribuída. A boa notícia é que a reação do mercado e das entidades técnicas tem sido igualmente forte.
Lei 14.300: um escudo legal, ainda que permeável.
O marco legal da micro e minigeração distribuída, sancionado em 2022, trouxe estabilidade mínima para quem investe em solar. A Lei 14.300/22 garantiu regras claras de compensação, prazos de transição e segurança jurídica para projetos já protocolados até janeiro de 2023 válidos até 2045. Foi uma vitória da articulação do setor, liderada por entidades como a ABSOLAR, deixou passar uma serie de bombas relógio e indefinições que nos deixaram a mercê do jogo político. Mas o escudo não é invencível.
MP 1300 e MP 1304: o retorno das ameaças
Em 2025, a MP 1300 tentou alterar dispositivos do setor elétrico e incluir encargos que afetariam diretamente a geração distribuída. Graças à mobilização técnica e política, os trechos mais nocivos foram retirados antes da aprovação. Mas a nova MP 1304 reintroduziu parte das ameaças, sob o argumento de 'corrigir distorções tarifárias'. Cada nova MP representa uma quebra de previsibilidade, o que reduz investimentos e aumenta o custo de capital.
Enquanto isso, lá fora…
Os EUA desligam o incentivo Nos Estados Unidos, o mercado solar passou por um verdadeiro apagão de incentivos durante o governo Trump. A dedução fiscal de 30% — o Investment Tax Credit (ITC) — foi suspensa ou reduzida. Programas como o Solar for All, que financiavam projetos residenciais de baixa renda, foram cancelados. Mesmo assim, a combinação de queda de custos e força dos estados manteve o setor vivo. A lição é clara: depender apenas de incentivos é arriscado.
Brasil vs. EUA: dois caminhos diferentes sob o mesmo sol
Por que então o mercado solar segue crescendo
Custos em queda, inovação técnica, novos modelos financeiros, mobilização institucional e força da demanda. Mesmo sob ataque, o setor amadurece e ganha autonomia econômica. Hoje, energia solar é infraestrutura essencial — não apenas uma alternativa.
A resposta à pergunta
Diante de tarifas, lobby e incertezas, o mercado solar continua crescendo porque não depende mais só da vontade política. Depende da maturidade tecnológica, da força da sociedade civil, da pressão dos consumidores e de modelos de negócio adaptáveis. O que antes era 'energia alternativa' hoje é infraestrutura essencial.
E por isso a resposta é simples: Porque o sol não faz lobby e, como a água, quando encontra barreiras, não recua: contorna, avança e as dissolve com a força radiante que constrói um futuro melhor.
Sob ataque — e crescendo: como o mercado solar resiste ao lobby global da energia
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