Brasil leva expertise meteorológica para geração de energia solar na Islândia
- João Hackerott, CEO da Tempo OK
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Por: João Hackerott, CEO da Tempo OK

Previsões precisas são os dados essenciais para tomar melhores decisões estratégicas. Assim como no xadrez, para vencer é preciso entender como cada peça se movimenta, planejar ataques e defesas a longo prazo, antecipar os movimentos do adversário, evitar decisões impulsivas e contar com experiência e prática.
Da mesma forma, para explorar o potencial solar de um país como a Islândia, é necessário conhecer detalhadamente a “posição das peças”: a intensidade da radiação, a topografia, a melhor orientação dos painéis e as condições climáticas ao longo do ano. Sem essas informações, qualquer investimento se torna arriscado e pouco eficiente.
E, para desenvolver um sistema direcionado de previsões, esta ilha de clima rigoroso no norte da Europa conta com a experiência de meteorologistas da Tempo OK, aqui do Brasil, que sabem muito bem como cada detalhe do tempo influencia a geração fotovoltaica.
É exatamente para fornecer essa visão completa que a Tempo OK, em parceria com a Belgingur, desenvolveu uma nova base de dados de radiação solar para a Islândia. Com mais de 30 anos de histórico e resolução de 2 km, a plataforma permite analisar o potencial solar de cada região do país, considerando fatores como topografia e geometria dos painéis, como um jogador de xadrez que enxerga todo o tabuleiro antes de cada movimento.
Essa precisão possibilita a criação de mapas solares detalhados e eficazes para orientar a instalação de projetos e maximizar o aproveitamento da energia solar. Além disso, é possível realizar a prospecção solar para qualquer ponto da Islândia, garantindo uma análise confiável e otimizada do potencial energético.
A base integra dados do modelo WRF, observações de satélites de órbita polar, modelos digitais de elevação (DEM) e técnicas avançadas de deep learning, proporcionando uma visão completa e detalhada do potencial solar no país.
A Islândia é um país nórdico insular no Atlântico Norte. Atualmente, devido à localização geográfica próxima ao Polo Norte, não há satélites geoestacionários que possam fornecer dados completos e de alta resolução (conforme Figura 1). Os dados disponíveis provêm de satélites de órbita polar, com baixa frequência de atualização, o que dificulta a criação de mapas solares precisos e abrangentes.

Apesar disso, a Islândia já se destaca como referência mundial em energias renováveis, com destaque para a energia geotérmica e hidrelétrica. A capital, Reykjavik, é um exemplo dessa liderança: é uma das cidades mais limpas do mundo em termos de emissões de CO₂ e possui o maior sistema de aquecimento geotérmico do planeta, fornecendo calor natural a residências e edifícios desde 1930. Entre 1944 e 2006, o país conseguiu reduzir 110 milhões de toneladas de CO₂, evitando cerca de 4 milhões de toneladas de emissões anuais.
Com a nova base de dados de radiação solar, especialistas esperam que a Islândia possa explorar também o seu potencial solar de maneira mais estratégica e eficiente, impulsionando a expansão das energias renováveis. No caso do Brasil, temos orgulho de ver nossa expertise tecnológica e analítica sendo reconhecida mundo afora e reforçando o papel do país como referência em inovação energética.

João Hackerott é meteorologista, doutor em Ciências Atmosféricas (USP/UiB-Noruega) e CEO da Tempo OK, uma das maiores empresas de meteorologia do Brasil. Lidera o fornecimento de dados climáticos para +70 comercializadoras, +10 distribuidoras e +600 usinas eólicas e solares. É especialista em modelagem numérica, geração renovável e eventos extremos, com atuação técnica no Brasil e no exterior.
Brasil leva expertise meteorológica para geração de energia solar na Islândia








