China estabelece metas firmes até 2035 e mira 3,6 TW em solar e eólica
- EnergyChannel Brasil
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Em uma virada estratégica rumo à transição energética, a China definiu pela primeira vez uma meta absoluta de redução de emissões para toda a sua economia um movimento que pode redefinir seu papel no palco climático global.
Durante discurso virtual perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Xi Jinping anunciou as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do país, com foco em neutralidade climática e energias renováveis. (en.cppcc.gov.cn)

Principais compromissos anunciados
Redução líquida de gases de efeito estufa (GEE) em 7% a 10% em relação ao pico de emissões, até 2035. (Instituto de Recursos Mundiais)
Atingir participação de mais de 30% de fontes não fósseis no mix energético nacional. (PV Tech)
Elevar a capacidade instalada de geração solar e eólica para 3,6 TW (terawatt), ou seja, mais de seis vezes o nível registrado em 2020. (PV Tech)
Expandir os estoques florestais do país para mais de 24 bilhões de metros cúbicos como mecanismo de sequestro de carbono. (Instituto de Recursos Mundiais)
Transformar veículos elétricos e de nova energia na maioria das vendas futuras de automóveis. (Instituto de Recursos Mundiais)
Segundo o governo chinês, essas metas deverão sustentar tanto o compromisso com o Acordo de Paris como a ambição nacional de atingir neutralidade de carbono até 2060.
O tamanho do desafio
Embora audaciosa, a meta de 3,6 TW em energias solar + eólica exige um esforço de expansão contínua até 2035. A China, que já possui cerca de 1,4 TW de capacidade instalada combinada (solar + eólica) até o fim de 2024, precisará sustentar taxas médias de adição de novas usinas de 150 a 180 GW por ano.
A meta de redução de emissões entre 7% a 10% em relação ao pico é uma novidade: até então, o país vinha definindo metas relativas (intensidade de carbono por unidade de PIB, por exemplo). Esse é o primeiro compromisso absoluto de corte para toda a economia chinesa.
Analistas apontam que o intervalo proposto é relativamente modesto quando comparado às expectativas climatológicas globais, mas também acreditam que a China pode superar esse patamar, dado o ritmo acelerado de implantação de renováveis no país.
Repercussões e implicações globais
Como principal emissor mundial de CO₂, os compromissos da China carregam especial peso para o cumprimento das metas globais de aquecimento abaixo de 1,5 °C.
Organismos como o World Resources Institute saudaram a iniciativa como um passo relevante especialmente por incluir gases além do CO₂ e por definir uma meta absoluta de corte. (Instituto de Recursos Mundiais) No entanto, algumas entidades de monitoramento climático, como o Climate Action Tracker, consideram os novos alvos “altamente insuficientes” para manter o alinhamento com cenários compatíveis com 1,5 °C. (climateactiontracker.org)
Para o setor energético, a decisão reforça a tendência global de migração para modelos de geração renovável e eletrificação do transporte. Empresas que atuam nos segmentos de energia limpa, armazenamento e infraestrutura de rede terão novas janelas de oportunidade especialmente para expandir linhas de transmissão, integrar fontes variáveis e investir em inovação tecnológica.
Expectativas até 2030 e o papel da COP30
Com a COP30 programada para novembro no Brasil, o anúncio chinês chega num momento estratégico. Espera-se que outras grandes economias apresentem seus novos NDCs até 2035, e os compromissos da China podem exercer pressão diplomática adicional. Para 2030, a China já cumpriu antecipadamente sua meta de 1,2 TW em solar + eólica seis anos antes do prazo estipulado.
A atenção global agora recai sobre os mecanismos de implementação: como o país vai estruturar políticas regulatórias, financiamento verde, leilões de energia e mecanismos de mercado de carbono para concretizar esses objetivos. Resta saber se os anúncios servirão de base para ações ambiciosas e entregas concretas nos próximos anos.
China estabelece metas firmes até 2035 e mira 3,6 TW em solar e eólica