Ford redireciona fábrica de baterias nos EUA para armazenamento de energia e anuncia corte de 1.500 postos de trabalho
- EnergyChannel Brasil
- há 1 hora
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Por EnergyChannel
A Ford Motor Company confirmou uma profunda reconfiguração de sua estratégia industrial nos Estados Unidos ao decidir converter uma fábrica de baterias no estado do Kentucky, originalmente projetada para atender o mercado de veículos elétricos, em uma nova operação voltada ao armazenamento de energia em larga escala. A mudança terá impacto direto no emprego local, com a previsão de demissão de cerca de 1.500 trabalhadores.

A unidade fica no condado de Hardin, na região de Glendale, e entrou em operação recentemente como parte de um ambicioso plano da montadora para fortalecer sua cadeia de baterias para veículos elétricos. Agora, diante da combinação de demanda abaixo do esperado por elétricos e mudanças no ambiente regulatório norte-americano, a Ford optou por reposicionar o ativo para atender um segmento em rápida expansão: os sistemas de armazenamento de energia baseados em baterias.
Novo foco: baterias para a transição energética
Com a conversão da planta, a Ford passa a mirar aplicações como data centers, concessionárias de energia e grandes consumidores industriais e comerciais. A estratégia prevê a fabricação de células prismáticas de fosfato de ferro-lítio (LFP), além de módulos e sistemas completos de armazenamento em contêineres industriais.
A empresa anunciou um investimento de aproximadamente US$ 2 bilhões ao longo dos próximos dois anos para estruturar o novo negócio, com a meta de implantar pelo menos 20 GWh por ano em capacidade de armazenamento até o fim de 2027. O movimento sinaliza uma aposta clara no crescimento da infraestrutura energética necessária para suportar fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica.
Reestruturação e impacto no emprego
Apesar da perspectiva de longo prazo, a transição trará efeitos imediatos para a força de trabalho. A expectativa é que todos os atuais cerca de 1.500 funcionários da fábrica sejam desligados durante o processo de conversão. Após a reestruturação, a operação deverá empregar aproximadamente 2.100 pessoas, com possibilidade de recontratação de parte dos profissionais desligados, ainda sem cronograma definido.
A fábrica vinha passando por um período de incerteza desde que planos iniciais de expansão — que incluíam uma segunda unidade de grande porte foram suspensos, em meio à desaceleração do mercado de veículos elétricos nos EUA.
Mudanças estratégicas mais amplas
A decisão no Kentucky ocorre em paralelo a uma revisão mais ampla do portfólio de eletrificação da Ford. A montadora anunciou recentemente o cancelamento de alguns modelos elétricos e reconheceu uma baixa contábil bilionária associada a esses projetos. A empresa também reafirmou, no entanto, que segue com o desenvolvimento de uma nova picape elétrica e de uma plataforma universal de veículos elétricos, com produção prevista para começar em 2027 em outra unidade no estado.
No campo institucional, o projeto de Glendale também passa por ajustes nos acordos de incentivos públicos firmados com o governo estadual, refletindo a mudança de escopo da operação e seus impactos econômicos.
Entre cautela e expectativa
Autoridades locais e estaduais têm adotado um tom misto de preocupação e expectativa em relação ao futuro da planta. O consenso é que haverá desafios relevantes no curto prazo, sobretudo para os trabalhadores afetados, mas que o reposicionamento pode garantir a continuidade do investimento industrial na região e alinhar o Kentucky a uma nova fase da transição energética.
Para o EnergyChannel, o movimento da Ford reforça uma tendência cada vez mais clara no setor: enquanto o ritmo de adoção dos veículos elétricos enfrenta oscilações, o armazenamento de energia se consolida como um pilar estratégico da nova matriz energética global atraindo investimentos, redefinindo cadeias produtivas e redesenhando o mapa industrial da energia.
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