Mulheres da Energia 2025: Biometano, geração distribuída e protagonismo feminino marcam edição histórica em São Paulo
- EnergyChannel Brasil
- há 2 dias
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Por Ricardo Honório – EnergyChannel
A quarta edição do Congresso Brasileiro Mulheres da Energia, idealizado por Lúcia Abadia, reuniu em São Paulo lideranças femininas e especialistas do setor para debater os caminhos da transição energética no Brasil. O evento se consolidou como a principal plataforma de liderança feminina do setor elétrico na América Latina, onde inovação, negócios e políticas públicas caminham lado a lado.
Entre os destaques, a subsecretária de Energia e Mineração da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Marisa Barros, apresentou as estratégias do governo paulista para avançar na agenda climática, ampliar a participação de renováveis e impulsionar soluções de transporte sustentável.
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Transporte sustentável: o papel estratégico do biometano
Durante sua participação no congresso e em entrevista ao EnergyChannel, Marisa destacou que o setor de transportes responde por cerca de 35% das emissões de gases de efeito estufa do estado – uma das maiores fatias da matriz de emissões. Para enfrentar esse desafio, o biometano foi apresentado como solução estratégica até 2050.
“O biometano pode substituir o diesel em ônibus e caminhões pesados de forma adaptável, aproveitando a infraestrutura já existente do gás natural. Isso garante viabilidade imediata, reduz emissões e cria um caminho realista rumo à neutralidade de carbono”, afirmou a subsecretária.
Hoje, São Paulo possui capacidade instalada de 300 mil m³/dia de biometano, mas o potencial mapeado chega a 6,4 milhões de m³/dia. Para acelerar a demanda, o governo aprovou a isenção de IPVA para ônibus e caminhões movidos a gás natural veicular, incentivando a substituição da frota a diesel por veículos compatíveis com o uso do biocombustível.
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Políticas públicas e licenciamento ambiental
Marisa reforçou que a expansão do biometano e de outras renováveis depende de segurança regulatória. Nesse sentido, o Estado criou procedimentos específicos de licenciamento ambiental para projetos de biometano, em parceria com a CETESB e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
“Agora os investidores sabem quais documentos apresentar e em quanto tempo podem esperar a liberação, o que acelera a instalação de novos empreendimentos”, explicou.
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Geração distribuída e edifícios inteligentes
Outro eixo destacado foi a descentralização energética. São Paulo já tem 60% de renováveis na oferta primária de energia, contra 50% da média nacional e apenas 15% da OCDE.
Na matriz elétrica, o índice é ainda mais expressivo: quase 100% da eletricidade gerada no estado é renovável. Porém, como essa produção cobre apenas 45% da demanda, ainda há forte dependência do Sistema Interligado Nacional.
“A geração distribuída, aliada a edificações inteligentes e eficientes, é essencial para reduzir perdas e aumentar a segurança energética local. Quanto mais gerarmos dentro do estado, menor será a dependência externa”, ressaltou Marisa.
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O papel do Congresso e a visão de Lúcia Abadia

Para além dos números, o Congresso Mulheres da Energia mostrou que nenhuma solução terá êxito sem políticas públicas consistentes. É justamente esse o papel defendido por sua idealizadora, Lúcia Abadia: aproximar o setor privado, a academia e o poder público para transformar propostas em realidades concretas.
Sob sua liderança, o congresso já se tornou um espaço de articulação institucional, onde documentos oficiais, como a Carta das Mulheres da Energia para a COP30, são elaborados e entregues a autoridades, garantindo que a voz feminina esteja presente nas grandes decisões sobre o futuro energético do Brasil.
“Nosso congresso não é apenas um evento. É uma plataforma de construção de soluções, e sem o alinhamento com o poder público, essas soluções não chegam ao campo real. É essa ponte que buscamos construir aqui”, destacou Lúcia Abadia.
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Conclusão: protagonismo coletivo e futuro sustentável
Com painéis que abordaram biometano, baterias, mobilidade elétrica, regulação e políticas públicas, a edição de 2025 reafirmou a missão do congresso: mostrar que o futuro energético do Brasil depende da soma de inovação, diversidade e diálogo com o poder público.
A simbologia da abertura – a flor de lótus, resiliente mesmo em águas turbulentas – representou não apenas a força das mulheres, mas também o espírito de um evento que se torna cada vez mais central para o futuro da energia no Brasil.
Mulheres da Energia 2025: Biometano, geração distribuída e protagonismo feminino marcam edição histórica em São Paulo
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