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O sol brilha à noite graças às baterias que transformam a energia solar

Por Vitor Piva, Diretor Executivo Erco Energia


O sol brilha à noite graças às baterias que transformam a energia solar
O sol brilha à noite graças às baterias que transformam a energia solar

 

A transição energética avança em ritmo acelerado, mas ainda enfrenta um desafio crucial. A fonte solar, apesar de já representar mais de 60 GW de potência instalada no Brasil, não gera nos horários em que a sociedade mais consome energia. Ao meio-dia, quando os painéis produzem em máxima potência, o consumo ainda é moderado. À noite, quando a população aciona luzes, climatização, eletrodomésticos e inicia o carregamento de carros elétricos, a produção já é nula. Essa contradição pressiona o sistema elétrico, força o uso de fontes térmicas mais caras e poluentes e desperdiça parte de um potencial renovável que poderia ser melhor aproveitado.


Diante disso, a tecnologia de Sistemas de Armazenamento de Energia surgiu para equilibrar essa equação. O funcionamento é simples de compreender, pois a bateria armazena o excedente gerado durante o dia e devolve à rede no momento em que a demanda cresce. Assim, a energia solar deixa de ser uma fonte intermitente e passa a ser confiável, previsível e útil também nos períodos de maior consumo. Para o gestor industrial, o benefício é ainda mais direto. As baterias permitem reduzir a demanda nos horários críticos, funcionam como reserva em casos de falha de fornecimento e podem auxiliar na gestão de custos ao deslocar consumo para momentos mais baratos.


A Colômbia já colocou em prática esse conceito com o projeto La Martina, em Paratebueno, que integra geração fotovoltaica e baterias em larga escala. O sistema conta com 6,9 MWh de capacidade instalada em baterias com refrigeração líquida e controles digitais inteligentes. A inovação permitirá a injeção de 2.200 MWh anuais na rede elétrica, evitando desperdício e reduzindo aproximadamente 339 toneladas de CO₂, o equivalente ao plantio de 2.372 árvores. Para dimensionar, uma descarga completa das baterias de La Martina seria capaz de carregar cerca de 495 mil celulares de uma só vez.


Enquanto isso, o Brasil ainda não conta com projetos desse porte, em grande parte por questões regulatórias. Até agosto de 2025 não havia regras claras sobre como os sistemas de armazenamento poderiam se conectar à rede, ser remunerados ou participar do mercado de energia. Esse cenário começou a mudar com a publicação da Nota Técnica Conjunta nº 13 da ANEEL, que estabeleceu conceitos e enquadramentos jurídicos, reconheceu o SAE autônomo como Produtor Independente de Energia, permitiu colocalização com usinas e consumidores e abriu espaço para serviços ancilares como a estabilização de frequência. O debate sobre tarifas ainda está em andamento, mas a regulação começa a construir as bases necessárias para que projetos semelhantes ao colombiano sejam viáveis no país.


Mesmo antes de um marco regulatório completo, já existem alternativas práticas em operação no Brasil. Consumidores industriais passaram a adotar baterias atrás do medidor em sistemas conhecidos como zero export. Nessa configuração, a energia excedente não é injetada na rede, mas armazenada localmente. A solução ganhou respaldo normativo recente e tornou-se particularmente atrativa em estados como a Bahia, onde a tarifa no horário de ponta pode ser até 3,6 vezes mais alta que no período fora de ponta. Para o cliente industrial, associar geração solar a baterias significa reduzir a exposição a tarifas elevadas e conquistar previsibilidade nos custos de energia.


A trajetória colombiana serve de exemplo para o mercado brasileiro. O projeto La Martina é liderado pela Erco Energia, empresa com mais de uma década de atuação em renováveis e presença crescente no Brasil. A companhia recebeu em março de 2025 um aporte de US$ 20 milhões do Norfund, fundo de desenvolvimento do governo da Noruega, como parte de um pacote de US$ 50 milhões voltado a acelerar projetos solares e de armazenamento na América Latina. Desde que iniciou operações no Brasil em 2022, a Erco já direciona investimentos para replicar o modelo de integração entre geração solar, baterias e gestão digital.


O avanço da regulação brasileira definirá o ritmo dessa transformação. A energia solar não precisa mais ser uma fonte intermitente limitada ao ciclo do sol. Com a adoção de sistemas de armazenamento em larga escala, a matriz elétrica pode combinar maior previsibilidade com sustentabilidade, reduzindo custos e emissões. A experiência da Colômbia mostra que a tecnologia está pronta. Resta ao Brasil acelerar o marco regulatório e criar condições para que o sol continue brilhando também no horário de pico.

*Vitor Piva atua como Diretor Executivo da Erco Energia, conduzindo estratégias de transformação do setor energético.


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4 comentários

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Vitor
há 5 horas
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Muito bom, reforça o potencial das baterias para tornar a energia solar mais confiável!

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Vitor
há 5 horas
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Obrigado, EnergyChannel

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Bruno
há 5 horas
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Que bacana!! Espero que o Brasil não fique para trás nesse assunto

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Daniel
há 5 horas
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Excelente, precisamos avançar nessa regulação!

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