top of page

PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS

O setor elétrico brasileiro, em 2024, mais uma vez mostrou uma face preocupante: as perdas de energia, que alcançaram 14,0% da energia injetada nas redes de distribuição. Isso corresponde a um volume colossal de 84,8 TWh, energia suficiente para abastecer vários estados brasileiros por meses, mas que foi literalmente desperdiçada entre geração e consumo final. Dividem-se essas perdas em 44,6 TWh (7,4%) de perdas técnicas e 40,2 TWh (6,6%) de perdas não técnicas. Esses números são inaceitáveis em um setor que movimentou mais de R$ 400 bilhões em receitas em 2024 e impactam diretamente tarifas, encargos e a competitividade econômica do país.


AS PERDAS TÉCNICAS: UM MAL FÍSICO, MAS AMPLIFICADO PELA INFRAESTRUTURA PRECÁRIA

As perdas técnicas são inevitáveis: decorrem do transporte da energia, da resistência dos cabos, perdas em transformadores e subestações. Em 2024, o custo tarifário dessas perdas foi de R$ 11,2 bilhões, valor que acaba incorporado nas contas de todos os consumidores. O problema não é só que elas existam, mas seu tamanho: no Norte, o índice foi de 10,2%; no Nordeste, 8,4%; no Centro-Oeste, 7,1%; no Sudeste, 6,2%; e no Sul, 5,7%.


PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS
PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS

 Essas diferenças mostram como a infraestrutura desigual do país amplifica as perdas. Redes longas, equipamentos antigos e baixa densidade populacional aumentam os desperdícios. Em países da OCDE, as perdas técnicas raramente ultrapassam 5%.


AS PERDAS NÃO TÉCNICAS: O RETRATO DO DESCASO E DO CRIME

O verdadeiro escândalo do setor são as perdas não técnicas, que somaram 40,2 TWh e custaram ao setor cerca de R$ 10,3 bilhões em 2024. A ANEEL reconheceu R$ 7,1 bilhões como perdas eficientes para repasse às tarifas, o que corresponde a 2,85% da receita requerida ou 9,22% da Parcela B. O restante (cerca de R$ 3,2 bilhões) foi prejuízo direto das distribuidoras.

 Concessionárias como Light (RJ) e Amazonas Energia (AM) são líderes absolutas do desperdício, com 34,1% das perdas não técnicas nacionais. Outras concessionárias com grande contribuição para o problema são Equatorial Pará (PA), Enel RJ, Celpe (PE), Enel CE, Coelba (BA) e Neoenergia PE.


PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS
PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS

Como visto no gráfico, as perdas não técnicas estão concentradas no Norte (19,5%) e Nordeste (13,5%) da energia injetada, enquanto no Sul o índice cai para 4,8%.


COMO O CONSUMIDOR LIVRE É IMPACTADO

Engana-se quem pensa que o consumidor livre está imune a essas perdas. Apesar de não arcar diretamente com a compra da energia perdida, ele sofre os efeitos colaterais em diversas frentes. As TUST e TUSD, tarifas de uso do sistema, são calculadas considerando o volume total de energia transportada, incluindo o excesso necessário para compensar as perdas. Isso significa que o consumidor livre está pagando para utilizar uma rede ineficiente.


Além disso, as perdas aumentam o custo sistêmico, levando o Operador Nacional do Sistema a acionar fontes caras (como usinas térmicas) para cobrir o déficit, pressionando o PLD e os encargos setoriais como o ESS, que são repassados ao mercado como um todo. Ou seja, o consumidor livre paga, sim — na forma de encargos mais altos e tarifas de acesso infladas pela ineficiência.


EVOLUÇÃO DAS PERDAS E A AÇÃO DA REGULAÇÃO

Desde 2008, o país reduziu as perdas não técnicas no mercado de baixa tensão de 16,2% para 10,6%. Mas essa evolução tem sido lenta, como mostra o gráfico a seguir.


PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS
PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS

 O modelo de regulação por incentivos da ANEEL, baseado em benchmarking e ranking de complexidade, não tem produzido o impacto necessário. As glosas, embora crescentes (de R$ 1 bilhão em 2012 para R$ 3 bilhões em 2024), não conseguiram reduzir substancialmente as perdas reais.


O QUE DEVERIA ESTAR SENDO FEITO

A resposta para o problema das perdas de energia no Brasil está em ações integradas, firmes e urgentes. A modernização das redes, com uso de medidores inteligentes, telemetria, fiscalização eletrônica e automação, já não é mais uma opção: é uma obrigação imediata diante da magnitude do desperdício e do impacto nas tarifas. O Brasil já dispõe das tecnologias e dos modelos regulatórios necessários para reduzir essas perdas; o que falta é execução concreta e compromisso real com resultados.


PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS
PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS

 A ANEEL deve vincular a renovação das concessões e os direitos tarifários ao cumprimento de metas reais e anuais de redução de perdas, É inaceitável que concessionárias sigam operando com níveis tão altos de perdas sem contrapartidas rigorosas para manter seus contratos e benefícios.


Por sua vez, o poder público precisa atuar na raiz do problema, com políticas estruturantes de inclusão social, regularização fundiária e acesso formal à energia elétrica.


A exclusão social e a precariedade urbana não podem continuar servindo como justificativa para o colapso de um sistema que deveria ser eficiente, justo e sustentável. Onde há pobreza extrema, o furto de energia muitas vezes é visto como uma necessidade e não como crime, e por isso a solução exige um esforço conjunto entre Estado, regulador e empresas. Não podemos continuar repassando ao consumidor regular o custo da ineficiência e da conivência com o desperdício.


CONCLUSÃO

O relatório de 2024 escancara um problema estrutural do setor elétrico brasileiro. As perdas de energia, especialmente as não técnicas, são um fardo para todos: consumidores cativos e livres, empresas e o próprio desenvolvimento econômico do país. Não há mais espaço para complacência. É preciso modernizar as redes, endurecer os mecanismos regulatórios, atrelar metas de redução ao direito de operar e envolver o Estado em ações que combatam as causas sociais do furto de energia. Cada megawatt perdido por ineficiência ou crime é um megawatt pago por quem faz o certo. Isso precisa mudar.


Fonte: Relatório Perdas de Energia Elétrica na Distribuição 2024/2025, Superintendência de Gestão Tarifária e Regulação Econômica – ANEEL.


PERDAS DE ENERGIA NO BRASIL: O PESO DA INEFICIÊNCIA QUE TODOS PAGAMOS

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Foxess-300x300-1.gif
Solis-300x300-1.gif
SOLUÇÕES PARA FIXAÇÃO (715 x 115 px) (120 x 600 px).gif
120x600.gif
1.png
Brazil_Web-Banner_120 × 600.gif
120 × 600.gif
EnergyChannel
EnergyChannel Brasil

Canal Internacional
Correspondentes dedicados em cada nação.

Nossos Serviços:
  • Presença digital abrangente em 10 países, com site e aplicativo
  • Transmissão de TV e WEBTV Internacional
  • Anuário de Inovações Energéticas Internacional
  • EnergyChannel Academy

Nossos canais:
Global
China
Itália
México
Brasil
Índia
França
Alemanha
Estados Unidos
Coreia do Sul  

Acompanhe-nos para se manter informado sobre as últimas inovações e tendências no setor energético!
Central de Relacionamento

Telefone e WhatsApp
+55 (11) 95064-9016
 
E-mail
info@energychannel.co
 
Onde estamos
Av. Francisco Matarazzo, 229 - conjunto 12 Primeiro Andar - Bairro - Água Branca | Edifício Condomínio Perdizes Business Center - São Paulo - SP, 05001-000
QuiloWattdoBem
Certificações
Empresa associada ao QuiloWattdoBem
www.quilowattdobem.com.br
Saiba Mais

Quem Somos

Guia do Consumidor

Assinatura


Fale Conosco

Ajuda


Mapa do Site
Links Relacionados

Notícias

Sustentabilidade

Energia Renovável


Mobilidade Elétrica

Hidrogênio

Armazenamento de Energia

​​

EnergyChannel Group - Especializada em notícias sobre fontes renováveis

Todos os direitos reservados. |  Av. Francisco Matarazzo, 229 - conjunto 12 Primeiro Andar - Bairro - Água Branca | Edifício Condomínio Perdizes Business Center - São Paulo - SP, 05001-000

bottom of page