Porque entrei na Energia Solar?
- EnergyChannel Brasil
- há 12 minutos
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Por Renato Zimmermann é desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

Durante anos, ocupei cargos de alta gestão, bem remunerado e requisitado. A vida corporativa me oferecia estabilidade financeira e reconhecimento, mas em 2015, uma viagem aos Estados Unidos mudou radicalmente minha percepção. Ao caminhar por quilômetros nas florestas de sequoias da Califórnia, vi a devastação causada pelo fogo. Aquela imagem de biodiversidade destruída foi um choque de realidade: até que ponto acumular capital fazia sentido se o planeta estava sendo consumido pela nossa própria ganância?
Esse despertar me levou a buscar algo com mais propósito. Em 2016 iniciei minha jornada empreendedora na energia solar. Era um mercado embrionário: bancos não entendiam, seguradoras não se arriscavam e clientes mal sabiam do que se tratava. Abríamos uma nova era, mas a falta de maturidade do setor levou minha empresa ao fechamento em 2019. Foi doloroso, mas também necessário. A falência foi meu primeiro grande aprendizado sobre resiliência.
E foi aí que surgiu outro Renato. O nome, de origem latina Renatus, significa “renascido”, “aquele que nasce de novo”. Essa simbologia se encaixava perfeitamente: eu estava renascendo, agora com a missão de ajudar a construir um mercado de energia solar mais sólido e justo.
Entre 2020 e 2022, o setor viveu um boom inesperado. A taxa Selic havia atingido o menor patamar da história, 2% ao ano em agosto de 2020, enquanto hoje está em 15%.
A pandemia suspendeu prazos regulatórios da ANEEL por meio da Resolução Normativa nº 878/2020, o que deu fôlego ao setor. O consumo de energia disparou com as pessoas em casa, e a crise hídrica levou à criação da “Bandeira Tarifária Crise Hídrica”. Contas de luz elevadas, bancos ávidos por emprestar e juros baixos criaram a combinação perfeita: milhares de novas empresas, empregos e oportunidades.
Nesse contexto, ainda me recuperava do tombo empresarial, mas fui chamado ao ativismo. Em junho de 2021, organizamos em Brasília o evento “Brasil, diga sim à Energia Solar”, reunindo cerca de 700 pessoas de 20 estados, mesmo em plena pandemia. Foi um ato arriscado, mas decisivo: articulado com o Congresso, resultou na aprovação do Marco Legal da Energia Solar (Lei 14.300/22). O curioso é que tudo foi organizado digitalmente, mostrando como a tecnologia pode potencializar causas coletivas.
A partir daí, mergulhei de vez na política energética. Aprendi como Brasília funciona, como engrenagens democráticas se movem e como interesses obscuros tentam travar a geração distribuída. Defendo que produzir energia junto ao consumo é mais resiliente e democrático do que grandes empreendimentos bilionários que concentram poder e fragilizam o sistema diante das mudanças climáticas.
Minha participação na COP30 foi mais um marco. Voltei convicto de que a sociedade está despertando e que vozes como a minha começam a ser ouvidas. A transição energética não é apenas técnica ou econômica: é filosófica, ética e existencial. É sobre escolher entre perpetuar um modelo predatório ou construir um futuro sustentável.
Fecho este relato com gratidão. Este foi o caminho que escolhi: da dor da falência ao renascimento do ativismo, da gestão corporativa ao engajamento social. A energia solar me deu propósito e me conectou a uma causa maior. Agradeço a todos que, de alguma forma, estão contribuindo para que tenhamos um planeta melhor. Cada passo, cada voz, cada ação importa. E é juntos que iluminaremos o futuro.
Porque entrei na Energia Solar?







