Reduzir o Custo de Produção do H2 de Baixo Carbono exige Inovações Tecnológicas
- Frederico Freitas
- há 2 dias
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Atualizado: há 7 horas
Desde o início do ano de 2020, o Brasil vivencia um crescimento significativo no interesse e no desenvolvimento do mercado de hidrogênio. Tal movimentação é impulsionada, principalmente, pela nossa abundância de recursos energéticos naturais que posicionam o nosso país como um potencial líder na produção de energia de baixa emissão.
Com metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e atingir a neutralidade de carbono até 2050, a União Europeia entendeu que investir em hidrogênio de baixo carbono produzido no Brasil ajuda o velho continente a garantir um suprimento estável e sustentável deste combustível, contribuindo para a transição energética e a redução da dependência de combustíveis fósseis.

Entretanto, passados quase cinco anos do que uns chamaram de “o hype do hidrogênio”, alguns projetos no Brasil permanecem em estágios pré decisão final de investimento, mostrando que a implementação desta indústria é um desafio complexo e que não depende, unicamente, de uma grande oferta e baixo custo de energia renovável.
Se, no início desta jornada, a falta de um marco regulatório brasileiro era apontada como o grande “entrave” para impulsionar o mercado, esta questão foi superada, em 2024, com a promulgação de Marcos Legais sobre o Hidrogênio, a saber:
Lei 14.948 de 02 de agosto de 2024 que Institui o Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono;
Lei 14.990 de 27 de setembro de 2024 que Institui o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono;
Entretanto, e existência de um marco regulatório em si, não garantirá, de imediato, um produto capaz de competir comercialmente com o hidrogênio de origem fóssil. Vejamos alguns aspectos que se entrelaçam com esta questão.
A produção deste vetor energético, com baixas emissões e a um preço competitivo, como US$ 1,50/kg , é um dos maiores desafios da economia do hidrogênio de baixo carbono.
Esse valor é considerado por alguns especialistas como um marco para tornar o hidrogênio de baixo carbono viável como combustível em larga escala, competindo com fontes de energia convencionais fósseis, adquirindo atratividade e tornando o hidrogênio um produto mercantil, ou seja, deixando de ter sua produção voltada ao consumo direto pelo produtor, no local de uso ou aproveitamento e passar a ser negociado como uma commodity global como o Gás Natural.
Alternativamente, o hidrogênio produzido por eletrólise – rota tecnológica predominante nos projetos que estão em desenvolvimento, enfrenta desafios substanciais devido ao seu alto consumo energético.
Esse alto consumo energético contribui para o elevado custo de produção do H2 sendo uma barreira para atingir preços competitivos. Além do custo de CAPEX, a energia necessária para o armazenamento e transporte do hidrogênio se apresentam como desafios técnicos e econômicos a transpor.
A eventual competição pelo uso da água, em algumas regiões, ainda pode significar barreira adicional à aceitação pública que deve ser equacionada.
Fica evidenciado que os desafios associados à produção, armazenamento e transporte de hidrogênio requerem inovações tecnológicas e avanços em materiais para superá-los.
Neste sentido, políticas públicas e investimentos significativos em infraestrutura são essenciais para reduzir os custos e tornar o hidrogênio de baixo carbono uma alternativa viável e sustentável.
Foi pensando nestas questões que o BNDES e a FINEP tem fomentado algumas Chamadas Públicas visando o desenvolvimento de modelos de negócios para esta nova indústria.
Trata-se de uma estratégia muito assertiva que tem como objetivo fomentar Modelos de Negócios que contemplem investimentos na produção e no desenvolvimento tecnológico de Hidrogênio de Baixo Carbono e seus derivados tais como: Combustíveis Sustentáveis para Aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF), Methanol Verde e/ou Fertilizantes Nitrogenados.
Ao contar com o apoio governamental, os empreendimentos podem se concentrar mais na inovação e na escalabilidade, minimizando os riscos de falhas técnicas ou de mercado que são comuns em modelos de negócios disruptivos.
Ou seja, ao demonstrar interesse e apoio concreto, o setor público atrai a atenção de investidores privados, que passam a enxergar as iniciativas com menor risco e maior potencial de retorno. Isso impulsiona a alavancagem de recursos e estimula a competição saudável, gerando mais soluções criativas, eficientes e sustentáveis.
Sobre o autor:
Engenheiro Eletricista (Univale), Mestre em Bioenergia (UFPR), Pós Graduado em Gestão de Negócios (USP/Esalq), MBA Empresarial para o Setor Elétrico (FISUL), Certificado PMP® (PMI) e Credenciado PM4R® (BID);
Especialista em Transição Energética com Formações em Tecnologias e Engenharia do Hidrogênio pela Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio e Hydrogen Power-to-X Brasil por meio da Agência Alemã GIZ Brasil & Ministério de Minas e Energia; Fundador da INFOREDES Green Technologies, Consultoria Estratégica em Transição Energética e Economia de Baixo Carbono; Atuou como Pesquisador Sênior na FGV Energia, na elaboração do Caderno de Hidrogênio publicado pela Fundação Getúlio Vargas em 2023; Professor na Head Energia, primeira EduTech voltada para o setor energético brasileiro e na Escola de Negócios do Setor Elétrico vinculada à Faculdade FISUL;
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