O CLIMA EM 2025 E 2026: OBSERVAÇÕES SOBRE IMPACTOS HIDROLÓGICOS NOS RESERVATÓRIOS E NO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO
- Arthur Oliveira
- há 2 dias
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Por Arthur Oliveira
Gostaria de compartilhar algumas observações que fiz ao analisar dados climáticos, pensando nos impactos que podem ocorrer nos reservatórios e no planejamento energético no Brasil e no mundo. Tenho interesse em entender como o clima influencia nossa vida, especialmente no setor de energia, e por isso passei um tempo observando informações disponíveis em sites de meteorologia, como os da Organização Meteorológica Mundial (WMO), do CPTEC/INPE, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), entre outros.
Com base no que vi, gostaria de comentar o que pode acontecer em 2025 e 2026, além de dar uma olhada preliminar para 2027, focando em aspectos como chuvas, evapotranspiração e vazões, que afetam diretamente os reservatórios hidrelétricos, fundamentais para a geração de energia no Brasil, onde cerca de 60% da capacidade instalada vem de hidrelétricas, conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2024).
UMA TENDÊNCIA NEUTRA NO ENOS
Ao observar os relatórios da WMO, notei que o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) deve se manter em um estado neutro até meados de 2026. Os índices Niño 3.4, Niño 3 e Niño 4, que medem a temperatura da superfície do mar no Pacífico equatorial, estão previstos para ficar dentro de ±0,5°C da média histórica (1993-2009) entre junho e agosto de 2025. No entanto, chamou minha atenção um gradiente leste-oeste nas temperaturas, com anomalias negativas de até -0,8°C na região Niño 4, no Pacífico ocidental, e positivas de +0,6°C na região Niño 1+2, mais próxima da América do Sul, o que parece um pouco com as condições de uma La Niña fraca. No Atlântico, os índices de temperatura do Atlântico Tropical Norte (NTA) e Sul (STA) estão projetados para ficar +0,3°C acima da média, indicando um aquecimento que pode aumentar a evapotranspiração em áreas tropicais.

Aqui no Brasil, ao observar os dados da Região 92, disponibilizados pelo CPTEC/INPE, vi que em 2023 houve variações significativas nas chuvas: em abril, choveu 233% acima da média, ou seja, 350 mm contra uma média de 105 mm, enquanto em setembro foi 87,5% abaixo, apenas 12 mm contra 96 mm. Essas variações me fizeram refletir sobre como elas afetam o balanço hídrico, desde a recarga dos reservatórios até a evapotranspiração, que no Nordeste pode chegar a 5-6 mm por dia em meses secos, conforme indicado nos relatórios da ANA (2024).
COMO O CLIMA DE 2025 PODE AFETAR OS RESERVATÓRIOS: CHUVAS E EVAPOTRANSPIRAÇÃO
Ao analisar os dados para junho a agosto de 2025, notei que as chuvas devem ser 30-40% menores que a média no Atlântico equatorial e no sudeste do Pacífico, com volumes entre 50-70 mm, bem abaixo dos 120 mm históricos. Isso me parece preocupante, pois pode reduzir as vazões em bacias como a do São Francisco, onde as projeções indicam uma queda de 10-15%, de 2.800 m³/s para 2.400 m³/s. No Sudeste, onde vivo, a evapotranspiração deve ser alta, cerca de 4,5 mm/dia, já que as temperaturas estão previstas para ficar 1,5°C acima da média, chegando a 28°C. Isso pode impactar reservatórios como os da Cantareira, que normalmente operam entre 40-50% da capacidade em anos neutros.
Por outro lado, observei que no noroeste da América do Sul, como na Amazônia, as chuvas podem ser 20-25% acima da média, cerca de 200 mm contra 160 mm, o que pode aumentar as vazões na bacia do Madeira em até 12%, de 18.000 m³/s para 20.200 m³/s. No entanto, as temperaturas globais entre 60°S e 60°N, previstas para 1,2-1,8°C acima da média, devem aumentar a evapotranspiração em até 10%, o que pode reduzir os ganhos hídricos. No geral, parece que os reservatórios devem se manter estáveis, mas com uma redução média de 5-8% em relação a 2024, especialmente no Sudeste e Nordeste, a menos que sejam feitas adaptações.
2026 - DESAFIOS REGIONAIS À VISTA
Para 2026, notei que os dados sugerem a continuidade do ENOS em estado neutro, com os índices Niño variando em ±0,4°C da média. Aqui no Brasil, as projeções indicam uma redução de 5-10% nas chuvas no Sudeste, de 150 mm para 135 mm por mês no verão, enquanto no Sul pode haver um aumento de 8%, de 180 mm para 195 mm. A evapotranspiração, com temperaturas médias de 27°C no Sudeste, pode reduzir os níveis dos reservatórios em mais 3-5%, especialmente na bacia do Paraná. Um estudo que examinei, o modelo GTEP, sugere aumentar a geração eólica em 15% no Nordeste, de 12 GW para 13,8 GW, e reforçar a transmissão para escoar excedentes do Sul, onde a geração hidrelétrica pode crescer 10%, de 45 GW para 49,5 GW.
2027 - POSSÍVEIS SECAS NO HORIZONTE
Quando comecei a observar as projeções para 2027, fiquei um pouco preocupado. As previsões são mais incertas, mas modelos globais, como os do IPCC (2023), apontam para uma probabilidade 20% maior de secas severas no Brasil, possivelmente devido a uma transição para La Niña. Se isso se confirmar, as chuvas no Sudeste e Nordeste podem cair 40-50%, de 120 mm para 60-72 mm por mês, o que reduziria os volumes dos reservatórios em 20-25%, de 60% para 45-48% da capacidade. A evapotranspiração, que pode subir 15% e atingir 6,8 mm/dia, tornaria a situação ainda mais desafiadora, exigindo maior uso de fontes como eólica e térmica.
IDEIAS PARA LIDAR COM ESSAS MUDANÇAS
Depois de observar todos esses dados, penso que o setor elétrico precisa se planejar. O modelo GTEP que analisei sugere aumentar a capacidade eólica em 10-15%, de 20 GW para 23 GW no Nordeste, e investir em linhas de transmissão para escoar 5 GW adicionais do Sul. Também acredito que tecnologias como baterias, com capacidade de 2 GW, podem ajudar a gerenciar picos de demanda. Além disso, construir barragens para regular vazões, aumentando a retenção em 10%, e sistemas de drenagem urbana para evitar perdas por inundações parecem boas estratégias.
É PRECISO FICAR ATENTO AO CLIMA
Com base nas informações que observei, acredito que o clima em 2025 e 2026 será neutro, com variações regionais que podem reduzir os volumes dos reservatórios em 5-8%, mas sem mudanças drásticas imediatas. A evapotranspiração alta e as chuvas desiguais vão exigir ajustes e planejamento. Para 2027, a possibilidade de secas severas me deixa mais atento, e acho que precisamos monitorar os dados climáticos de perto e nos adaptar às mudanças. O futuro do setor energético depende de decisões bem fundamentadas, e eventos como a COP-30 NÃO irão nos ajudar a construir um caminho mais sustentável.
Referências:
WMO (2025). Probabilistic Multi-Model Ensemble Forecast (emitido em maio de 2025).
CPTEC/INPE (2023). Boxplot de Precipitação Mensal: Região 92.
Moreira, A., et al. (2021). Climate-Aware Generation and Transmission Expansion Planning. European Journal of Operational Research.
ANA (2024). Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil.
O CLIMA EM 2025 E 2026: OBSERVAÇÕES SOBRE IMPACTOS HIDROLÓGICOS NOS RESERVATÓRIOS E NO PLANEJAMENTO ENERGÉTICO
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