Usinas Solares Flutuantes: A Nova Fronteira da Geração de Energia e os Desafios de Integrar Sustentabilidade e Aquicultura
- EnergyChannel Brasil
- 27 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de set.
Por EnergyChannel – Jornalismo especializado em Energia

A transição energética avança em ritmo acelerado, e uma das soluções mais inovadoras para ampliar a geração renovável no Brasil e no mundo são as usinas solares flutuantes. Essa tecnologia, que instala painéis fotovoltaicos sobre reservatórios de água, não apenas potencializa a produção de energia limpa, como também ajuda a reduzir a evaporação da água um ponto estratégico em regiões de clima seco. Mas o caminho para popularizar esse modelo envolve desafios técnicos, regulatórios e até sociais, principalmente quando se compartilha o uso da água com atividades econômicas, como a aquicultura e a produção de camarão.
Locais mais estratégicos para usinas flutuantes no Brasil
O Brasil reúne condições privilegiadas para a adoção em larga escala. Os locais mais promissores incluem:
Reservatórios de hidrelétricas: aproveitam a infraestrutura existente, reduzem custos de conexão ao SIN e podem somar GW de capacidade.
Lagoas de tratamento de água e esgoto: além de gerar energia, contribuem para reduzir odores e perdas por evaporação.
Açudes no semiárido: onde cada gota de água é vital, os painéis ajudam a preservar o volume dos reservatórios.
Represas industriais e de mineração: transformam áreas improdutivas em polos de geração limpa.
Em termos de tamanho, o Brasil já tem projetos-piloto de 1 a 5 MW, mas há potencial para usinas acima de 100 MW, como já ocorre na China e na Índia. Segundo a Aneel, apenas 5% da área alagada de hidrelétricas seria suficiente para gerar mais de 50 GW de energia solar — quase toda a capacidade instalada de energia solar do país hoje.
Modelos de sucesso pelo mundo
Experiências internacionais mostram que o setor está maduro:
China: abriga a maior usina solar flutuante do mundo, em Huainan, com 320 MW, instalada sobre uma antiga mina de carvão alagada.
Japão: pioneiro em projetos de menor porte, com centenas de usinas flutuantes em reservatórios urbanos, ajudando no abastecimento de cidades.
Índia: aposta em megaprojetos acima de 100 MW para suprir a crescente demanda energética sem ocupar áreas agrícolas.
Europa: países como França e Holanda têm incentivado o uso de lagos industriais e áreas de dragagem para instalar sistemas de até 30 MW, com foco em sustentabilidade.
Esses exemplos servem de referência para o Brasil desenhar seu próprio modelo de expansão.
Cuidados com a segurança: ventos, ancoragem e manutenção
Um dos grandes desafios é garantir que os sistemas flutuantes suportem ventos fortes e variações no nível da água. Para isso:
Engenharia de ancoragem: é fundamental projetar sistemas robustos, que mantenham a estabilidade mesmo em tempestades.
Monitoramento climático: usinas de grande porte já usam sensores e alertas meteorológicos para ajustar a operação em eventos extremos.
Protocolos de manutenção: exigem equipes treinadas, uso de embarcações e EPI específicos, reduzindo riscos para trabalhadores.
Projetos bem-sucedidos no exterior mostram que a adoção de padrões internacionais de segurança é essencial para evitar danos à infraestrutura e ao meio ambiente.
Convivência com a aquicultura: o caso dos criadores de camarão
Em regiões do Nordeste, a criação de camarões em viveiros artificiais e açudes é uma das principais atividades econômicas locais. A instalação de painéis flutuantes precisa considerar:
Espaço compartilhado: áreas de criação não podem ser sombreadas de forma excessiva, já que a luz influencia o crescimento do fitoplâncton, base da cadeia alimentar dos camarões.
Qualidade da água: qualquer alteração de temperatura ou circulação precisa ser monitorada para não comprometer a produtividade.
Benefícios potenciais: a redução da evaporação pode ajudar a manter a salinidade estável, reduzindo perdas e melhorando a qualidade da água para os criadores.
Parcerias locais: integrar produtores de camarão em projetos de geração pode criar renda extra e reduzir custos energéticos para as fazendas.
Pesquisadores de universidades nordestinas já estudam modelos híbridos em que até 30% da área do viveiro pode ser coberta por painéis sem afetar a produção de camarões criando um ganha-ganha entre energia e aquicultura.
Futuro das usinas flutuantes no Brasil
Grandes players do setor solar já enxergam nas usinas flutuantes uma oportunidade de expansão. Projetos-piloto estão em operação em estados como Minas Gerais, São Paulo e Ceará, e o governo federal estuda formas de simplificar o licenciamento para acelerar a implantação.
Para que essa tecnologia se torne mainstream, será essencial:
Incentivos fiscais e linhas de crédito específicas.
Normas técnicas claras para evitar impactos ambientais.
Modelos de negócio que incluam comunidades ribeirinhas e produtores, como os criadores de camarão, na cadeia de valor.
Apollo Flutuantes: tecnologia brasileira em destaque
Uma das empresas que mais se destacam nesse cenário é a Apollo Flutuantes, que desenvolve soluções modulares para usinas solares flutuantes adaptadas à realidade brasileira.

Seus diferenciais incluem:
Integração com hidrelétricas: aproveitando linhas de transmissão existentes.
Eficiência energética elevada: com ganhos de até 15% graças ao resfriamento natural dos módulos.
Sustentabilidade comprovada: reduzindo evaporação e impactos ambientais.
Escalabilidade: soluções para desde pequenos açudes até grandes reservatórios.
Projetos da Apollo já somam mais de 100 MW em desenvolvimento, colocando a empresa na liderança da transição energética nacional.
Conclusão
As usinas solares flutuantes são uma das soluções mais promissoras para ampliar a matriz energética brasileira de forma sustentável. Para os criadores de camarão e outras atividades de aquicultura, essa inovação pode significar não apenas novos desafios, mas também oportunidades de melhorar a eficiência hídrica e reduzir custos com energia.
O futuro aponta para uma coexistência inteligente entre energia limpa e produção de alimentos, criando um modelo de desenvolvimento que beneficia toda a sociedade.
Usinas Solares Flutuantes: A Nova Fronteira da Geração de Energia e os Desafios de Integrar Sustentabilidade e Aquicultura
Incrível