Agricultura Flutuante: Nova Fronteira Sustentável Une Produção de Alimentos e Recuperação da Água
- EnergyChannel Brasil

- há 22 horas
- 3 min de leitura
Pesquisadores mostram que sistemas agrícolas sobre plataformas flutuantes podem reduzir custos ambientais, purificar rios e abrir espaço para novas formas de cultivo sustentável.

Por EnergyChannel
A agricultura está ganhando um novo terreno literalmente sobre a água. Plataformas flutuantes equipadas com vegetação e sistemas de cultivo estão emergindo como uma alternativa sustentável para ampliar a produção de alimentos sem pressionar áreas de preservação e, de quebra, melhorar a qualidade da água de lagos, represas e rios.
Conhecidas como “terras úmidas flutuantes construídas”, essas estruturas artificiais funcionam como ecossistemas vivos: as plantas absorvem nutrientes e poluentes, enquanto suas raízes, em conjunto com microrganismos, filtram as impurezas da água. O conceito, ainda em estágio experimental no Brasil, já vem sendo testado em países como Austrália, Canadá, Estados Unidos e Paquistão com resultados promissores tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.

Solução dupla: cultivo e purificação
Estudo conduzido pela Universidade do Sul da Austrália, liderado pelo pesquisador John Awad, analisou 11 projetos internacionais de agricultura flutuante. Os resultados indicam que, além de reduzir a poluição e o excesso de nutrientes na água, essas plataformas também ajudam a diminuir a evaporação em reservatórios, contribuindo para o uso racional dos recursos hídricos um desafio crescente em tempos de secas prolongadas.
“O diferencial está na eficiência ecológica. As áreas úmidas flutuantes reproduzem as funções de um ecossistema natural, filtrando nutrientes e contaminantes com o auxílio das raízes das plantas e das comunidades microbianas”, explicou Awad.
Custos e viabilidade
Os custos de implementação ainda variam conforme o tipo de projeto, localização e finalidade. Segundo o estudo, os valores vão de cerca de R$ 77 por metro quadrado até mais de R$ 13 mil/m², com custos operacionais anuais entre R$ 2,60 e R$ 965/m².
Apesar da amplitude, as terras úmidas flutuantes podem ser competitivas com sistemas de tratamento convencionais, especialmente na remoção de nitrogênio, cujo custo médio ficou entre R$ 52 e R$ 645 por quilo removido abaixo do custo médio para eliminar fósforo.
Além disso, o tamanho e o clima influenciam diretamente na eficiência: instalações maiores tendem a ter menor custo por quilo de poluente removido, e regiões quentes oferecem condições mais favoráveis ao crescimento das plantas e à depuração da água.
Do saneamento à agricultura urbana
Mais do que uma curiosidade científica, as plataformas agrícolas flutuantes começam a ganhar destaque como solução prática para o tratamento de águas residuais, escoamento pluvial e revitalização de rios urbanos.
Na Austrália, há projetos voltados ao tratamento de águas residuais; nos EUA, algumas iniciativas combinam funções ecológicas e sociais, integrando espaços comunitários, áreas de lazer e calçadões flutuantes.
De acordo com o pesquisador Simon Beecham, também da Universidade do Sul da Austrália, a principal vantagem é a flexibilidade de aplicação:
“Essas plataformas podem ser instaladas em lagos e reservatórios já existentes, sem necessidade de grandes obras ou aquisição de novas terras. Além disso, elas criam habitat para aves e peixes, melhoram o ambiente urbano e contribuem para o sequestro de carbono.”
Perspectivas para o Brasil
Embora ainda incipiente, a agricultura flutuante pode representar uma oportunidade estratégica para o Brasil especialmente em regiões com áreas alagadas ou represas agrícolas. Além de abrir novas fronteiras produtivas, o modelo pode ser incorporado em programas de restauração ambiental e manejo de recursos hídricos.
Para especialistas, a proposta não substitui outras tecnologias, mas amplia o leque de soluções sustentáveis. “Não é uma panaceia, mas uma ferramenta valiosa para unir produção e recuperação ambiental”.
Agricultura Flutuante: Nova Fronteira Sustentável Une Produção de Alimentos e Recuperação da Água






























Comentários