CNPE adia decisão sobre Angra 3 e cobra novos estudos de viabilidade
- EnergyChannel Brasil
- 2 de out.
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Brasília – 2 de outubro de 2025 – O futuro da usina nuclear Angra 3 continua indefinido. Em reunião realizada nesta quarta-feira (1º), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu adiar qualquer deliberação sobre a conclusão ou abandono do projeto e solicitou à Eletronuclear e ao BNDES a atualização dos estudos econômico-financeiros relacionados ao empreendimento.

A medida amplia a incerteza em torno da obra, que se arrasta há décadas e já consumiu bilhões de reais em investimentos. O CNPE reforçou a necessidade de análises adicionais para avaliar a real viabilidade econômica de Angra 3 diante do novo contexto do setor elétrico, marcado pela expansão das energias renováveis e pela queda no custo das fontes solar e eólica.
Um impasse histórico
O projeto de Angra 3, localizado em Angra dos Reis (RJ), começou a ser idealizado nos anos 1980, mas sofreu sucessivas interrupções ao longo do tempo. As obras foram retomadas em diferentes momentos, mas nunca chegaram a ser concluídas. Atualmente, a usina está parcialmente construída, mas sem definição clara sobre o futuro.
Segundo especialistas, o impasse sobre Angra 3 não é apenas econômico. Há também debates sobre a inserção da energia nuclear na matriz elétrica brasileira, especialmente diante das metas de descarbonização e da necessidade de garantir segurança energética em períodos de baixa hidrologia.
Próximos passos
Com a decisão do CNPE, a expectativa é que Eletronuclear e BNDES apresentem relatórios atualizados nos próximos meses. Esses documentos devem considerar cenários de custos, cronogramas e projeções de retorno do investimento, além de avaliar alternativas de financiamento para a obra.
Somente após essa análise aprofundada, o governo deverá decidir se dará continuidade à construção da usina ou se encerrará definitivamente o projeto.
Impactos para o setor elétrico
O adiamento mantém em aberto a possibilidade de o Brasil ampliar sua capacidade nuclear como forma de diversificação da matriz. Atualmente, o país opera apenas Angra 1 e Angra 2, que juntas representam cerca de 3% da geração elétrica nacional. A conclusão de Angra 3 poderia elevar essa participação, mas a um custo considerado alto por parte do mercado.
Enquanto isso, fontes renováveis seguem ganhando espaço. Dados recentes apontam que solar e eólica já respondem por mais de 25% da capacidade instalada no sistema elétrico brasileiro, tornando-se concorrentes diretas de projetos de alto custo como Angra 3.
CNPE adia decisão sobre Angra 3 e cobra novos estudos de viabilidade