Curtailment e o futuro da geração solar no Brasil: PSR alerta para riscos e oportunidades de gestão inteligente
- EnergyChannel Brasil

- há 1 dia
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Durante o 360 Solar, o especialista Ricardo Perez, da PSR Consulting, destacou como a previsibilidade e o uso de ferramentas de modelagem podem reduzir riscos financeiros e orientar decisões estratégicas no setor de geração centralizada.
A quinta edição do 360 Solar reuniu especialistas e líderes do setor elétrico para debater temas que estão redefinindo a matriz energética brasileira. Entre os destaques, uma conversa entre Siqueira de Moraes Neto, CEO do Solan Group, e Ricardo Perez, executivo da PSR Consulting, trouxe à tona um dos assuntos mais sensíveis do momento: o curtailment o corte de geração de energia por restrições operacionais ou excesso de oferta no sistema.
Perez, que participa do evento desde as primeiras edições, explicou que a PSR desenvolve softwares e modelos de simulação capazes de prever o comportamento do curtailment e apoiar agentes de mercado na tomada de decisões mais seguras. Segundo ele, a análise detalhada dos critérios aplicados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) permite estimar os riscos de corte tanto por questões de balanço energético quanto de confiabilidade da rede.
“Com as ferramentas da PSR, conseguimos projetar cenários de curtailment e precificação, permitindo que geradores e investidores ajustem sua exposição e planejem contratos futuros com mais segurança”, destacou Perez.
Corte de geração preocupa players da solar centralizada
Nos últimos meses, dados do setor indicaram que o curtailment da geração solar chegou a 30% em alguns períodos, afetando diretamente a rentabilidade de projetos centralizados. A falta de previsibilidade sobre quando e em que escala esses cortes ocorrem se tornou um dos maiores desafios para investidores e operadores.
De acordo com Perez, a modelagem preditiva é essencial para lidar com essa incerteza. Ao integrar dados de demanda, projeções de geração e simulações de rede, as ferramentas da PSR ajudam agentes a dimensionar riscos e ajustar estratégias de contratação de energia (PPAs).
“Essas simulações indicam o melhor nível de contratação para cada perfil de usina, evitando exposição excessiva em um mercado de curto prazo cada vez mais volátil”, explicou.
Além da modelagem, o executivo lembrou que há discussões regulatórias em andamento sobre possíveis mecanismos de ressarcimento aos geradores afetados por cortes. No entanto, ele alerta que essas medidas ainda estão em fase inicial e que, na prática, o risco continuará sendo um fator intrínseco ao negócio.
Geração distribuída e o debate sobre curtailment
O tema se torna ainda mais sensível quando o assunto é geração distribuída (GD) segmento que cresce rapidamente no Brasil. Segundo Perez, a atual regulamentação não inclui a GD nas regras de corte aplicadas pelo ONS, o que mantém o setor em relativa segurança por enquanto.
“Hoje é muito difícil, operacionalmente, uma distribuidora interferir na geração residencial. Mas se houver mudanças regulatórias futuras, isso pode acontecer de forma indireta, como ajustes nos créditos ou compensações financeiras”, observou.
Apesar das incertezas, o especialista acredita que o futuro passa pela digitalização das redes e pela integração de novas tecnologias, como baterias e Virtual Power Plants (VPPs). Essas soluções podem transformar a GD em um ator ativo de flexibilidade, permitindo que pequenos geradores participem do equilíbrio do sistema elétrico e sejam remunerados por isso.
Transição digital e novos modelos de mercado
Para Perez, o próximo passo da transição energética no Brasil envolve um marco regulatório mais aderente à realidade tecnológica. Ele cita a necessidade de incluir serviços ancilares e mecanismos de resposta da demanda, que já são práticas consolidadas em mercados internacionais.
“A geração distribuída ainda é altamente rentável no país, mas a modernização regulatória é inevitável. É um processo gradual, que vai permitir a consolidação de um mercado mais inteligente, eficiente e sustentável”, concluiu.
ConclusãoO debate no 360 Solar reforçou que o curtailment deixou de ser apenas um risco técnico e se tornou uma variável estratégica no planejamento de usinas e portfólios de energia. Com a previsão cada vez mais precisa de cenários e a adoção de novas tecnologias digitais, o setor caminha para uma gestão mais robusta — em que dados, inteligência e regulação caminham lado a lado para sustentar o crescimento da energia solar no Brasil.
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