O Futuro da Energia Não é Mais Só Solar: Greener Defende Nova Agenda para Integradores e Operadores do Setor
- EnergyChannel Brasil
- 17 de jul.
- 4 min de leitura
Por EnergyChannel | Especial Mercado de Energia
O mercado de energia solar no Brasil atingiu uma maturidade inédita, mas isso não significa que os desafios tenham diminuído. Pelo contrário: a transformação do setor acelerou, exigindo que empresas e profissionais da área expandam sua visão para além da instalação de sistemas fotovoltaicos.
Essa foi a mensagem central do bate-papo exclusivo entre Ricardo Honório, apresentador do EnergyChannel, e Marco Conte, executivo de Market Intelligence e Business Development da Greener, uma das principais referências em estudos e inteligência de mercado no setor de energia.
Do solar para o sistema energético completo
A Greener, tradicionalmente reconhecida por seu trabalho com energia solar, aproveitou a última edição do Greener Summit, realizada em junho, para anunciar um reposicionamento estratégico. O tema da vez não foi apenas a expansão da energia solar, mas sim o futuro do mercado energético como um todo.
“O integrador que quiser sobreviver e crescer nos próximos anos precisa se enxergar como um provedor de soluções energéticas completas, e não mais apenas como um vendedor e instalador de painéis solares”, destacou Marco Conte, durante a entrevista ao
EnergyChannel.
Essa visão significa, por exemplo, considerar soluções de armazenamento de energia, carregadores para veículos elétricos, contratos de operação e manutenção e até a gestão completa do consumo energético de clientes residenciais, comerciais e industriais.
Mercado de integração passa por revolução silenciosa
A nova pesquisa da Greener com integradores, já em andamento antes da Intersolar, revela um mercado em transição. Cada vez mais empresas do setor estão oferecendo sistemas híbridos, baterias, carregadores de carros elétricos e novos serviços associados ao consumo eficiente de energia.
“Não se trata apenas de vender mais sistemas. É hora de ajudar o cliente a gerir melhor a energia que ele já gera e consome. Isso envolve serviços recorrentes, como planos de manutenção, limpezas programadas, inspeções e monitoramento remoto. É o modelo de assinatura chegando ao mercado solar”, explica Marco Conte.
A armadilha da performance: usinas que geram menos do que o prometido
Outro tema crítico levantado pela Greener é o gap entre a geração projetada e a geração real de usinas solares, principalmente na mini e na geração centralizada.
Segundo Conte, muitos portfólios de usinas já consolidadas estão performando abaixo do esperado. As causas vão desde projetos mal dimensionados, falta de manutenção, equipamentos obsoletos e até impactos ambientais não previstos, como queimadas que reduzem a irradiação solar ou aumentam a sujeira sobre os módulos.
“A solução passa por um mix de ações: melhorar o O&M, considerar retrofits com equipamentos mais modernos e, principalmente, não negligenciar a operação pós-instalação. O foco não pode ser só levantar um novo ativo, mas fazer os ativos existentes performarem o que deveriam”, reforça.
Curtailment, armazenamento e o dilema da rede elétrica
O setor enfrenta também o crescente desafio do curtailment, ou seja, a limitação na geração de energia devido à falta de capacidade de escoamento pela rede elétrica.
Hoje, o Brasil já soma quase 60 GW de energia solar instalada, sendo cerca de dois terços em geração distribuída e um terço em geração centralizada. Essa rápida expansão trouxe gargalos de transmissão, inversões de fluxo e limitações operacionais que impactam diretamente a rentabilidade dos projetos.
“A conta do armazenamento de energia ainda não fecha para todos os casos, mas já existem projetos pontuais sendo implementados, como as baterias da subestação de Registro, em São Paulo, usadas para garantir o fornecimento em momentos de pico, como o Réveillon na Baixada Santista”, comentou Marco Conte.
Segundo ele, o mercado caminha para um cenário em que microrredes, baterias colocalizadas e modelos de operação mais sofisticados serão cada vez mais comuns.
O consumidor também precisa mudar o
comportamento
Seja no residencial, no comercial ou no industrial, o consumidor de energia está mudando mas nem sempre da forma mais eficiente. Muitos aumentam seu consumo após instalar sistemas solares ou migrar para o mercado livre, sem considerar o impacto nos horários de ponta ou o real custo de ficar sem energia.
“Energia é segurança e conforto. A tendência é que mais consumidores invistam em tecnologias para se blindar contra falhas no fornecimento. Mas isso precisa ser feito com planejamento e eficiência, evitando desperdícios e pensando no longo prazo”, afirma Marco Conte.
O que não muda e o que precisa mudar
Para a Greener, a grande lição é saber equilibrar inovação com consistência. Assim como aconteceu em outros setores da tecnologia, quem não acompanha a transformação corre o risco de ser ultrapassado – mesmo sem cometer grandes erros.
“Precisamos olhar para frente, mas também entender o que é estrutural. O Brasil já tem quase 100 GW de renováveis instalados. Isso não vai mudar. O que muda é como essa energia será integrada, armazenada e gerida daqui para frente”, conclui.
O Futuro da Energia Não é Mais Só Solar: Greener Defende Nova Agenda para
Integradores e Operadores do Setor
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