Veja como as cidades-esponjas podem ser uma solução para amenizar os problemas com alagamentos
- EnergyChannel Brasil
- há 1 hora
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O crescimento urbano desordenado e a impermeabilização excessiva do solo têm ampliado significativamente os episódios de alagamentos em grandes centros urbanos. Nesse contexto, o conceito de cidades-esponja tem se consolidado como uma alternativa eficaz e sustentável para a gestão das águas pluviais e a mitigação de enchentes e alagamentos.

Nesta época do ano, com a aproximação do verão, a preocupação com os alagamentos aumenta, já que as chuvas tendem a ser mais repentinas e, muitas vezes, ocorrem com elevadas taxas de precipitação em curtos intervalos de tempo. Nessa situação, as galerias pluviais não conseguem dar vazão para tanta água, resultando em problemas na superfície.
O modelo de cidade-esponja baseia-se no princípio de reproduzir o comportamento hidrológico natural do solo, permitindo que a água da chuva seja absorvida, armazenada, filtrada e liberada de forma gradual. Diferentemente dos sistemas tradicionais de drenagem, que priorizam o rápido escoamento da água por galerias e canais, essa abordagem busca reter a água no próprio ambiente urbano, reduzindo a sobrecarga da infraestrutura convencional.
Entre as principais estratégias adotadas estão a implantação de pavimentos permeáveis, jardins de chuva, valas de infiltração, bacias de retenção e detenção, telhados verdes, parques alagáveis e a renaturalização de rios e cursos d’água. Esses elementos atuam de forma integrada, aumentando a capacidade de infiltração do solo e retardando o escoamento superficial, o que contribui diretamente para a redução de picos de vazão durante eventos de chuva intensa.
Do ponto de vista técnico, estudos hidrológicos indicam que a aplicação dessas soluções pode reduzir significativamente o volume e a velocidade do escoamento superficial, principal fator responsável por alagamentos urbanos. Ao diminuir a quantidade de água que chega simultaneamente aos sistemas de drenagem, as cidades-esponja ajudam a evitar transbordamentos, erosões e falhas estruturais em redes pluviais subdimensionadas.
Além da eficiência no escoamento das águas pluviais, o conceito traz benefícios ambientais adicionais. A infiltração da água contribui para a recarga dos aquíferos, melhora a qualidade da água por meio da filtração natural do solo e reduz a poluição difusa que normalmente é carregada pelas enxurradas. Há também impactos positivos no microclima urbano, como diminuição das ilhas de calor, aumento da umidade relativa do ar e ampliação das áreas verdes.

Como o sistema funciona na prática?
O segredo de uma cidade-esponja está na substituição de superfícies impermeáveis (asfalto e concreto) por infraestruturas verdes e azuis.
1. Absorção e Permeabilidade
Em cidades comuns, a chuva bate no asfalto e corre para os bueiros, sobrecarregando o sistema de esgoto. Na cidade-esponja, utilizam-se:
Pavimentos permeáveis: calçadas e ruas feitas com materiais que deixam a água passar para o solo.
Jardins de chuva e bio-valas: áreas verdes rebaixadas ao lado de ruas que coletam a água e permitem que ela infiltre lentamente.
2. Armazenamento e Retenção
A água que não infiltra imediatamente é direcionada para reservatórios naturais ou artificiais:
Telhados Verdes: coberturas vegetais em prédios que retêm parte da água da chuva e ajudam no isolamento térmico.
Lagos e Áreas Úmidas Artificiais: parques que funcionam como “piscinões naturais”. Em dias secos, são áreas de lazer; em dias de tempestade, recebem o excedente de água.
3. Purificação e Reutilização
A água, ao passar pelo solo e pelas raízes das plantas em jardins de chuva, sofre um processo de filtragem natural, removendo poluentes antes de chegar ao lençol freático ou aos rios. Além disso, a água armazenada pode ser tratada para regar jardins públicos ou limpeza urbana.
Sob a ótica do planejamento urbano, as cidades-esponja representam uma mudança de paradigma, ao integrar soluções baseadas na natureza ao desenho da cidade. Em vez de depender exclusivamente de obras de engenharia pesada, como canais de concreto e grandes reservatórios, o modelo propõe intervenções distribuídas e multifuncionais, que conciliam drenagem, lazer, paisagismo e adaptação climática.
Experiências internacionais, especialmente na Ásia e na Europa, demonstram que cidades que adotaram esse conceito apresentaram redução consistente de alagamentos, maior resiliência a eventos extremos e ganhos econômicos a médio e longo prazo, ao diminuir custos com manutenção, reparos emergenciais e danos causados por enchentes.
Diante do cenário de mudanças climáticas e da tendência de eventos pluviométricos mais extremos, especialistas apontam que a adoção do conceito de cidades-esponja é uma das estratégias mais promissoras para tornar os centros urbanos mais resilientes, sustentáveis e preparados para lidar com os impactos das chuvas intensas.
Exemplos de cidades-esponjas pelo mundo
Algumas grandes cidades pelo mundo já aderiram a tecnologia das cidades-espojas, como Jinhua e Xangai, na China, Nova York, Berlim e Copenhague, na Dinamarca. A China se destaca por ser a pioneira na implantação das cidades-esponjas como medida para controlar enchentes e diminuir prejuízos.
Veja como as cidades-esponjas podem ser uma solução para amenizar os problemas com alagamentos








