30 anos de mercado livre: varejista é um salto em participação no mercado
- Felipe Figueiró
- há 1 dia
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O mercado livre de energia está completando 30 anos, desde a Lei 9.074/1995. Vamos relembrar que no começo, era um ambiente voltado para grandes consumidores. Com o tempo, acabamos tendo mudanças, aberturas que foram mais graduais, até chegarmos hoje aonde a alta tensão tem total liberdade. Lógico, algumas questões tiveram que ser impostas, ao olharmos uma abertura total de alta tensão, para cargas com demanda contratada menor que 500 kW (desde que sem usar processo de comunhão), migra somente com a figura do comercializador varejista.
Esse ponto ajudou a destravar a entrada de pequenas e médias (PMEs) empresas no mercado livre, algo que temos visto crescer com força nos últimos anos. Para entender esse avanço, acabei levantando dados do InfoMercado Quinzenal da CCEE, entre fevereiro de 2024 e junho de 2025. Apesar de pequenas variações por conta das datas dos relatórios, temos um ótimo ritmo. Os dados foram extraídos daqui:

Crescimento entre junho/24 e junho/25:
Comercializador Varejista: +241,17% (+23.683 cargas)
Autoprodutor: +33,90% (+60 cargas)
Consumidor Especial: +23,32% (+5.578 cargas)
Consumidor Livre: +1,93% (+273 cargas)
No total, o mercado livre cresceu 61,54% nesse período, com 29.594 novas cargas. E não tem como negar que o potencial do varejista é o grande responsável por puxar esse número.
Comparando fevereiro a junho:
2024: +6.091 cargas (+14,50%)
2025: +8.155 cargas (+11,73%)

2025 mantém um grande ritmo e começamos crescendo muito bem, agora olhando o acumulado de janeiro a junho/25, o crescimento foi de 10.244 cargas, um avanço de 15,19% no ano. Se olharmos cada comercializador e como estão operando notamos algumas tendências de redução no ritmo, mas nada que trave o mercado. Ainda temos muitas migrações para serem feitas.
Rampas de crescimento mensais (fev/24 a jun/25):
Comercializador Varejista: +1.767 cargas/mês
Total do mercado: +2.230 cargas/mês (80% disso é responsabilidade do varejista)
Consumidor Especial: +430 cargas/mês
Consumidor Livre: +28 cargas/mês
Autoprodutor: +4,6 cargas/mês
Esses dados demonstram como o modelo varejista virou protagonista na entrada de novos consumidores. Os demais ainda têm presença relevante, mas em outro ritmo.
O varejista deixou de ser uma tendência. Ele é a realidade atual do nosso mercado.
O mercado livre está se moldando para atender todos os perfis e isso inclui dar espaço real para os pequenos, pequenos que muitas vezes não tem a percepção de entender sobre energia. O mercado com expansão acaba tendo maior concorrência, ganhamos com melhorias nos modelos de contratação, e isso vai sendo um aprendizado para uma abertura total com a baixa tensão.
A abertura da baixa tensão em 2027 pode trazer um novo salto. O número de unidades elegíveis será muito maior, e o mercado vai precisar responder com soluções práticas, produtos simples e muita clareza.
Gosto muito de pensar no ponto de educar o consumidor, trazer mais informações em todos os locais. Vamos precisar melhorar cada vez mais a fala visto que daqui para frente o tipo de cliente ideal, como o marketing gosta de falar do ICP, vai ter diferenças e não tem como manter o mesmo ritmo. Sem falar de um volume que vai competir com energia solar e demais questões envolvidas de mercado.
A evolução está em curso. E o futuro, cada vez mais livre, está logo ali. Como você enxerga o papel do varejista nos próximos dois anos? Já está preparado para a baixa tensão em 2027? Sobre o autor Felipe Figueiró é engenheiro eletricista, com dois MBAs focados em inovação, liderança e inteligência de mercado. Atua há mais de 11 anos no setor elétrico e tem como visão transformar dados em estratégias inteligentes e eficientes.
30 anos de mercado livre: varejista é um salto em participação no mercado
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