Como Métricas Mal Interpretadas poderão Drenar a atratividade do Seu Projeto BESS
- EnergyChannel Brasil
- há 1 hora
- 6 min de leitura
No cenário energético global em rápida evolução, os Sistemas de Armazenamento de
Energia em Baterias (BESS) são a espinha dorsal da resiliência, estabilidade e eficiência da
rede.

Eles são cruciais desde a aplicações residenciais e do setor de comércio e indústria até
aplicações de grande porte para aumento da estabilização de data centers até a integração
de energias renováveis e a modernização da infraestrutura de rede.
No Brasil com a publicação da Lei 15.269/2025 que criou o marco regulatório do
armazenamento de energia em baterias, ficou definido que a Aneel irá regular e fiscalizar a
aplicação de sistemas de armazenamento de energia no FTM - Front of the meter e BTM -
Behind the meter.
Uma outra mudança relevante, foi que o custo da reserva de capacidade das baterias será
pago pelos geradores, o que pode impactar no LRCAP BATERIAS - leilão de reserva de
capacidade prevista para o primeiro semestre de 2026.
Conforme um estudo da Associação Brasileira de Armazenamento de Energia, o mercado
de armazenamento por baterias no Brasil, deverá movimentar cerca de R$ 77 bilhões até
2034, alcançando impressionantes 72 GWh de capacidade instalada.
O potencial de mercado se divide principalmente em três segmentos:
● Reserva de Capacidade (LRCAP) Aplicação FTM que surge como solução mais
competitiva para suprir o déficit de potência do Sistema Interligado Nacional (SIN). A
projeção é de 30 GWh até 2034, com uma necessidade urgente de 4 GW já em 2027
● Comercial e Industrial (C&I - Atrás do Medidor): Com aplicações BTM diversas
desde empresas buscando confiabilidade, load shifting no horário de ponta, e
arbitramento e peak shave, neste segmento pode responder por até 45% do
mercado (32 GWh) e movimentando até R$ 32 bilhões até 2034, com payback
médio estimado em apenas 4 anos.
● Off-Grid: Voltado para os leilões de suprimento aos Sistemas Isolados / SISOL -
Sistemas isolados, eletrificação rural e programas como o SIGFI/MIGDI (Luz para
Todos), que podem representar cerca de 13% da capacidade total (9,3 GWh) até
2034.
Diante desse crescimento exponencial e dos investimentos massivos, a precisão no
dimensionamento e na gestão dos ativos BESS se torna uma necessidade estratégica, não
apenas operacional.
As métricas críticas mal compreendidas poderão corroer silenciosamente o desempenho e
a rentabilidade desses ativos.
Portando o dimensionamento de um Sistema BESS as métricas que impactam diretamente
suas operações e receitas em tempo real, são conforme abaixo:● Estado de Carga (SoC - State of Charge): Refere-se à quantidade atual de energia
armazenada na bateria, geralmente expressa como uma porcentagem da
capacidade total (por exemplo, 50% de carga). É o equivalente ao medidor de
combustível de um carro convencional.
● Estado de Saúde (SoH - State of Health): É uma medida da condição geral e do
desempenho de uma bateria em comparação com quando ela era nova. É expresso
em porcentagem, onde 100% indica uma bateria em perfeitas condições de fábrica e
um valor menor indica degradação (por exemplo, uma bateria com SoH de 80%
reteve 80% de sua capacidade original).
● Desequilíbrio Celular (Cell Imbalance): Ocorre quando células individuais dentro de
um pacote de baterias maior têm diferentes estados de carga (SoC) ou estados de
saúde (SoH). Esse desequilíbrio pode reduzir a capacidade total do pacote e, em
casos extremos, prejudicar a vida útil ou a segurança da bateria, pois o desempenho
é limitado pela célula mais fraca.
● Eficiência de Ida e Volta (RTE - Round-Trip Efficiency): Mede a eficiência energética
geral de um ciclo completo de carga e descarga. É a razão entre a energia
descarregada da bateria e a energia necessária para carregá-la. Uma RTE de 90%
significa que 10% da energia é perdida durante os processos de carga e descarga
(principalmente como calor).
Com o aumento das exigências da rede e o alto valor dos ativos, a margem para erro está
cada vez menor.
O Ministério de Minas e Energia publicou recentemente a PORTARIA MME Nº 878, DE 7
DE NOVEMBRO DE 2025, que estabelece as Diretrizes e a Sistemática para a realização
do Leilão para Contratação de Potência Elétrica, denominado "Leilão de Reserva de
Capacidade na forma de Potência, por meio de novos sistemas de armazenamento de
energia em baterias - LRCAP de 2026 - Armazenamento".
Portanto, dois dos requisitos da consulta pública trata da eficiência RTE e da disponibilidade
de potência, como descreve, conforme a portaria:
“ Os sistemas de armazenamento de energia em baterias cuja eficiência de carga e
descarga (round trip efficiency) não deverá ser inferior a 85%”.
E ainda que:
“ O sistemas de armazenamento de energia em baterias com capacidade de operação
contínua com disponibilidade de potência não inferior a 4 (quatro) horas consecutivas”
Portanto para atender estes requisitos do edital que elevam o patamar de qualidade dos
projetos, é preciso aplicar metodologias de cálculo de cada uma das métricas citadas.
Para o cálculo do SOC (Estado de Carga), DOD (Profundidade de Descarga), RTE
(Eficiência de Energia de Ida e Volta) e Inbalance (Desequilíbrio) em baterias de lítio
envolve métodos diferentes, muitas vezes implementados em um Sistema de
Gerenciamento de Bateria (BMS).
● SOC (State of Charge - Estado de Carga):O SOC é a porcentagem da capacidade total de carga que a bateria ainda possui. Métodos
comuns de cálculo incluem:
● Método da Contagem de Coulomb (Current Integration): Este é o método mais
comum em sistemas BMS. Ele integra a corrente de carga e descarga ao longo do
tempo para estimar a carga restante com base em um SOC inicial conhecido. A
fórmula básica é:
● Método da Tensão de Circuito Aberto (OCV): A tensão da bateria em circuito aberto
(sem carga por um período) se correlaciona com seu SOC. No entanto, a curva de
tensão das baterias de lítio é muito plana na maior parte do ciclo, tornando este
método menos preciso sozinho, mas é útil para calibrar o método de contagem de
Coulomb.
● Métodos Híbridos/Avançados: Combinação de OCV e contagem de Coulomb, além
de algoritmos como Filtros de Kalman, para maior precisão.
● DOD (Depth of Discharge - Profundidade de Descarga)
O DOD é o complemento do SOC. Ele indica a porcentagem da capacidade total que foi
descarregada.
● RTE (Round-Trip Efficiency - Eficiência de Energia de Ida e Volta)
A RTE mede a eficiência do ciclo completo de carga e descarga da bateria. É a razão entre
a energia descarregada e a energia carregada.A energia (em Wh) é calculada como a integral da potência (tensão × corrente) ao longo do
tempo. As perdas ocorrem devido à resistência interna e calor dissipado durante a
operação.
● Inbalance (Desequilíbrio entre células)
O desequilíbrio ocorre em baterias compostas por múltiplas células em série/paralelo
quando elas apresentam diferentes tensões ou capacidades. O BMS monitora a tensão de
cada célula individualmente.
O desequilíbrio pode ser quantificado pela diferença máxima de tensão entre as células em
um determinado estado de carga (geralmente próximo de 100% ou 0% SOC) ou pela
diferença de capacidade estimada entre elas.
● Cálculo simplificado:
Um BMS usa circuitos de balanceamento (ativos ou passivos) para gerenciar e minimizar
esse desequilíbrio, garantindo que todas as células operem dentro de limites seguros e a
capacidade total do pacote seja maximizada.
Portanto, para ter êxito no leilão de reserva de capacidade na forma de Potência (LRCap), o
proponente deverá levar em consideração:
1. Como essas métricas são medidas e onde os erros de degradação e medição
2. 3. podem surgir.
Como prevenir proativamente esses problemas, assegurando a precisão dos dados.
Qual o impacto direto desses elementos na energia disponível em tempo real e na
funcionalidade geral do sistema.
O cálculo otimizado destas métricas são fundamentais para otimizar seu sistema e proteger
seu retorno financeiro.
● Compreensão Profunda: Avalie como o SoC, SoH, Desequilíbrio Celular e RTE são
medidos e como a degradação e erros se desenvolvem.
● Impacto no Lucro: Analise como a precisão desses parâmetros-chave se traduz
diretamente no desempenho e na lucratividade do seu BESS.
● Tecnologia em Foco: Explore como os componentes de hardware e software
influenciam a qualidade da análise da bateria e como dados de baixa qualidade
podem distorcer seu modelo financeiro.
Com a aplicação correta destas métricas e uso de ferramentas de análise de baterias para
corrigir prováveis desvios na operação, os proponentes poderão garantir que os
proprietários maximizem o ROI e garantam a potência e disponibilidade do sistema BESS,
para atender os requisitos no edital do LRCAP.Sydney Ipiranga, engenheiro eletricista, MSc Energias Renováveis, especialista em BESS,
Diretor Técnico da ABGD e CEO da Energia Plus
Brasil.
Como Métricas Mal Interpretadas poderão Drenar a atratividade do Seu Projeto BESS








