Estudo publicado na Universidade de Oxford confirma baixas emissões de CO₂ da Usina Belo Monte
- EnergyChannel Brasil

- há 4 dias
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Tese de doutorado da COPPE/UFRJ conclui que emissões do reservatório da usina são ainda menores que os resultados do primeiro estudo realizado pela instituição

Um novo estudo publicado na Revista Clean Energy, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, concluiu que as emissões do reservatório da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Pará, são 33,3% inferiores ao cálculo anterior.
O artigo científico “Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa do Reservatório da Usina Hidrelétrica Belo Monte” é de autoria do meteorologista brasileiro Claudio Augusto Borges Pavani, doutorando da COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). O trabalho aprofunda um estudo anterior da própria COPPE e reforça, com base científica, que Belo Monte é uma aliada no desafio da transição energética.
Entre 2019 e 2022, dez pesquisadores da COPPE/UFRJ realizaram seis campanhas de medição em 45 pontos da Bacia do rio Xingu e do reservatório da hidrelétrica, monitorando emissões ao longo de três anos. O estudo confirmou que as emissões associadas ao empreendimento estão entre as mais baixas já observadas em hidrelétricas de grande porte.
Para aumentar a precisão das estimativas de valores globais do projeto como um todo, os pesquisadores aplicaram o Método de Monte Carlo, que permite simular milhares de combinações possíveis e reduzir incertezas, oferecendo um retrato mais robusto das emissões reais do reservatório.
Os resultados demonstram que, em termos de intensidade energética, Belo Monte apresentava um fator de emissão de 1,79 gCO₂e/kWh pelo cálculo analítico tradicional e aplicando o método Monte Carlo o fator de emissão foi de 1,20 gCO₂e/kWh.
“O objetivo do estudo foi aumentar a precisão da estimativa de emissão de GEE global do reservatório de Belo Monte a partir da utilização da análise de todos os valores possíveis e de qualidade que o Método de Monte Carlos propicia”, explica Cláudio Pavani"
Emissão ínfima se comparada a outras fontes
A análise dos resultados, quando relacionada à energia efetivamente gerada, mostra que Belo Monte apresenta um fator de emissão de apenas 1,2 gCO₂e por kWh, índice inferior ao de outras fontes renováveis, como a solar, que varia entre 5 e 20 gCO₂e/kWh, e a eólica, entre 2 e 12 gCO₂e/kWh. O desempenho também se destaca quando comparado a fontes fósseis: usinas a carvão chegam a emitir cerca de 930 gCO₂e/kWh, enquanto usinas a gás natural apresentam aproximadamente 412 gCO₂e/kWh, segundo dados do IPCC (2014).
“As hidrelétricas costumam ser estigmatizadas, mas Belo Monte é um projeto de alta eficiência e baixas emissões. É uma usina com reservatório pequeno e capacidade gigantesca de geração. Quando se compara a emissão de gases com a energia produzida, fica evidente o quanto esse projeto é positivo sob as óticas energética e ambiental”, afirma Marco Aurélio Santos, coordenador da pesquisa da COPPE e professor orientador da tese de Pavani.
O estudo também rebate trabalhos anteriores que superestimaram as emissões da usina por não considerarem as remoções naturais de gases nem o cenário anterior ao enchimento do reservatório, aspectos essenciais para uma análise completa do ciclo do carbono. O recente trabalho se baseia em medições mais amplas e metodologia aprimorada.
“Estou seguro em dizer que Belo Monte é um dos melhores projetos hidrelétricos do ponto de vista de baixas emissões e eficiência. E acreditamos que, entre cinco e dez anos, a tendência é que as emissões sejam ainda menores”, conclui Marco Aurélio Santos. De fato, as hidrelétricas se destacam pela eficiência na geração de energia limpa e renovável e garantem a estabilidade do sistema elétrico, pois não sofrem intermitências, com a solar e eólica, e produzem energia em grande escala.
Tomando Belo Monte como exemplo, desde 2019 a usina evitou a emissão de 84,4 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera, quando comparada às emissões de uma usina termelétrica a gás, no mesmo período. Isso acontece porque enquanto Belo Monte está gerando energia renovável para o Brasil, diminui a necessidade do acionamento de outras fontes de energia poluentes e mais caras para a população, principalmente em momentos de pico de consumo nacional. O cálculo considera a geração de Belo Monte até setembro de 2025 e foi feito com base no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), maior autoridade mundial sobre aquecimento global.
Somente em 2025 foram evitadas 12 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera, o que equivale a uma estimativa de 1,3 milhão de carros a menos nas ruas por dia.
Sobre Belo Monte
A Usina Belo Monte, localizada no rio Xingu, no Pará, é a maior hidrelétrica 100% brasileira e uma das principais responsáveis pelo fornecimento de energia limpa e renovável do país. Operada pela Norte Energia, Belo Monte desempenha papel estratégico no Sistema Interligado Nacional (SIN), contribuindo de forma decisiva para a segurança energética do Brasil.
Estudo publicado na Universidade de Oxford confirma baixas emissões de CO₂ da Usina Belo Monte












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