Falta de Planejamento do Sistema Energético Brasileiro e o Papel Estratégico das Usina de Recuperação de Energia
- Sebastião Carlos Martins
- há 17 minutos
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Por Sebastião Carlos Martins
A recente decisão da ANEEL conforme noticiado pelo MoneyTimes de cortar ou limitar a geração renovável, mesmo em cenários de sobra de energia, expõe um problema estrutural do setor elétrico brasileiro: não faltam sol, vento ou capacidade tecnológica; falta planejamento, infraestrutura e visão estratégica.

Hoje, grandes polos solares e eólicos, especialmente no Nordeste, produzem energia além do que o sistema consegue escoar. Não porque o País não precise dessa energia, mas porque o sistema de transmissão e distribuição não foi adequadamente ampliado, modernizado ou preparado para receber esse crescimento acelerado.
Linhas de transmissão atrasadas, subestações saturadas e redes de distribuição insuficientes se tornaram gargalos que têm levado o ONS a solicitar cortes emergenciais de geração para manter parâmetros mínimos de frequência e tensão.
Assim, o problema não é excesso de renováveis: é deficiência de rede e insuficiência de planejamento estratégico.
A Alternativa Inteligente: Vetores de Transição que Não Dependem da Rede Elétrica
Enquanto a energia solar e eólica exige forte integração ao sistema de transmissão/distribuição, há outros vetores de transição energética que não dependem da rede elétrica ou dependem de forma muito menos crítica, como:
Biocombustíveis (Biodiesel, Etanol 2G)
Hidrogênio Verde via eletrólise
Fertilizantes organominerais
Combustíveis avançados produzidos em UREs via gaseificação/pirólise de RSU, biomassa e minerais
Esses vetores não precisam injetar energia na rede elétrica, não competem por capacidade de transmissão e ainda contribuem diretamente para a redução de emissões, geração de empregos, agregação de valor industrial e fortalecimento da segurança energética nacional.
Conclusões dos Estudos da DBEST PLAN – Eng. Sebastião Martins
Os estudos conduzidos pela DBEST PLAN, sob coordenação técnica do Eng. Sebastião Carlos Martins, demonstram de forma objetiva e quantificada que as UREs (Unidades de Recuperação de Energia) baseadas em gaseificação de resíduos urbanos, biomassa ou minerais geram impactos muito superiores aos observados na geração eólica e solar pura, quando avaliadas sob a perspectiva ambiental, econômica e social:
1. Benefícios Econômicos Diretos
Geração de centenas a milhares de empregos por planta, entre construção, operação e cadeia logística.
Expansão da arrecadação tributária municipal, estadual e federal.
Produção nacional de diesel verde, SAF, etanol 2G, hidrogênio e fertilizantes organominerais — reduzindo importações.
Aumento da competitividade de municípios e estados, atraindo indústrias dependentes desses insumos.
2. Benefícios Ambientais
Redução drástica do envio de RSU aos aterros, reduzindo metano e impactos sanitários.
Neutralização de emissões de CO₂ na produção de biocombustíveis avançados.
Produção de fertilizantes nacionais de baixo carbono, diminuindo dependência externa.
3. Benefícios Sociais
Integração de cooperativas de catadores com remuneração justa.
Geração de alimentos (no caso dos Ecoparques DBEST PLAN) com preços reduzidos para a população vulnerável.
Desenvolvimento de polos industriais em regiões carentes, com redistribuição de renda.
4. Impactos Macroeconômicos
Os modelos de viabilidade da DBEST PLAN, baseados em CAPEX realista, análise tributária e Simulação de Monte Carlo, demonstram que:
Cada URE reduz o déficit da balança comercial, substituindo fertilizantes, diesel e combustíveis fósseis importados.
Melhora a segurança geopolítica, reduzindo dependência de países instáveis.
Aumenta a resiliência energética do Brasil, diversificando a matriz para além do sistema elétrico.
A Necessidade de Incentivos e Redução de Carga Tributária
A DBEST PLAN evidência em seus estudos que, apesar de altamente estruturantes e estratégicas, as UREs ainda requerem incentivos (ver o item “O papel das políticas fiscais e incentivos pagina 12), sobretudo nos primeiros anos o mesmo tipo de incentivo que o governo ofereceu às eólicas e fotovoltaicas em seu início.
Portanto, são indispensáveis:
Redução de ICMS, PIS e COFINS
Incentivos ao CAPEX
Créditos verdes e linhas de financiamento internacionais
Programas de descarbonização com compra garantida de combustíveis limpos
Políticas industriais para fertilizantes organominerais
Zonas especiais de incentivo (como ZPEs)
Sem essas medidas, o Brasil corre o risco de perder competitividade global exatamente nos setores que poderiam torná-lo líder mundial em energia limpa integrada.
Segurança Jurídica: Condição Mínima para Atrair Investidores e Financiadores
Nenhum investidor institucional, banco de fomento ou fundo internacional aporta capital em projetos que envolvem:
Incerteza regulatória
Risco de retrocesso tributário
Falta de garantias para compra dos produtos
Mudanças abruptas de regras
As UREs, por sua importância estratégica, exigem marcos regulatórios estáveis, contratos de longo prazo, definição clara de créditos de descarbonização e políticas públicas permanentes.
A segurança jurídica é o que separa:
uma política pública que atrai bilhões;
de projetos que nunca saem do papel.
Conclusão: Uma Estratégia Nacional de Alto Impacto
O Brasil está diante de uma escolha clara:
1. Continuar restrito à matriz elétrica, travada por limitações de transmissão e distribuição
e correr o risco de perder protagonismo global.
2. Ou adotar uma abordagem ampla de transição energética, que inclui:
UREs de RSU e biomassa
Biocombustíveis avançados
Hidrogênio verde
Fertilizantes organominerais
Polos industriais circulares e de baixo carbono
Esta segunda alternativa é a que gera empregos, arrecadação, desenvolvimento regional, segurança energética e ambiental simultaneamente.
Os estudos da DBEST PLAN, liderados pelo Eng. Sebastião Martins, mostram que o caminho está claro:
“a transição energética brasileira não depende apenas de mais usinas, mas de mais inteligência, planejamento, incentivos e segurança jurídica”.
Falta de Planejamento do Sistema Energético Brasileiro e o Papel Estratégico das Usina de Recuperação de Energia








