Metano em alta: relatório da ONU expõe avanço silencioso do superpoluente e desafia metas globais até 2030
- EnergyChannel Brasil

- há 2 dias
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Matéria exclusiva – EnergyChannel
Em meio às discussões decisivas da COP30, em Belém, um novo alerta acendeu o sinal vermelho na comunidade internacional: o metano um dos gases de efeito estufa mais potentes e responsáveis por acelerar o aquecimento global segue aumentando, apesar das promessas assumidas por mais de 150 países.

A constatação faz parte da primeira avaliação global do Compromisso Internacional do Metano, divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O levantamento mostra que, quase quatro anos após o lançamento do compromisso na COP26, em Glasgow, o cenário real caminha na direção oposta à esperada. Em vez de uma redução substancial das emissões até 2030, o mundo se aproxima de um crescimento de 5% um retrocesso que compromete diretamente a trajetória climática projetada pelo Acordo de Paris.
Metano: o acelerador climático ignorado
Embora permaneça na atmosfera por muito menos tempo do que o dióxido de carbono, o metano tem um poder de aquecimento mais de 80 vezes maior nos primeiros 20 anos. Atualmente, ele é responsável por cerca de um terço do aquecimento global provocado por atividades humanas.
As maiores fontes continuam sendo conhecidas:
agropecuária, especialmente a pecuária intensiva;
produção e transporte de petróleo e gás;
gestão inadequada de resíduos.
Com o aumento populacional e econômico previsto para os próximos anos, o relatório aponta que os setores agrícola e de resíduos devem puxar a alta nas emissões um desafio especialmente crítico para países em desenvolvimento.
Objetivos distantes da realidade
Quando assinaram o pacto, os países se comprometeram com uma redução coletiva de 30% até 2030. O problema: mesmo se todos os signatários cumprissem as promessas atuais, o recuo efetivo seria de apenas 8%.
E o quadro é agravado pela ausência de três gigantes: China, Índia e Rússia, entre os maiores emissores globais.
A estimativa preocupante revelada pelo PNUMA tem impactos diretos:
quase 24 mil mortes prematuras por ano ligadas à poluição;
2,5 milhões de toneladas de perdas agrícolas anuais;
prejuízo econômico global superior a US$ 43 bilhões até 2030.
EUA recuam e tensionam cenário regulatório
O relatório também destaca a instabilidade regulatória nos Estados Unidos país que inicialmente impulsionou o compromisso ao lado da União Europeia.
Nos últimos dois anos, políticas implementadas pelo governo Biden buscavam reduzir drasticamente o metano, especialmente no setor de petróleo e gás. Entre elas estavam:
limite nacional emissões;
novas regras da EPA;
taxa sobre emissões excessivas;
meta de redução de 35% até 2030.
Entretanto, parte dessas iniciativas foi revertida ou flexibilizada após a mudança de governo, incluindo a remoção da taxa sobre metano e o adiamento de medidas impostas à indústria fóssil.
Essa guinada levou autoridades americanas a pressionar a União Europeia para relaxar seu próprio Regulamento do Metano que, a partir de 2030, exigirá que todo gás natural importado para o bloco siga padrões rigorosos de controle de emissões.
A UE, porém, sinaliza que não pretende ceder.
Europa mantém postura firme, apesar da pressão
Após tentativas de lobby de representantes dos EUA na Grécia, Itália e Bélgica, a Comissão Europeia reafirmou que a regulamentação está mantida. Investidores institucionais que administram mais de € 4,8 trilhões também pressionaram o bloco para não recuar.

A UE considera que o controle do metano é um pilar essencial da política climática e não representa risco significativo ao comércio de energia posição reforçada em comunicado oficial.
O setor de energia pode virar o jogo
Apesar do cenário negativo, o relatório da ONU destaca um ponto crucial: o setor energético oferece o caminho mais rápido, eficiente e barato para cortar emissões.
Isso porque grande parte do metano perdido na cadeia de petróleo e gás poderia ser recuperada e vendida um benefício econômico direto para as empresas.
Países que apostarem em tecnologias de detecção de vazamentos, captura e reuso podem acelerar reduções substanciais ainda nesta década.
O agravamento das emissões naturais
Outro dado que aumenta a urgência: com o avanço do aquecimento global, zonas úmidas e áreas de permafrost começam a liberar metano natural em volumes cada vez maiores. Isso significa que cortes mais profundos nas emissões humanas serão inevitáveis.
O recado da ONU é claro: tempo é o recurso mais escasso
Para Martina Otto, líder da Coalizão Clima e Ar Limpo do PNUMA, o mundo não pode mais tratar o metano como um tema secundário:“Reduzir o metano é o freio de emergência climático que ainda temos disponível. Cada tonelada evitada significa ar mais limpo, saúde pública e comunidades mais resilientes.”
A COP30, que ocorre em solo brasileiro, torna-se assim um palco crucial para que países revisitem suas estratégias e avancem além das promessas transformando compromissos vagos em políticas concretas.
Metano em alta: relatório da ONU expõe avanço silencioso do superpoluente e desafia metas globais até 2030











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