O Acordo de Belém pode se tornar um marco histórico na transição energética global, mas ainda enfrenta debates e incertezas.
- EnergyChannel Brasil

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Hoje, no penúltimo dia da COP30, a
expectativa é que o documento avance para uma versão final com adesão ampla,
embora países como China ainda não tenham confirmado apoio integral.

mas ainda enfrenta debates e incertezas.
A COP30, realizada em Belém, está prestes a encerrar com a promessa de um novo pacto
climático: o Acordo de Belém. Inspirado por tratados anteriores como o Protocolo de
Quioto (1997) e o Acordo de Paris (2015), este novo documento busca consolidar
compromissos globais para acelerar a transição energética e enfrentar a crise climática
com mais ambição e justiça.
Assim como o Protocolo de Quioto estabeleceu metas obrigatórias de redução de
emissões para países desenvolvidos e o Acordo de Paris ampliou o escopo para todos os
países com metas voluntárias, o Acordo de Belém pretende ir além: promover uma
transição energética justa, com foco em inclusão social, descentralização da geração de
energia e eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.
Geração distribuída e descentralização energética
Um dos pontos mais inovadores do documento é o reconhecimento da importância da
geração distribuída ou seja, a produção de energia próxima ao local de consumo, como
painéis solares em residências ou pequenas usinas comunitárias. Essa abordagem não
apenas reduz perdas na transmissão, como também empodera comunidades e
democratiza o acesso à energia limpa.
Embora o texto ainda esteja em fase de rascunho, já há menções à necessidade de
infraestrutura descentralizada, redes inteligentes e apoio técnico-financeiro para países
em desenvolvimento. Isso representa um avanço em relação aos acordos anteriores, que
focavam mais em metas macroeconômicas e menos em soluções locais.
Multilateralismo em teste
Com adesão inicial de 35 países, o Acordo de Belém ainda precisa conquistar o apoio de
grandes emissores como China, Índia e Estados Unidos.
A China, por exemplo, tem
participado das negociações, mas ainda não confirmou apoio integral ao texto. Seu
posicionamento será decisivo para o sucesso do pacto.
O multilateralismo, princípio que sustenta as COPs desde sua origem, está sendo
testado. A fragmentação geopolítica e os interesses econômicos dificultam consensos.
Se países estratégicos não assinarem o documento, ele poderá perder força normativa e
se tornar apenas uma declaração de intenções como ocorreu com outros pactos
climáticos que não foram ratificados por todos os signatários.
Expectativas para o encerramento
Hoje, 20 de novembro, é o penúltimo dia da COP30. As negociações estão intensas, com
diplomatas e representantes da sociedade civil pressionando por cláusulas mais
robustas sobre financiamento climático, justiça social e eliminação do carvão.
A expectativa é que o texto final seja apresentado amanhã, com possibilidade de assinatura
por parte dos países ainda durante o evento.Caso o documento seja aprovado com ampla adesão, ele poderá se tornar um marco tão relevante quanto o Acordo de Paris. Caso contrário, será mais um alerta sobre a dificuldade de alinhar interesses globais diante da urgência climática.
O papel do Brasil e da América Latina
O Brasil tem se posicionado como protagonista, destacando sua matriz energética
renovável e experiências bem-sucedidas com biocombustíveis e geração distribuída.
A Declaração de Belém para a Industrialização Verde e o Compromisso de Belém pela
Transição Energética Justa, assinados por empresas estatais brasileiras, reforçam esse
papel.
A América Latina, como um todo, tem defendido uma transição que respeite os direitos
das comunidades tradicionais e promova inclusão social. Essa visão está sendo
incorporada ao texto do acordo, embora ainda enfrente resistência de países com
economias fortemente dependentes de combustíveis fósseis.
Conclusão: entre esperança e pragmatismo
O Acordo de Belém representa uma oportunidade histórica de redefinir os rumos da
transição energética global. Com foco em descentralização, justiça e inovação, ele pode
corrigir falhas dos pactos anteriores e abrir caminho para um futuro mais sustentável.
Mas para isso, será preciso coragem política, cooperação multilateral e pressão contínua
da sociedade civil. O mundo está assistindo e o tempo está se esgotando.
Por Renato Zimmermann – Desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da
transição energética











Excelente artigo e ficamos na torcida para que venha bons resultado é urgente é não a mais espaço é tempo pra se repensar o uso da MÃE TERRA...