Opep+ suspende aumento de produção e prepara ajuste estratégico diante de incertezas globais
- EnergyChannel Brasil

- há 9 horas
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Após meses de expansão no fornecimento, a aliança liderada por Arábia Saudita e Rússia anuncia pausa nos acréscimos de extração no primeiro trimestre de 2026 para equilibrar o mercado e conter riscos de sobreoferta.

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Em um movimento que marca uma inflexão na estratégia recente de expansão, os principais países da Opep+ decidiram suspender o aumento de produção de petróleo entre janeiro e março de 2026. A medida foi anunciada após reunião realizada no último domingo (2), envolvendo Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã.
De acordo com o comunicado oficial, o grupo ainda elevará a produção em 137 mil barris por dia em dezembro, encerrando o ciclo de incrementos antes de adotar uma postura mais cautelosa no início do próximo ano. A justificativa principal é a sazonalidade do consumo global, além da necessidade de compensar volumes produzidos acima das cotas nos meses anteriores.
“Os países continuarão monitorando atentamente o mercado e mantêm total flexibilidade para ajustar, suspender ou até reverter os cortes voluntários, caso seja necessário para garantir a estabilidade”, destaca o documento divulgado pela coalizão.
Estratégia em revisão
A decisão de interromper os acréscimos de produção surpreendeu analistas do setor, já que a Opep+ vinha adotando uma política agressiva de ganho de participação de mercado, mesmo com o recuo das cotações internacionais. Desde abril, a organização adicionou quase 3 milhões de barris diários à oferta global, segundo estimativas da Rystad Energy.
No entanto, o contexto geopolítico atual marcado pelas novas sanções ao petróleo russo impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia trouxe maior incerteza à dinâmica de oferta e demanda.
“A Opep+ entendeu que continuar expandindo a produção poderia se tornar contraproducente. A pausa protege os preços, reforça a coesão interna e dá tempo para avaliar os impactos das restrições sobre o petróleo russo”, analisa Jorge León, especialista em geopolítica energética da Rystad Energy.
Pressão sobre os preços
Mesmo com a pausa, a consultoria prevê que o primeiro trimestre de 2026 será marcado por um excedente de oferta de 3,5 milhões de barris por dia, o que tende a manter a pressão baixista sobre os preços. Na última sexta-feira (31), o Brent encerrou cotado a US$ 64,77, acumulando queda de 1,9% em outubro.
Efeitos no Brasil
Para o mercado brasileiro, o cenário de sobreoferta global e redução do barril é particularmente relevante em um ano eleitoral, já que o valor internacional do petróleo continua influenciando a política de preços da Petrobras.
A estatal, inclusive, anunciou redução média de 1,7% nos preços do gás natural vendido às distribuidoras a partir do sábado (1º), refletindo o comportamento de queda nas cotações internacionais.
Com a pausa na expansão da Opep+ e o ambiente de incertezas globais, o setor de energia entra em um período decisivo de ajustes e observação no qual cada movimento dos grandes produtores poderá redefinir o equilíbrio do mercado em 2026.
Opep+ suspende aumento de produção e prepara ajuste estratégico diante de incertezas globais





























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