Segurança Energética Redesenha a Geopolítica Global e Impulsiona a Volta da Energia Nuclear, aponta nova análise internacional
- EnergyChannel Brasil

- há 1 dia
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Em um momento em que crises climáticas, tensões geopolíticas e riscos tecnológicos se entrelaçam, a energia volta a ocupar o centro das decisões estratégicas globais. Uma nova análise publicada pela Agência Internacional de Energia (AIE) revela que o planeta entrou em uma fase crítica para garantir segurança energética e que a corrida por eletricidade confiável está redesenhando economias, investimentos e até disputas por minerais essenciais.

O relatório Perspectivas da Energia Mundial 2025 mostra que o mundo vive a maior pressão simultânea sobre diferentes fontes e tecnologias desde a década de 1970. A expansão acelerada do consumo elétrico, os riscos nas cadeias de suprimentos e o renascimento da energia nuclear surgem como protagonistas de um futuro energético mais complexo e competitivo.
A energia como novo vetor de segurança nacional
A AIE aponta que governos de todos os continentes estão reposicionando suas políticas energéticas como tema de segurança econômica e geopolítica. A instabilidade das cadeias globais antes restrita ao petróleo e ao gás agora se estende aos minerais críticos necessários para turbinas eólicas, baterias, painéis solares, semicondutores e veículos elétricos.
Segundo a análise, a concentração extrema desses minerais em um único fornecedor global a China, responsável por cerca de 70% do refino dos 20 principais minerais estratégicos cria vulnerabilidades inéditas para as economias avançadas e emergentes.
Demanda elétrica explode e inaugura a “Era da Eletricidade”
A conclusão mais contundente do relatório é que a eletricidade deixou de ser apenas uma tendência e se tornou um marco estrutural da economia mundial. O consumo elétrico cresce mais rápido que qualquer outro tipo de energia, impulsionado por:
Data centers e inteligência artificial
Refrigeração e climatização
Indústrias leves e manufaturas avançadas
Mobilidade elétrica
Expansão de bombas de calor e eletrodomésticos
A previsão é que a eletricidade represente até 50% do consumo energético global até 2050 em cenários de descarbonização acelerada.
O investimento acompanha essa virada: já metade do capital aplicado em energia no mundo está direcionado para redes elétricas, geração e eletrificação do consumo final.
Estruturas elétricas mais vulneráveis em um mundo mais quente
Apesar do avanço, o setor elétrico enfrenta um conjunto crescente de ameaças:
Ciberataques a infraestrutura crítica
Eventos climáticos extremos
Sobrecarga operacional em redes antigas
Dependência de minerais críticos importados
Montar redes mais resilientes e diversificadas deixou de ser uma opção e tornou-se uma condição mínima para garantir competitividade econômica.
O retorno da energia nuclear e a chegada dos SMRs
Depois de duas décadas de estagnação, a energia nuclear volta ao radar como solução estratégica para segurança energética e redução de emissões. Mais de 40 países já incluíram novos projetos nucleares em seus planos oficiais.
O movimento é puxado por:
Reativação de reatores, especialmente no Japão
Cerca de 70 GW de nova capacidade em construção — o maior volume em 30 anos
Avanço dos pequenos reatores modulares (SMRs), cada vez mais atrativos para data centers e polos industriais
Empresas de tecnologia já manifestaram interesse em 30 GW de energia proveniente de SMRs, consolidando um novo modelo de uso descentralizado e altamente estável para abastecimento elétrico.
A projeção é que a capacidade nuclear mundial cresça pelo menos um terço até 2035.
Caminhos possíveis: três cenários para o futuro energético
O estudo trabalha com três cenários que ajudam a visualizar futuros energéticos diferentes:
Cenário de Políticas Atuais (CPS)
Mantém as políticas vigentes e projeta um mundo caminhando para quase 3°C de aquecimento até 2100.
Cenário de Políticas Declaradas (STEPS)
Considera metas anunciadas, mas ainda não implementadas totalmente. Mantém o aquecimento global em torno de 2,5°C.
Cenário Emissões Líquidas Zero (NZE)
Modelo de maior ambição climática. Prevê:
Queda de 50% das emissões energéticas até 2035
Quadruplo de capacidade renovável chegando a 19,6 TW
A eletricidade representando um terço do consumo final já em 2035
Pico de aquecimento global próximo a 1,65°C antes de começar a recuar
Riscos emergentes: o gargalo dos minerais críticos
A AIE alerta que a transição energética depende de uma cadeia de suprimentos altamente concentrada e sujeita a controles de exportação. Em 2025, mais da metade dos minerais essenciais para eólicas, baterias e VEs estará sob algum tipo de restrição comercial.
O alerta é direto:sem diversificação mineral, não há segurança energética nem transição climática sustentável.
Um futuro elétrico e altamente dependente de resiliência
A próxima década será decisiva. O relatório indica que o modelo energético está mudando mais rápido do que os sistemas foram projetados para suportar. Diferentemente do século XX, no qual o petróleo definia a geopolítica, o século XXI será moldado por:
eletricidade confiável
mineração estratégica
tecnologias de baixo carbono
segurança digital e climática
Para governos e empresas, o desafio é equilibrar ambições climáticas, demandas econômicas e riscos globais crescentes.
E uma mensagem clara emerge da análise:quem não investir agora em sistemas elétricos robustos, diversificados e seguros ficará para trás na nova economia mundial.

Segurança Energética Redesenha a Geopolítica Global e Impulsiona a Volta da Energia Nuclear, aponta nova análise internacional











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