TRUMP ELIMINA CRÉDITO FISCAL PARA ENERGIA SOLAR RESIDENCIAL EM NOVA LEI ORÇAMENTÁRIA
- EnergyChannel Brasil
- 7 de jul.
- 4 min de leitura
Por EnergyChannel | Redação
Publicado em 07 de julho de 2025
Em movimento que promete reconfigurar o mercado de energia solar nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump assinou ontem um projeto de lei orçamentária que elimina o Crédito Fiscal de Investimento (ITC) para instalações solares residenciais, encerrando um dos principais incentivos que impulsionou a adoção de energia solar por consumidores americanos na última década.

Fim de uma era para o setor solar residencial
O ITC residencial, que permitia aos proprietários de imóveis deduzirem até 26% do custo de instalação de sistemas solares em seus impostos federais, foi um pilar fundamental para o crescimento exponencial do setor solar americano. Analistas do mercado energético já preveem impactos significativos para fabricantes, instaladores e consumidores.
"Esta decisão representa um ponto de inflexão para o mercado solar residencial nos EUA", afirma Maria Gonzalez, analista-chefe da consultoria RenewEcon, em entrevista exclusiva. "Estamos falando de um incentivo que reduzia efetivamente o custo de aquisição de sistemas solares em mais de um quarto, tornando-os acessíveis para milhões de famílias americanas."
Justificativa fiscal e reações do mercado
A administração Trump justificou a medida como parte de um esforço mais amplo para reduzir gastos governamentais e eliminar o que classificou como "subsídios desnecessários" no setor energético. Segundo o Departamento do Tesouro, a eliminação do ITC residencial deve economizar aproximadamente US$ 7 bilhões aos cofres públicos nos próximos cinco anos.
O mercado reagiu imediatamente ao anúncio. As ações das principais empresas do setor solar registraram quedas significativas:
- SunPower: -18,7%
- Sunrun: -22,3%
- Tesla (divisão solar): -9,4%
- First Solar: -7,2%
"A diferença nas quedas reflete a exposição de cada empresa ao mercado residencial", explica Carlos Mendes, economista especializado em transição energética. "Empresas com foco predominante no segmento residencial, como Sunrun, sofrem impacto mais severo do que aquelas com portfólio diversificado ou concentrado em projetos de grande escala."
ITC comercial mantido, mas com incertezas
É importante ressaltar que o projeto de lei mantém o ITC para instalações comerciais e de utilidade pública, que continuarão beneficiando-se do crédito fiscal de 26%, com redução gradual prevista nos próximos anos. No entanto, especialistas questionam a estabilidade desse incentivo no longo prazo.
"Manter o ITC comercial enquanto elimina o residencial sinaliza uma preferência por projetos de grande escala, mas também levanta dúvidas sobre a permanência desse benefício nos próximos anos", avalia Jennifer Park, diretora da Associação de Indústrias de Energia Limpa (AIEL). "O setor precisa se preparar para um cenário de redução gradual ou eliminação completa dos incentivos federais."
Impactos projetados para o mercado
Segundo projeções da Wood Mackenzie Power & Renewables, a eliminação do ITC residencial deve resultar em:
- Redução de 35% nas instalações solares residenciais em 2026
- Perda estimada de 38.000 empregos no setor solar nos próximos 18 meses
- Aumento do período de retorno do investimento em sistemas residenciais de 7-8 anos para 11-12 anos
- Aceleração da consolidação entre instaladores e distribuidores de equipamentos solares
"O mercado não vai desaparecer, mas certamente veremos uma transformação significativa", projeta Gonzalez. "Empresas precisarão inovar em modelos de financiamento, reduzir custos operacionais e possivelmente focar em segmentos premium menos sensíveis a preço."
Estados podem compensar com incentivos locais
Diante do vácuo deixado pelo governo federal, especialistas apontam que estados com metas ambiciosas de energia renovável provavelmente intensificarão seus próprios programas de incentivo.
"Califórnia, Nova York, Massachusetts e outros estados com compromissos climáticos robustos devem expandir ou criar novos mecanismos de apoio à energia solar distribuída", prevê Thomas Chen, pesquisador do Instituto de Políticas Energéticas Sustentáveis. "Isso pode criar um mercado ainda mais fragmentado, com adoção solar concentrada em estados com políticas favoráveis."
Alguns estados já sinalizaram essa intenção. O governador da Califórnia anunciou ontem que apresentará um projeto de lei estadual para compensar parcialmente a perda do incentivo federal, enquanto legisladores de Nova York discutem a ampliação do programa NY-Sun.
Setor busca alternativas
Representantes da indústria solar já articulam estratégias para navegar neste novo cenário. A Associação das Indústrias de Energia Solar (SEIA) anunciou a formação de uma força-tarefa para desenvolver propostas alternativas de incentivo e explorar novos modelos de negócio.
"O setor solar americano é resiliente e inovador", afirma Sarah Johnson, presidente da SEIA. "Já superamos desafios regulatórios antes e continuaremos a expandir, mesmo que em ritmo mais moderado no curto prazo. A competitividade econômica da energia solar vai além dos incentivos fiscais."
Entre as alternativas em discussão estão:
- Expansão de programas de financiamento com juros reduzidos
- Desenvolvimento de modelos de assinatura de energia solar sem custo inicial
- Foco em integração com armazenamento de energia e veículos elétricos
- Parcerias com concessionárias para programas de resposta à demanda
Perspectivas para o futuro
Apesar do revés, analistas de longo prazo mantêm perspectiva positiva para o setor solar como um todo. A contínua redução nos custos de equipamentos, combinada com o aumento nos preços da eletricidade convencional, deve preservar a competitividade da energia solar mesmo sem o ITC residencial.
"Este é um obstáculo significativo, mas não muda a trajetória fundamental da transição energética", conclui Mendes. "A energia solar continua sendo uma das fontes mais competitivas em termos de custo nivelado de energia, e essa vantagem só tende a aumentar com avanços tecnológicos contínuos."
O EnergyChannel continuará acompanhando os desdobramentos desta decisão e seus impactos no mercado energético global.
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TRUMP ELIMINA CRÉDITO FISCAL PARA ENERGIA SOLAR RESIDENCIAL EM NOVA LEI ORÇAMENTÁRIA
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