Três Gigantes Dominam o Mercado de Gases Industriais e Moldam o Futuro do Hidrogênio
- EnergyChannel Brasil

- 5 de nov.
- 3 min de leitura
No coração da indústria moderna, um segmento silencioso sustenta tudo, desde hospitais e fábricas de semicondutores até projetos de energia limpa: os gases industriais. Estima-se que este mercado global movimente cerca de US$ 120 bilhões em 2025, mas o que chama atenção é que três empresas Linde Plc, Air Liquide SA e Air Products and Chemicals Inc. controlam cerca de 70% desse universo.

Essa concentração não é apenas uma curiosidade estatística: influencia preços, garante confiabilidade no fornecimento e, sobretudo, determina o ritmo da transição energética e o crescimento da economia do hidrogênio. Cada contrato fechado, cada nova planta instalada e cada inovação tecnológica dessas gigantes impacta setores inteiros e até economias regionais.
Escala e Alcance Global
As três líderes têm presença em mais de 50 países cada, fornecendo gases como hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, argônio, gases especiais e gases médicos. Suas operações atendem desde siderúrgicas e fábricas de semicondutores até estações de tratamento de água e hospitais.
Enquanto os grandes dominam, fornecedores menores e regionais buscam nichos específicos, como mineração remota ou gases de alta pureza para eletrônicos, mas ainda dependem da logística e da infraestrutura das gigantes.
O crescimento do setor é projetado para ser estável, na casa de um dígito médio, mas segmentos emergentes, como hidrogênio verde e gases ultrapurificados para semicondutores, avançam mais rápido, moldando estratégias de P&D e investimentos de capital.
Barreiras de Entrada e Tecnologia
Entrar nesse mercado não é simples. Equipamentos como unidades de separação de ar criogênicas (ASUs) exigem investimentos superiores a US$ 200 milhões e podem levar mais de uma década para se pagar. A produção de hidrogênio verde via eletrólise demanda capex elevado, conhecimento técnico e infraestrutura extensa.
Para semicondutores, a manipulação de gases ultrapurificados requer controle de impurezas em níveis de partes por trilhão tarefa que poucos fornecedores conseguem executar consistentemente.
Somam-se a isso barreiras regulatórias, exigências de segurança e certificações ambientais, criando um fosso que mantém os gigantes no topo do mercado.
Como os Gigantes Crescem
Air Liquide: Fundada em 1902, expandiu-se globalmente e se tornou referência em hidrogênio de baixo carbono, tecnologias de membranas e gêmeos digitais para otimizar produção. Pequenas aquisições e parcerias estratégicas reforçam sua presença sem comprometer o foco em P&D.
Linde Plc: A fusão com a Praxair em 2018 consolidou sua posição como líder em gases industriais e especiais. Investe em ASUs digitais e redes de distribuição, com foco em eficiência energética e confiabilidade.
Air Products: Com foco em infraestrutura de hidrogênio, participa de projetos como a megaplanta em NEOM, na Arábia Saudita, que produzirá 650 toneladas por dia de hidrogênio verde eletrolítico, impulsionando a transição energética em grande escala.
Reguladores e Contratos
O controle de mercado pelos três grandes atrai a atenção de órgãos antitruste em todo o mundo. Fusões e aquisições são minuciosamente examinadas para evitar práticas anticompetitivas, ao mesmo tempo que permitem investimentos em projetos estratégicos de baixo carbono.
Para compradores, contratos longos e complexos definem volumes, preços e penalidades, garantindo fornecimento seguro, mas limitando flexibilidade. No setor de semicondutores, uma única impureza pode parar a produção por dias, evidenciando a importância de fornecedores confiáveis.
O Hidrogênio Como Motor de Crescimento
O hidrogênio é o principal vetor de crescimento e descarbonização industrial. Projetos globais, como o da NEOM, e a expansão de oleodutos de hidrogênio na Europa e Ásia, demonstram que essas empresas estão remodelando o mercado. Modelos inovadores de distribuição, como hubs modulares e assinatura de hidrogênio como serviço, também começam a aparecer.
Startups e unidades modulares menores estão explorando nichos, oferecendo soluções rápidas e escaláveis em locais remotos, mostrando que a produção distribuída de hidrogênio pode ser a próxima fronteira.
Investimento e Financiamento
Além da engenharia e tecnologia, ter capacidade de co-investimento tornou-se essencial. Os três gigantes unem-se a desenvolvedores de energia renovável e grandes emissores industriais, utilizando títulos corporativos, empréstimos verdes e subsídios governamentais para financiar projetos que cruzam várias jurisdições e regimes regulatórios.
Exemplos recentes incluem a Air Liquide emitindo € 2,15 bilhões em títulos EMTN para financiar sua aquisição da DIG Airgas na Coreia do Sul, fortalecendo o fornecimento industrial de gases para semicondutores e energia limpa.
Conclusão
O mercado de gases industriais está em uma encruzilhada: enquanto os gigantes consolidam sua liderança e moldam a economia do hidrogênio, fornecedores menores e reguladores buscam inovar e equilibrar competitividade e sustentabilidade. Os próximos movimentos da Linde, Air Liquide e Air Products não apenas definirão o mercado de gases tradicionais, mas também o futuro da energia limpa global.
Três Gigantes Dominam o Mercado de Gases Industriais e Moldam o Futuro do Hidrogênio












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