Energias Renováveis = Redução de Custos e Emissões
- Daniel Lima

- 15 de abr.
- 2 min de leitura
Por Daniel Lima - ECOnomista
Adotar energias renováveis ao nosso mix energético pode realmente reduzir os custos do sistema e, ao mesmo tempo, diminuir as emissões do setor elétrico? Essa é uma pergunta extremamente relevante e estratégica, especialmente num momento em que se busca aliviar o peso das tarifas de energia sobre os consumidores.


Um argumento recorrente contra energias eólica e solar é que, por serem intermitentes, elas demandam fontes firmes de backup, o que elevaria os custos. Esse raciocínio é conhecido como a “falácia do custo duplo”.
Essa ideia não resiste a uma análise mais profunda, pois ignora os elevados custos ambientais e de capital associados à construção de grandes hidrelétricas ou termelétricas, além dos consideráveis custos operacionais das usinas fósseis.
Vejamos um exemplo prático com uma rede no Reino Unido que precisa fornecer 1 GW de eletricidade continuamente por 25 anos:
1️. Solução a gás: Utilizando apenas uma termelétrica a gás, o custo seria aproximadamente £76/MWh.
2️. Adicionando 1 GW de energia solar: Isso atenderia cerca de 16% da demanda, reduzindo o custo total para £70/MWh. A economia no uso de gás compensaria o investimento inicial na energia solar.
3️. Com 2 GW de solar: A energia solar atenderia 26% da eletricidade, e o custo cairia para cerca de £67/MWh.
4️. Expandindo para 6 GW de solar: Mesmo com 37% da energia gerada por solar, o custo total do sistema permaneceria competitivo com a solução puramente a gás, embora parte da geração solar fosse desperdiçada por falta de armazenamento.
5️. Adicionando baterias: Com 6,5 GW de solar e uma bateria de 12 GWh, seria possível armazenar o excedente de energia solar para uso noturno. Essa combinação forneceria 72% da eletricidade necessária, mantendo o custo igual ao de uma rede movida 100% a gás.
Conclui-se que operar uma rede com uma solução solar+bateria, garantindo 72% de participação renovável e com backup completo a gás, não é mais caro do que depender apenas do gás. Além disso, uma rede diversificada e limpa não só reduz emissões, como aumenta a segurança energética.
Vale destacar que esses cálculos são conservadores. A energia eólica, por exemplo, poderia complementar a solar durante a noite. E, apesar de o Reino Unido não ser famoso pelo sol abundante, os custos das tecnologias solares e de baterias continuam a cair. E ainda precisa se computar a valoração dos créditos de carbono.
Este artigo foi inspirado em um trabalho do especialista australiano Gavin Mooney.





























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