Estudos comprovam a boa qualidade da água do rio Xingu na região de Belo Monte
- EnergyChannel Brasil

- 27 de ago.
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Análises contínuas, com mais de 85 mil amostras coletadas, atestam a qualidade da água com a estabilização dos reservatórios da usina

Um dos mais abrangentes programas de monitoramento de recursos hídricos da Amazônia atesta a manutenção da boa qualidade da água na região do Médio Xingu desde a implantação da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Sudoeste do Pará. Após 14 anos de análises contínuas, que abrangem os períodos anterior, durante e posterior à formação dos reservatórios, os estudos conduzidos pela Norte Energia, concessionária da usina, confirmam que o rio mantém a sua classificação como Classe 2. Isso significa que a água do Médio Xingu, na área de influência da usina, permanece própria para múltiplos usos, como o abastecimento doméstico após tratamento convencional, proteção das comunidades aquáticas, recreações como natação e mergulho, irrigação de hortaliças e frutíferas, e a criação de espécies destinadas à alimentação humana.

A classificação é realizada pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), sob coordenação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), e indica um ecossistema hídrico saudável e estabilizado. Este resultado reforça que a operação da Usina Belo Monte ocorre em harmonia com a preservação ambiental da região.

Especialista em ecologia e limnologia – ciência que estuda rios, lagos, represas e córregos, observando a água, os peixes, plantas e outros organismos que vivem nesses ambientes e como esses ecossistemas funcionam –, com ênfase em gerenciamento e recuperação de ecossistemas aquáticos, José Galizia Tundisi, coordenador técnico do monitoramento e referência internacional na área, explica que a extensão do programa realizado em Belo Monte é um dos diferenciais da empresa. “Não há muitos reservatórios no Brasil com 14 anos de monitoramento contínuo, com essa abrangência espacial, temporal e de parâmetros analisados. O que vemos no Médio Xingu é um exemplo de excelência científica e de compromisso com a preservação ambiental, com resultados consistentes que atestam a boa qualidade da água e a saúde do ecossistema”.

Desde o início do programa até o momento, a Norte Energia realiza um amplo trabalho de coleta de dados, totalizando mais de 85.000 amostras de água superficial para análises físico-químicas e bacteriológicas. São 53 pontos monitorados de uma vasta área da região, que cobre desde a montante do Reservatório Xingu até a jusante de Belo Monte (na direção do fluxo do rio, após a usina), incluindo o Canal de Derivação, o Reservatório Intermediário, a Volta Grande do Xingu e a foz de afluentes importantes, como o rio Bacajá.
“A qualidade da água reflete a forma como a bacia é gerida. Em Belo Monte, a preservação das matas no entorno dos reservatórios e o rigor científico do monitoramento mostram que, quando você preserva a bacia, você preserva a qualidade da água dos rios”, destaca o professor.
Inclusão das comunidades
Parte das coletas de campo são realizadas em conjunto com representantes das comunidades locais, através do Plano de Monitoramento Participativo. O plano foi criado em 2020 de forma a possibilitar a interação entre o monitoramento da qualidade da água e as comunidades ribeirinhas da área de influência da Usina Belo Monte. Atualmente, sete comunidades localizadas ao longo da Volta Grande do Xingu — Ressaca, Ilha da Fazenda, Rio das Pedras, Maranhenses, Jericoá, Belo Monte e Gleba Itatá – estão envolvidas no projeto.
Moradora da Comunidade Maranhense, Josimary Abreu Nunes participa das ações e se sente segura com os resultados do monitoramento. “Depois de ter visto os laudos, fico sim mais confiante. Como está tudo dentro da normalidade, então, dá uma certa segurança. Isso porque você também está vendo o que está acontecendo, como está sendo feito”, conta.
Para Josimar Balão Rodrigues, da Comunidade Jericoá, o mais importante é saber que o rio segue saudável. “Para mim está sendo ótimo, porque nós passamos a ter conhecimento do que está acontecendo na nossa região, porque a água é vida para nós. Participando (do monitoramento) sabemos como é que está o movimento da água, se está com oxigênio normal para os peixes. A empresa explica bem isso para nós e eu passo tudo para a comunidade. Então, a comunidade se agrada, porque nós sabemos o que bebemos, o que consumimos e nossos peixes não vão sumir. É a maior alegria, porque eu nasci aqui na beira do rio. A vida nossa é esse rio e eu fico feliz porque tem vida no Xingu. É maravilhoso ele ter vida”, ressalta Josimar.
Monitoramento contínuo
Para o gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia, Roberto Silva, os resultados refletem o rigor técnico do programa e a efetividade das ações ambientais implementadas. "O monitoramento contínuo é a base de uma gestão ambiental de qualidade dos recursos hídricos. O conjunto de dados, coletado ao longo de 14 anos, é a principal evidência do nosso compromisso com a região e com os requisitos do licenciamento, nos permitindo afirmar com base científica que, em geral, o ecossistema aquático da região da Usina se mantém saudável e que os reservatórios estão estabilizados. É um trabalho que garante a preservação ambiental e a segurança hídrica para as comunidades e para a biodiversidade local", destaca.
O programa também se estende às águas subterrâneas. Foram realizadas mais de 10.600 medições dos níveis de água em 107 poços e cacimbas, além da coleta de mais de 2.500 amostras para monitoramento de sua qualidade. Este banco de dados tem sido fundamental para o acompanhamento das condições hidrológicas, permitindo a identificação de tendências e o cumprimento das metas ambientais, além de comprovar a manutenção da qualidade da água com a implantação da usina.
Estudos comprovam a boa qualidade da água do rio Xingu na região de Belo Monte





























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