Congresso acelera debates sobre MP 1304 e futuro do gás da União
- EnergyChannel Brasil

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A Comissão Mista que analisa a Medida Provisória 1304/2025 se reúne nesta terça-feira (28/10) para iniciar a discussão do relatório final do senador Eduardo Braga (MDB/AM), em um momento crítico: a MP perde validade em 7 de novembro caso não seja convertida em lei. O foco das atenções vai além da reforma do setor elétrico, abrangendo também os contornos do leilão do gás da União.

Nos últimos dias, Braga sinalizou que pretende ampliar os trechos relacionados ao setor de gás natural, reforçando a destinação do gás da União como matéria-prima estratégica para fertilizantes – tema que ainda está sob avaliação do Ministério de Minas e Energia (MME) e do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), mas não constava no texto original da MP.
O leilão do gás da União virou ponto de disputa política e econômica. A MP chegou a contemplar um acordo com a Petrobras sobre regulação das tarifas de acesso às infraestruturas de escoamento e processamento do gás, mas divergências internas da estatal e de seus parceiros bloquearam o avanço do modelo junto ao CNPE.
O Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) manifestou-se contrariamente à inclusão do tema gás na MP, defendendo que o debate se concentre em pautas do setor elétrico, como a ampliação do mercado livre para consumidores de baixa tensão e a criação do teto para a Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE). Ainda assim, há posições divergentes dentro do próprio Fase. A Abrace, representante de grandes clientes industriais, apoia o leilão do gás, mas com ajustes, incluindo a retirada da Petrobras como intermediária e maior autonomia do CNPE na definição de tarifas.
Outro ponto em debate é o futuro das contratações de térmicas a gás, originalmente previstas na lei de privatização da Eletrobras. O Ministério da Fazenda defende que novas contratações sejam subordinadas ao planejamento técnico e econômico do CNPE, medida que conta com apoio de parlamentares e de entidades de defesa dos consumidores de energia.
Enquanto a política nacional se movimenta, o mercado de petróleo reage a fatores globais. Na segunda-feira (27/10), o Brent para janeiro caiu 0,46%, para US$ 64,90 o barril, influenciado pela expectativa sobre a reunião do Federal Reserve e o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping.
No campo da inovação energética, o Brasil se prepara para lançar em novembro o decreto de regulamentação da captura e estocagem de carbono (CCS) e possivelmente o programa de incentivos a combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). Segundo Renato Dutra, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, a iniciativa precisa alinhar-se a normas internacionais para garantir eficiência e segurança regulatória.
A Petrobras estuda implantar um hub de CCS na Bacia do Paraná, com armazenamento em aquíferos salinos onshore, atendendo refinarias e usinas de etanol. Paralelamente, empresas privadas começam a avaliar investimentos em biometano e expansão do gás em transportes, reforçando a necessidade de planejamento integrado entre os setores elétrico e de gás.
No setor termelétrico, a Âmbar Energia adquiriu três unidades no Acre, totalizando 69,4 MW, enquanto estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) indica redução de 42% nos subsídios ao petróleo, gás e carvão em 2024, embora o incentivo a renováveis continue proporcionalmente significativo.
O cenário revela que a MP 1304 não é apenas uma pauta legislativa: é o epicentro de debates estratégicos sobre gás, energia elétrica e transição energética, em um momento em que decisões políticas e econômicas podem definir o futuro do setor nos próximos anos.
Congresso acelera debates sobre MP 1304 e futuro do gás da União






























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